COM AS ARMAS DE HIGEIA

rituais de cura e o conhecimento médico das mulheres na Grécia Antiga

Autores

  • João Vinícius Gondim Feitosa Universidade Federal de Pernambuco

Palavras-chave:

Conhecimento médico das mulheres, Higeia, Rituais de cura

Resumo

A Grécia dos séculos V e IV a.C. presencia um grande aumento de popularidade do culto de Asclépio, deus da cura. Ao lado desse deus, chama a atenção a presença recorrente de sua filha Higeia, deusa da saúde. A presença de Higeia suscita a dúvida de qual seria o papel das mulheres nesses cultos. As fontes antigas fazem menção a um conhecimento médico das mulheres. Traço, então, um breve levantamento de como esse conhecimento foi abordado pela historiografia, bem como da ideia de corpo feminino e os tabus que o envolviam, possibilitando a criação de um espaço de atuação para a médica (mulher). Acredito que a imagem da deusa Higeia, de forma paradigmática, poderia ter sintetizado essa demanda feminina, nos dando pistas de como as mulheres puderam agenciar essa iconografia e se fizeram presentes nos cultos de cura, praticando a medicina e efetivamente curando outras mulheres.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

João Vinícius Gondim Feitosa, Universidade Federal de Pernambuco

Doutorando em História pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Referências

Documentação escrita

ARISTIDES, Elio. Discursos. Tomo 5. Introdução, tradução e notas de Juan Manuel Cortés Copete. Madri: Editorial Gredos, 1999.

EURÍPEDES. Hipólito. In: SILVA, Fernando Crespim Zorrer da. Os caminhos da paixão em Hipólito de Eurípides. Orientador: José Antonio Alves Torrano. 2007. Tese (Doutorado em Letras) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas de São Paulo, São Paulo, 2007. p. 224-285.

KIRCHER, Johannes (ed.). Inscriptiones Graecae II et III: Inscriptiones Atticae Euclidis anno posteriors. 2 ed., partes I-III. Berlin: Reimer, 1913-1940.

LIDDELL, Henry G.; SCOTT, Robert; JONES, Henry S. Liddell, Scott, Jones Ancient Greek Lexicon. Disponível em: https://lsj.gr/wiki/Main_Page. Acesso em: 22 jun. 2022.

PAUSÂNIAS. Descrição da Grécia. Livro 2. Introdução, tradução e notas de Maria de Fátima da Silva. Coimbra: Imprensa Universitária de Coimbra, 2022.

PLATÃO. O banquete. Texto grego John Burnet; tradução Carlos Alberto Nunes; editor convidado Plinio Martins Filho; coordenação Benedito Nunes e Victor Sales Pinheiro. 3 ed. Belém: ED. UFPA, 2011.

PLATÃO. Teeteto e Crátilo. Tradução de Carlos Alberto Nunes. Belém: Universidade Federal do Pará, 1988.

PLATO. The republic. Tradução inglesa de Paul Shorey. Volume 1. Cambridge; Massachusetts: Harvard University Press; William Heinemann Ltd., 1937.

VON GAERTRINGEN, Friedrich Hiller (ed.). Inscriptiones Graecae IV: InscriptionesArgolidis. 2 fasc., parte 1. Berlin: Reimer, 1929.

Bibliografia

ANDRADE, Marta Mega de. Palavra de Mulher: sobre a “voz das mulheres” e a história grega antiga. Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 40, n. 84, p. 119-140, 2020.

ANICETO, Bárbara Alexandre. O que Aristófanes e Hipócrates têm a nos dizer sobre a sabedoria feminina antiga. Mythos: Revista de História Antiga e Medieval, Imperatriz, ano V, n. 2, p. 97-121, jun. 2021.

BANDEIRA, Lennyse Teixeira. Mulheres e magia: os rituais de consulta aos mortos na Grécia Antiga. Mythos: Revista de História Antiga e Medieval, Imperatriz, ano 6, n. 1, p. 231-244, mar. 2022.

BERNAL, Martin. A imagem da Grécia antiga como uma ferramenta para o colonialismo e para a hegemonia europeia. In: FUNARI, Pedro Paulo (org.). Repensando o mundo antigo: textos didáticos. Campinas: IFCH/UNICAMP, 2005, p.13-31.

DEAN-JONES, Lesley. The cultural construct of the female body in Classical Greek science. In: POMEROY, Sarah B. Women’s history and Ancient History. Chapel Hill; Londres: The University of North Carolina Press, 1991, p. 111-137.

EDELSTEIN, Emma J.; EDELSTEIN, Ludwig. Asclepius: a collection and interpretation of the testimonies. v. 2. Baltimore: The John Hopkins press, 1945.

FEITOSA, João Vinícius Gondim. Sonho e cura: o culto de Asclépio em Epidauro entre os séculos IV e II a. C. 2014. Dissertação (Mestrado em História). – Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2014.

FEITOSA, Lourdes Conde; FUNARI, Pedro Paulo. Editorial: Protagonismo feminino. Mythos: Revista de História Antiga e Medieval. Imperatriz, ano 5, n. 2, p. 8-19, 2021.

FLEMMING, Rebecca. Women, writing and medicine in the Classical World. The Classical Quarterly. Cambridge, v. 57, n. 1, p. 257-279, 2007.

IRVING, Jennifer C. The greek epigraphic evidence for healer women in the Greek World. Orientador: Ian Plant. 2015. 307 p. Tese (Doutorado) – Macquarie University, Sidney, 2015.

