Tempos e contratempos da hegemonia:
Gramsci, Cox e as Relações Internacionais na prisão da Ciência Política
DOI :
https://doi.org/10.5752/P.1809-6182.2022v19n1p46-62Mots-clés :
Hegemonia, Revolução passiva, Desenvolvimento desigual e combinadoRésumé
O texto se propõe a responder sumariamente à seguinte questão: como contrapor sumariamente duas leituras sobre Gramsci no âmbito das Relações Internacionais, a saber, aquela confinada às abordagens tradicionais da Ciência Política e outra em termos de uma perspectiva mais ampla fora de tal confinamento? A hipótese aponta para uma relação bastante prolífica de abordagem da dinâmica histórica que concebe organicamente os planos nacional e internacional sob a associação das chaves analíticas das categorias de hegemonia e revolução passiva de Gramsci e de desenvolvimento desigual e combinado de Trotsky nas diferentes temporalidades da produção da vida por oposição ao aprisionamento de grande ênfase na Ciência Política em conformidade com os enfoques tradicionais das Relações Internacionais em registro homogêneo, coeso, sem diferentes velocidades no que diz respeito às dimensões da vida como um todo. Para dar conta do argumento, o objetivo do texto é demonstrar sumariamente que: a) a maior parte da literatura que tangencia a categoria gramsciana de hegemonia no plano internacional a desvincula do nexo orgânico entre filosofia, história e política ao situá-la nos referenciais tradicionais do campo disciplinar das Relações Internacionais na “prisão da Ciência Política”; b) o nexo orgânico entre nacional e internacional da categoria em pauta implica em significativo contratempo entre estes dois níveis sobre o alcance da transformação histórica, especialmente quando Gramsci refere às hegemonias plenas, completas; c) a articulação entre nacional e internacional do sentido recorrente de hegemonias incompletas como hipóteses de revoluções passivas pode ser enriquecido com o aporte da categoria de desenvolvimento desigual e combinado.
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