PROCURAR O FANTÁSTICO PARA ENCONTRAR O REAL
dilemas literários na modernidade
Resumo
O presente artigo se divide em duas grandes partes: na primeira delas, buscamos analisar a literatura enquanto fenômeno humano, e defini-la a partir de teóricos como Eagleton, Culler e Compagnon. Além disso, partimos do princípio de que ela, enquanto arte, pode se constituir em uma forma de conhecimento da realidade, em geral (Lukács, Goldman, Candido), e da realidade histórica, em particular (LaCapra e Ferreira), embora não de forma simples e cristalina. Na segunda parte, discutimos as dificuldades do chamado realismo, enquanto movimento literário que almeja retratar o real tal qual ele é (Jakobson e Jablonka), bem como do agravamento desse problema na virada do século XIX para o XX. As mudanças advindas com as novas descobertas na área da ciência e da tecnologia, assim como o impacto da Primeira Guerra Mundial e das demais catástrofes que a seguiram, legaram a intelectuais a ideia de que a realidade é absolutamente inverossímil e, por isso, intransmissível (Benjamin). Logo, para transmitir o real e, ao mesmo tempo, ser persuasivo (White), foi necessário a muitos literatos abraçar o gênero fantástico, a exemplo do inglês J. R. R. Tolkien (1892-1973), considerado o criador da ficção fantástica moderna.
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Referências
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