MORRER APÓS A PESTE (XIV)

a sociedade medieval entre os galopes dos cavaleiros, as garras dos demônios e as auréolas dos anjos

Auteurs-es

  • Guilherme César Tavares Melgaço Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Mots-clés :

Imaginários, Medievo, Morrer, Morte, Peste Bubônica

Résumé

O estudo dos imaginários propõe-se a ser inserido na longa duração. As percepções sobre a morte sofreram muitas mudanças ao longo do tempo, mas também é permeada por permanências, e a principal delas, para os cristãos medievais, parece ser a Salvação. O objetivo deste texto é discorrer sobre como se deu a formação de um imaginário difuso com a realidade material e repleto de significados e interesses de aproximar a Morte com o cotidiano nas várias esferas dessa sociedade. Para tanto, pensamos em trabalhar todo o momento de vida, a morte e o pós morte através da expressão O Morrer, que designará as atitudes desempenhadas pelos fiéis em consonância com os dogmas da Igreja Cristã do ocidente. Utilizando-se de pressupostos metodológicos de Evelyne Patlagean, Bronislaw Baczko e Jacques Le Goff, associa-se às ideias de Além e Escatologia / Milenarismo como também à questão das Imagens para desenvolver essa proposta, ancorada principalmente em Le Goff, Huizinga, Ariès, Michel Lauwers, Delumeau e Alain Boureau. Além de imagens, utiliza-se como fonte primária principal as Ars Moriendi de 1466, como forma de compreender o imaginário religioso da Salvação. Aponta-se que o Morrer é um processo repleto de matizes e que dificilmente podem ser desassociados da díade real-imaginário, representado pelo tríptico Vida - Morte - Além, se tratando, por fim, da Esperança da Salvação; do topos ou ponto futuro.

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Biographie de l'auteur-e

Guilherme César Tavares Melgaço, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Graduado em História pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas).

Références

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Publié-e

2023-07-13

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Artigos dossiê temático