Vida e morte sujam a urbe moralizada: latidos, mugidos, higienismo e os jornais diamantinenses (virada dos séculos XIX/XX)

Autores/as

  • Gustavo Leandro “Nassar” Gouvea Lopes Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM)

DOI:

https://doi.org/10.5752/P.2237-8871.2017v18n28p74

Palabras clave:

Animais não-humanos, Higienismo, História urbana, Moral.

Resumen

Analiso aqui qual intervenção o higienismo, advogado pela imprensa diamantinense da virada dos séculos XIX/XX, implicava a presença de animais não-humanos nessa cidade mineira. Um possível paradoxo se revela. Se de um lado, antevendo-se essa vida animal como imunda, o higienismo propunha torná-la alvo de práticas proscritivas até o limite do extermínio, de outro, a negativa higienista frente ao sangue derramado na cidade tendia a condenar essa matança, aparentemente redimindo moralmente essa vida. Qual denominador comum justifica esse impasse que condena ambos princípios da vida animal e da morte na cidade? Ciente de que seres humanos (mediante a prominência da imprensa) constroem suas relações amarrados às teias de significados que eles mesmos teceram, analiso o substrato comum a essas representações, aproximando-me das abordagens da Nova História Cultural. Tal foco, todavia, não deve prescindir de uma análise contextual das relações humananimais ontológicas, voltada à concretude dos animais não-humanos, a partir das suas intermediações materiais com seres humanos – empreendendo-se um trânsito crítico entre tais dimensões analíticas.


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Biografía del autor/a

Gustavo Leandro “Nassar” Gouvea Lopes, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM)

Mestre pelo Mestrado Profissional Interdisciplinar em Ciências Humanas pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Funcionário do Ministério da Fazenda – Receita Federal de Diamantina-MG.

Citas

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Publicado

2017-05-13

Cómo citar

LOPES, Gustavo Leandro “Nassar” Gouvea. Vida e morte sujam a urbe moralizada: latidos, mugidos, higienismo e os jornais diamantinenses (virada dos séculos XIX/XX). Cadernos de História, Belo Horizonte, v. 18, n. 28, p. 74–99, 2017. DOI: 10.5752/P.2237-8871.2017v18n28p74. Disponível em: https://periodicos.pucminas.br/cadernoshistoria/article/view/P.2237-8871.2017v18n28p74. Acesso em: 24 ago. 2025.

Número

Sección

Dossier - Artículos: Historia y ciudades