PROCURAR O FANTÁSTICO PARA ENCONTRAR O REAL

dilemas literários na modernidade

  • Roney Marcos Pavani Universidade Federal do Espírito Santo
Palavras-chave: Literatura, Fonte histórica, Realismo, Modernidade, Fantástico

Resumo

O presente artigo se divide em duas grandes partes: na primeira delas, buscamos analisar a literatura enquanto fenômeno humano, e defini-la a partir de teóricos como Eagleton, Culler e Compagnon. Além disso, partimos do princípio de que ela, enquanto arte, pode se constituir em uma forma de conhecimento da realidade, em geral (Lukács, Goldman, Candido), e da realidade histórica, em particular (LaCapra e Ferreira), embora não de forma simples e cristalina. Na segunda parte, discutimos as dificuldades do chamado realismo, enquanto movimento literário que almeja retratar o real tal qual ele é (Jakobson e Jablonka), bem como do agravamento desse problema na virada do século XIX para o XX. As mudanças advindas com as novas descobertas na área da ciência e da tecnologia, assim como o impacto da Primeira Guerra Mundial e das demais catástrofes que a seguiram, legaram a intelectuais a ideia de que a realidade é absolutamente inverossímil e, por isso, intransmissível (Benjamin). Logo, para transmitir o real e, ao mesmo tempo, ser persuasivo (White), foi necessário a muitos literatos abraçar o gênero fantástico, a exemplo do inglês J. R. R. Tolkien (1892-1973), considerado o criador da ficção fantástica moderna.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Roney Marcos Pavani, Universidade Federal do Espírito Santo

Professor licenciado do IFES – Nova Venécia. Mestre e doutorando em História (UFES), sob orientação do Prof. Dr. Julio Bentivoglio. Membro do Laboratório de Estudos em Teoria da História e História da Historiografia da UFES (LETHIS/UFES) e membro do Grupo de Estudos em História e Literatura da PUC-MG (GEHISLIT/PUC-MG).

Referências

ARARIPE, Luís de Alencar. Primeira Guerra Mundial. In: MAGNOLI, Demétrio. História das Guerras. São Paulo: Contexto, 2006.

BARROS, José D’Assunção. História e literatura – novas relações para os novos tempos. Contemporâneos – Revista de Artes e Humanidades, São Paulo, n. 6, p. 1-27, outubro, 2010.

BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas. v. 1. Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1995.

BORGES, Valdeci Rezende. História e Literatura: algumas considerações. Revista de Teoria da História, Goiânia, n. 3, p. 94-109, junho, 2010.

BRAVEHEART. Direção: Mel Gibson. Produção de Mel Gibson, Alan Ladd, Jr., Bruce Davey e Stephen McEveety. Estados Unidos: Paramount e 20th Century Fox, 1995. 1 DVD.

BURKE, Peter. A Escola dos Annales (1929-1989): A Revolução Francesa da Historiografia. São Paulo: Unesp 1997.

CANDIDO, Antônio. Literatura e Sociedade. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006.

CANDIDO, Antônio. O direito à literatura. In: CANDIDO, Antônio. Vários escritos. 4. ed. São Paulo/Rio de Janeiro: Duas Cidades/Ouro Sobre Azul, p. 169-191, 2004.

CEVASCO, Maria Elisa; SIQUEIRA, Valter Lellis. Rumos da literatura inglesa. 2. ed. São Paulo: Ática, 1985.

CHALTON, Nicola & MACARDLE, Meredith. A história do século 20 para quem tem pressa: Tudo sobre os 100 anos que mudaram a humanidade em 200 páginas! Rio de Janeiro: Valentina, 2007.

COMPAGNON, Antoine. O demônio da teoria: literatura e senso comum. Belo Horizonte: UFMG, 2014.

CULLER, Jonathan. Teoria literária: uma introdução. São Paulo: Beca Produções Culturais, 1999.

EAGLETON, Terry. Teoria da Literatura: uma introdução. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

FERREIRA, Antônio Celso. A fonte fecunda. In: PINSKY, Carla Bassanezi & LUCA, Tânia Regina de (orgs.). O historiador e suas fontes. São Paulo: Contexto, 2009.

GARTH, J. Tolkien e a Grande Guerra: o limiar da Terra-média. Rio de Janeiro: Harper Collins, 2022.

GOLDMAN, Lucien. Dialética e Cultura. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967.

GRECCO, Gabriela de Lima. História e literatura: entre narrativas literárias e históricas, uma análise através do conceito de representação. Revista Brasileira de História e Ciências Sociais, Rio Grande, n. 11, p. 39-53, julho, 2014.

HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: O breve século XX (1917-1991). São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

JABLONKA, Ivan. O terceiro continente. ArtCultura, Uberlândia, n. 35, p. 9-17, dezembro, 2017.

JAKOBSON, Roman. Do realismo artístico. In: TODOROV, Tzvetan. Teoria do romance. São Paulo: Editora 34, 2010.

LACAPRA, Dominick. História e Romance. Revista de História, Campinas, IFCH-Unicamp, n. 2-3, p. 107-124, dezembro, 1991.

LUKÁCS, Georg. A teoria do romance: um ensaio histórico-filosófico sobre as formas da grande épica. 2. ed. São Paulo: Duas Cidades; Editora 34, 2009.

MICHELI, Mario de. Las vanguardias artísticas del siglo XX. Madrid: Alianza Editorial, 2012.

NARRADORES DE JAVÉ. Direção: Eliane Caffé. Produção de Bananeira Filmes, Gullane Filmes, Laterit Productions e Riofilme. França/Brasil: Riofilme, 2003. 1 DVD.

SARLO, Beatriz. Crítica do testemunho: sujeito e experiência. In: SARLO, Beatriz. Tempo passado: cultura da memória e guinada subjetiva. São Paulo: Companhia das Letras; Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2007.

SHAKESPEARE, William. Hamlet. Tradução de Péricles Eugênio da Silva Ramos. São Paulo: Abril Cultural, 1976.

SHAKESPEARE, William. Macbeth. Tradução de Ricardo Alberty. Lisboa; São Paulo: Verbo, 1973.

SHIPPEY, Tom. J. R. R. Tolkien: Author of the Century. Boston; New York: Houghton Mifflin Company, 2002.

SHIPPEY, Tom. The Road to Middle-earth. Boston; New York: Houghton Mifflin Company, 2003.

TOLKIEN, John Ronald Reuel. The Hobbit. New York: Houghton Miffllin Company, 1995.

TOLKIEN, John Ronald Reuel. The Lord of the Rings. London: HarperCollins Publishers, 2005.

VOLOBVEF, Karin. Tolkien e a tradição literária. In: ROSSI, Cido & STAINLE, Stéfano. Folhas das árvore: a ficção de Tolkien. Rio de Janeiro: Dialogarts, 2021.

WHITE, Hayden. Ficción histórica, historia ficcional y realidad histórica. Buenos Aires: Prometeo Libros, 2010.

ZILBERMAN, Regina. Fundamentos do texto literário. 2. ed. Curitiba: IESDE, 2013.
Publicado
20-12-2023
Seção
Artigos dossiê temático