THOREAU E A ATUALIDADE DA DESOBEDIÊNCIA CIVIL

Autores

  • MARIO MIRANDA ANTONIO JUNIOR Universidade Federal do ABC

Palavras-chave:

Abolicionismo, Desobediência Civil, Imperialismo

Resumo

David H. Thoreau faleceu em maio de 1862. Os Estados Unidos estavam no segundo ano da Guerra de Secessão. Ele não viveu o suficiente para ver o que David Griffith chamaria no século XX, de O nascimento de uma nação (1915);[1] isto é, a potência econômica e militar hegemônica no continente, unificada em torno do capitalismo industrial e imperialista. Com o fim da guerra civil, a abolição e a industrialização, a expansão das ferrovias e a conquista do oeste e do sul, ampliando sua extensão territorial, o país avança até se consolidar após a Grande Guerra como potência militar e industrial, estabelecido nas bases do capital imperialista e da “Doutrina Monroe” e do “Destino Manifesto”. A obra do filósofo pacifista, libertário e naturalista, porém, servirá como inspiração contra o imperialismo, o colonialismo, o militarismo e o autoritarismo no século XX e até os dias atuais. Assim, a partir do método materialista histórico, o artigo que segue busca desvelar o contexto histórico em que “A desobediência civil” foi concebida, destacando a sua relevância como forma de resistência ao arbítrio e a opressão no âmbito do capital imperialismo.

 

[1]O nascimento de uma nação é um filme estadunidense lançado em 1915, que conta a história dos Estados Unidos a partir da Guerra de Secessão. O filme retrata os desdobramentos do conflito e a cisão do país sob o ponto de vista de duas famílias, uma do Norte e outra do Sul, divididas pela guerra. A estória se divide em duas partes, antes do assassinato do presidente Lincoln e após ele. A alusão ao “nascimento de uma nação”, sustenta a narrativa épica de que os Estados Unidos constituem-se como nação, definitivamente, apenas após a guerra de secessão que aboliu a escravidão, unificando o país como potência industrial e militar capitalista no continete. Se trata, no entanto, de uma película que constrói uma visão extremamente racista dos acontecimentos, atribuindo aos negros escravizados a responsabilidade pela cisão do país, retratando-os de forma maliciosa, caricata e grotesca. Insinuando que a abolição do modo como se deu foi um erro, pois, os negros seriam limitados e  incapazes de integrar-se à sociedade. Por fim, retrata o surgimento da Ku Klux Klan de forma heróica, como os guerreiros redentores da raça branca.

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Biografia do Autor

MARIO MIRANDA ANTONIO JUNIOR, Universidade Federal do ABC

Sociólogo (FESPSP), mestre em Serviço Social e Políticas Sociais (Unifesp), doutorando em Economia Política Mundial pela Universidade Federal do ABC (UFABC).

Referências

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Filmes

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GLORY. Direção de Edward Zwick. Produzido por TriStar Pictures e Freddie Fields Productions. Estados Unidos. Distribuição: Imagens TriStar, 1989. Disponível na Netflix.

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Publicado

2024-08-01