A ficção portuguesa entre a Revolução e o fim do século
Resumo
Em “A ficção portuguesa entre a Revolução e o fim do século” opera-se um trajeto literário de cerca de um quarto de século. Nele, valoriza-se a importância da Revolução de 1974 como momento histórico de ruptura, propiciando escritas sintonizadas com a novidade de formas, de valores e de temas que a criação em liberdade propiciava. Se no caso de alguns ficcionistas (Vergílio Ferreira, p. ex.) esse tempo novo trouxe perplexidades difíceis de resolver, noutros (Carlos de Oliveira, Agustina, Cardoso Pires), com obra já firmada, o tempo posterior à Revolução foi estímulo para a inovação, às vezes de timbre pós-modernista. Escritores de outra geração (Almeida Faria, Mário Cláudio, Mário de Carvalho) aprofundaram o impulso pós-modernista, comum também à obra dos dois grandes romancistas do fim-de-século português: José Saramago e António Lobo Antunes. A estes e também à literatura de autoria feminina, acentuada e difundida depois de 1974.
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