KING, Helen. Self-help, self-knowledge: in search of the patient in Hippocratic gynaecology. In: HAWLEY, Richard; LEVICK, Barbara. Women in Antiquity: New assessments. Londres; Nora Iorque: Routledge, 1995, p. 135-148.

KING, Helen. Hippocrates’ woman: Reading the female body in Ancient Greece. Londres; Nova Iorque: Routledge, 1998.

LAWTON, Carol L. Children in Classical Attic votive reliefs. Hesperia Supplements. Princeton, v. 41, p. 41-60, 2007.

LECHAT, Henri. Hygieia. In: DAREMBERG, C.; SAGLIO, E. Dictionnaire des antiquités grecques et romaines d’après les textes et les monuments. Tomo 3, 1. Paris: Librairie Hachette, 1900, p. 321-332.

MELFI, Milena. I santuari di Asclepio in Grecia. Volume 1. Roma: “L’Erma” di Bretschneider, 2007.

MELFI, Milena. Lost sculptures from the Asklepieion of Lebena. Creta Antica. Catânia, v. 10, n. 2, p. 607-618, 2009.

MYLONOPOULOS, Ioannis. Asklepios. In: BAGNALL, R. et al. The encyclopedia of Ancient History. Hoboken: Blackwell Publishing Ltd., 2013, p. 832-834.

NUTTON, Vivian. Healers and the healing act in Classical Greece. European Review. Cambridge, v. 7, n. 1, p. 27-35, 1999.

OLIVEIRA, Daniela. Gênero e classe: as mulheres na enfermagem. In: Contraponto digital, 23 mar. 2021. Disponível em: https://bit.ly/3OjJSpP. Acesso em: 14 jun. 2022.

OLMOS, Ricardo. Eileithyia. In: Lexicon Iconographicum Mythologiae Classicae (LIMC). V. 3, n. 1 e n. 2. Munique; Zurique: Artemis Verlag, 1986.

PADEL, Ruth. Women: model for possession by Greek daemons. In: CAMERON, Averil;
KUHRT, Amélie. Images of Women in Antiquity. Londres: Routledge, 1993, p. 3-19.

PARKER, Holt N. Galen and the girls: sources for women medical writers revisited. The Classical Quarterly. Cambridge, v. 62, n. 1, 2012a, p. 359-386.

PARKER, Holt N. Women and medicine. In: JAMES, Sharon L.; DILLON, Sheila. A companion to women in the Ancient World. Hoboken: Blackwell Publishing Ltd., 2012b, p. 107-126.

PARKER, Holt N. Women Doctors in Greece, Rome and the Byzantine Empire. In: FURST, Lilian R. Women Healers and Physicians: Climbing a Long Hill. Kentucky: University Press of Kentucky, 1997, p. 131-150.

POMEROY, Sarah B. Plato and the female physician (Republic 454d2). The American Journal of Philology. Baltimore, v. 99, n. 4, 1978, p. 496-500.

RIBEIRO JR., Wilson Alves. A ausência de doença e o conceito de saúde entre os gregos antigos. In: PEIXOTO, M. C. D.; CORNELLI, G. Saúde do Homem e da cidade na Antiguidade Greco-Romana. Belo Horizonte e Brasília: UFMG e UNB, 2007. texto 33.

RIBEIRO JR., Wilson Alves. Hipócrates de Cós. In: CAIRUS, H. F.; RIBEIRO JR., W. A. Textos hipocráticos: o doente, o médico e a doença. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2005, p. 11-24. Disponível em: https://bit.ly/3u5flnM. Acesso: 27 jun. 2022.

THE METROPOLITAN MUSEUMOFART. Relevo votivo do século V a.C. Nova Iorque, s/d. Relevo. Número de inventário: 24.97.92. Disponível em: https://bit.ly/3Ns55Nh. Acesso: 22 jun. 2022.

RUFINO, Eduardo de Almeida. Iámata kaì metanoia: doença, cura e espiritualidade nas inscriptiones epidauri. Dissertação (Mestrado em Ciências das Religiões). – Centro de Educação, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2019.

SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade. Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 71-99, 1995.

SILVA, Uiran Gebara da. Outra história global é possível? Desocidentalizando a história da historiografia e a história antiga. Esboços: Histórias em contextos globais. Florianópolis, v. 26, n. 43, p. 473-485, 2019.

SILVEIRA, Aline Dias da. História Global da Idade Média: estudos e propostas epistemológicas. Roda da Fortuna: Revista eletrônica sobre Antiguidade e Medievo, v. 8, n. 2, p. 210-236, 2019.

SILVESTRI, Filomena. Una divinidad poco estudiada: Hygíeia. Testimonios epigráficos y culto en la Atenas clásica. Antesteria, Madri, n. 8, 2019, p. 27 – 38.

STAFFORD, Emma J. Brother, Son, Friend and Healer: Sleep the God. In: WIEDEMANN, Thomas; DOWDEN, Ken. Sleep. Bari: Levante Editori, 2003, p. 71 – 106.

STAFFORD, Emma J. Greek cults of deified abstractions. Departamento de grego e latim, University College London, Londres, 1998.
TAMBORINO, Julius. Hygieia. In: PAULY-WISSOWA. Realencyclopädie der classischen Altertumswissenschaft. v. 9, 1 (Colunas: 93-97). Stuttgart: J. B. Metzlersche Buchhandlung, 1914.

TONINI, Teresa Alfieri. Il culto di Igea nelle iscrizioni greche. Lanx. Milão, n. 10, p. 37-46, 2011.

Downloads

Publicado

2023-07-13

Edição

Seção

Artigos dossiê temático