Movimentos populares do campo do Brasil: desobediência decolonial e agroecologia para novas economias
Resumo
O presente artigo se ampara em bibliografia, sobretudo latino-americana, para analisar os movimentos populares do campo no Brasil como instrumentos de novas economias, a partir da desobediência decolonial e da agroecologia. Com base nos conceitos de modernidade e colonialidade, entende-se a construção social capitalista em perspectiva neoliberal como expressão de uma subjetividade econômica com características próprias, ameaçadoras à livre e crítica organização popular, bem como às formas de produção que representam contradição à lógica dominadora. Assim, compreende-se que os movimentos de caráter popular formados a partir de anseios de libertação são produtores de novas economias, pois desobedecem a uma estrutura de controle manifesta pela colonialidade e, ainda mais quando amparados no campesinato, indicam maneiras de trabalhar, produzir, relacionar e comercializar que representam concepções econômicas voltadas ao cuidado integral da vida.
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