SEM PASSADO, SEM FUTURO
a representação das elites e a utopia possível em O desejo de kianda
Palavras-chave:
Literatura angolana, Pepetela, O desejo de Kianda, Guerra civil angolanaResumo
Partindo do pressuposto de que a Literatura se apresenta dentro de um modo de produção e, portanto, está invariavelmente conectada aos demais processos desse (Eagleton, 2011), o presente artigo pretende explorar as conexões entre o romance O desejo de Kianda, de Pepetela, e o contexto angolano de Guerra Civil. Para isso, leva-se em conta a conexão histórica que a Literatura angolana estabelece com sua história, sem deixar de considerar que essa forma de arte não copia o contexto externo, mas sim conjectura e problematiza ânsias e medos coletivos. Assim, destaca-se a representação das elites políticas e econômicas na obra em questão como crítica aos descaminhos do governo e à desconexão com a realidade da população, com a tradição, e também com a construção de um futuro melhor. Tendo como base o simbolismo da destruição da cidade de Luanda (Macêdo, 2006) e da união entre mais-velhos e crianças (Padilha, 2011), a análise de trechos da obra possibilita a leitura utópica da conexão entre Cassandra, Velho Kalumbo e Kianda em prol da reinvenção de Angola.
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