Movimentos populares do campo do Brasil: desobediência decolonial e agroecologia para novas economias

  • Gabriela Consolaro Nabozny
Palavras-chave: colonialidade. movimentos populares. agroecologia.

Resumo

O presente artigo se ampara em bibliografia, sobretudo latino-americana, para analisar os movimentos populares do campo no Brasil como instrumentos de novas economias, a partir da desobediência decolonial e da agroecologia. Com base nos conceitos de modernidade e colonialidade, entende-se a construção social capitalista em perspectiva neoliberal como expressão de uma subjetividade econômica com características próprias, ameaçadoras à livre e crítica organização popular, bem como às formas de produção que representam contradição à lógica dominadora. Assim, compreende-se que os movimentos de caráter popular formados a partir de anseios de libertação são produtores de novas economias, pois desobedecem a uma estrutura de controle manifesta pela colonialidade e, ainda mais quando amparados no campesinato, indicam maneiras de trabalhar, produzir, relacionar e comercializar que representam concepções econômicas voltadas ao cuidado integral da vida.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ACOSTA, Alberto. O bem viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos. Tradução de Tadeu Breda. São Paulo: Autonomia Literária; Elefante, 2016.

ACOSTA, Alberto; BRAND, Ulrich. Pós-extrativismo e decrescimento: saídas do labirinto capitalista. São Paulo: Elefante, 2018.

ALIER, Joan Martinez. Ecologismo dos pobres. São Paulo: Contexto, 2007.

AQUINO JUNIOR, Francisco de; ABDALLA, Maurício; SÁVIO, Robson (org.). Papa Francisco com os movimentos populares. São Paulo: Paulinas, 2018.

BALLESTRIN, Luciana. América Latina e o giro decolonial. Revista Brasileira de Ciência Política, [S.L.], n. 11, p. 89-117, ago. 2013. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0103-33522013000200004.

BOSSETTI, Cleber José. O camponês no olhar sociológico: de fadado ao desaparecimento à alternativa ao capitalismo. In: STEDILE, João Pedro (org.). A questão agrária do Brasil: interpretações sobre o camponês e o campesinato. São Paulo: Outras Expressões, 2016. p. 127-152.

BRASILEIRO, Eduardo (org.). Realmar a economia: a economia de Francisco e Clara. São Paulo: Paulus, 2023.

CARVALHO, Horácio Martins de. As lutas sociais no campo: modelos de produção em confronto. In: CALDART, Roseli Salete; ALENTEJANO, Paulo (orgs.). MST universidade e pesquisa. São Paulo: Expressão Popular, 2014. p. 17-38.

CÉSAIRE, Aimé. Discurso sobre o colonialismo. Tradução de Anísio Garcez Homem. Florianópolis: Letras Contemporâneas

CHAUÍ, Marilena. Brasil: mito fundador e sociedade autoritária. São Paulo: Editora Fundação Perceu Abramo, 2013.

COMISSÃO PASTORAL DA TERRA. Conflitos no campo: Brasil 2021. Goiânia: Centro de Documentação Dom Tomás Balduino, 2021.

DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian. A Nova Razão do Mundo: Ensaio sobre a sociedade neoliberal. São Paulo: Editora Boitempo, 2009.

DIAS, Alexandre Pessoa (et al). Dicionário de Agroecologia e Educação. São Paulo: Expressão Popular, 2021.

DUSSEL, Enrique. Filosofia da Libertação na América Latina. São Paulo: Edições Loyola, 1977.

EVARISTO, Conceição. Olhos d’água. Rio de Janeiro: Pallas, 2014.

FANON, Frantz. Os condenados da Terra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.

FERNANDES, Bernardo Mançano. A formação do MST no Brasil. Petrópolis: Vozes, 2000.

FRANCISCO, Papa. Laudato Si’. São Paulo: Paulus Editora, 2015.

GALEANO, Eduardo. As veias abertas da América Latina. Tradução de Galeno de Freitas. 39 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.

GUDYNAS, Eduardo. Direitos da natureza: ética biocêntrica e políticas ambientais. Tradução por Igor Ojeda. São Paulo: Elefante, 2019.

HAESBAERT, Rogério. DO CORPO-TERRITÓRIO AO TERRITÓRIO-CORPO (DA TERRA): contribuições decoloniais. Geographia, Niterói, v. 22, n. 48, p. 75-90, 2020.

HAESBAERT, Rogério. O mito da desterritorialização: do “fim dos territórios” à multiterritorialidade. 8 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2014.

KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

LOPES DE SOUZA, Marcelo. Ambientes e territórios: uma introdução à ecologia política. 1 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2019.

LOURENÇO, Daniel Braga. Qual o valor da natureza? Uma introdução à ética ambiental. São Paulo: Elefante, 2019.

LUTZENBERGER, José. Crítica ecológica do pensamento econômico. Porto Alegre: L&M, 2012.

MIGNOLO, Walter D. COLONIALIDADE: o lado mais escuro da modernidade. Revista Brasileira de Ciências Sociais, [S.L.], v. 32, n. 94, p. 01, 2017. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.17666/329402/2017.

NABOZNY, Gabriela Consolaro. Fissura ao Neoliberalismo: A organização territorial para a emancipação decolonial. In: Anais do III Decolonialidade e direitos humanos na América Latina, de 30 de setembro a 1 de outubro de 2021 (2:2021:Pelotas, RS) [recurso eletrônico] / organizador por César Augusto Costa; Emília Piñeiro; Márcia Rodrigues Bertoldi; Renato Duro Dias. – Pelotas: UCPEL/UFPEL/FURG, 2021, p. 82-91.

NABOZNY, Gabriela Consolaro; VERAS NETO, Francisco Quintanilha. Consumidores falhos e alvos fáceis: a correlação entre a subclasse consumidora e a criminalização da pobreza. Revista Latino-Americana de Criminologia, [S. l.], v. 1, n. 2, p. 68–86, 2021. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/relac/article/view/39332. Acesso em: 7 mai. 2022.

NASCIMENTO, Abdias. O genocídio do negro brasileiro. São Paulo: Perspectivas, 2016.

PAZELLO, Ricardo Prestes. A produção da vida e o poder dual do pluralismo jurídico insurgente: ensaio para uma teoria de libertação dos movimentos populares no choro-canção latinoamericano. 2010. 545 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Curso de Pós-Graduação em Direito, Mestrado em Filosofia e Teoria do Direito, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2010.
PINZANI, Alessandro. Uma vida boa é uma vida responsável: o neoliberalismo como doutrina ética. In: RAJOBAC, Raimundo; BOMBASSARO, Luiz Carlos; GEORGEN, Pedro. (Org.). Experiência formativa e reflexão. 1ed. Caxias do Sul: Educs, 2016.

PRIMAVESI, Ana Maria. Fundamentos de Agroecologia. 2001. Disponível em: https://anamariaprimavesi.com.br/2020/01/17/fundamentos-de-agroecologia/. Acesso em: 09 jun. 2022.

QUIJANO, Anibal. Colonialidade do Poder e Classificação Social. In: SANTOS, Boaventura de Souza; MENEZES, Maria Paula (Org.). Epistemologias do Sul. Coimbra, Portugal: Cortez Editora, 2010. p. 84 - 130.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Para além do Pensamento Abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. In: SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula (org.). Epistemologias do Sul. Coimbra: Ces, 2009. p. 23-72.

SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 6 ed. Rio de Janeiro: Record, 2001.

SASSE, Saskia. Expulsões: brutalidade e complexidade na economia global. Rio de Janeiro, São Paulo: Paz e Terra, 2016.

SOLÓN, Pablo (org.). Alternativas sistêmicas: bem viver, decrescimento, comuns, ecofeminismo, direitos da mãe terra e desglobalização. Tradução de João Peres. São Paulo: Elefante, 2019.

SVAMPA, Maristella. As fronteiras do neoextrativismo na América Latina: conflitos socioambientais, giro ecoterritorial e novas dependências. São Paulo: Elefante, 2019.

VELOSO, Caetano. Sampa. Muito Dentro da Estrela Azulada. Manaus: Philips, 1978. 1 CD (44:50)

ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Colonização punitiva e totalitarismo financeiro: a criminologia do ser-aqui. Rio de Janeiro: Da Vinci Livros, 2021.
Publicado
13-12-2023