A RELIGIOSIDADE/ESPIRITUALIDADE (R/E) EM PROFISSIONAIS/TRABALHADORES DA SAÚDE

Conteúdo do artigo principal

Luciana Fernandes Marques
Mary Rute Esperandio
Priscilla Zorzi
Marlei Zarpelon
Tiago D'Oliveira Silva

Resumo

A despeito da integralidade do cuidado em saúde, a dimensão da religiosidade/espiritualidade (R/E) pouco aparece na arena do debate, permanecendo à margem da reflexão acadêmica e da prática do serviço. O objetivo desse estudo quantitativo foi verificar o modo como a dimensão da R/E é vista e encaminhada na prática dos profissionais da área da saúde. A pesquisa foi realizada com 174profissionais/trabalhadores da saúde de variadas instituições públicas do Rio Grande do Sul. Os participantes responderam a um questionário com 35 questões em que constavam dados sociodemográficos e questões fechadas sobre a prática da R/E desses profissionais. O público foi de 143 mulheres e 31 homens, com idades entre 19 e 63 anos (média de 41,02 e DP de 10,79), de diferentes profissões da saúde. Sobre a afiliação religiosa, as respostas mais frequentes foram: espírita (21%), católico não praticante (18,2%), sem religião mas acredita em Deus (14,2%), afro-brasileiras (11,9%) e católico praticante (10,8%). Os dados apontam para a necessidade de estes profissionais estarem mais bem capacitados para lidar com a demanda religiosa/espiritual dos pacientes, para ausência desse tema na sua formação técnico-profissional e para a falta de espaços e estruturas institucionais que acolham essas demandas do usuário do sistema de saúde.

PALAVRAS-CHAVE: Religiosidade/Espiritualidade. Profissionais/Trabalhadores da saúde. Formação profissional.

ABSTRACT

Despite the integrality of health care, the dimension of religiosity /spirituality (R/ E) remains on the margins of academic reflection and service practice. The aim of this quantitative study was to investigate how the dimension of R/E is perceived and sent in the practice of health professionals. The survey was conducted with 174 health professionals from various public institutions of Rio Grande do Sul. The participants answered a survey with 35 questions that included socio-demographic data and closed questions about the practice of R/E of these  professionals. The sampling was 143 women and 31 men, between the ages of 19 and 63 years (mean 41.02, SD10.79), of different health occupations. Regarding religious affiliation, the most frequent responses were: Spiritualist (21%), Lapsed Catholic (18.2%), no religion but believes in God (14.2%), Afro-Brazilian (11.9%) and Practicing Catholic (10.8%). The data point to the need for these professionals to be better able to deal with the R/E needs of patients, because of the lack of the presentation of this issue in technical and professional training and the lack of space and institutional structures which accommodate user demands for this aspect of the health system.

KEYWORDS: Religiosity/Spirituality. Health professionals. Professional education. 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Detalhes do artigo

Como Citar
MARQUES, Luciana Fernandes; ESPERANDIO, Mary Rute; ZORZI, Priscilla; ZARPELON, Marlei; SILVA, Tiago D’Oliveira. A RELIGIOSIDADE/ESPIRITUALIDADE (R/E) EM PROFISSIONAIS/TRABALHADORES DA SAÚDE. INTERAÇÕES, Belo Horizonte, v. 10, n. 18, p. 195–209, 2015. DOI: 10.5752/P.1983-2478.2015v10n18p195. Disponível em: https://periodicos.pucminas.br/interacoes/article/view/P.1983-2478.2015v10n18p195. Acesso em: 18 maio. 2025.
Seção
ARTIGOS

Referências

ALVES, J. S.; JUNGES, J. R.; LÓPEZ, L. C. A dimensão religiosa dos usuários na prática do atendimento à saúde: percepção dos profissionais da saúde. O Mundo da Saúde, São Paulo, v. 34, n. 4, p. 430-436, 2010.

ARRIEIRA, I. C. D. O.; THOFEHRN, M. B.; PORTO, A. R.; PALMA, J. S. Espiritualidade na equipe interdisciplinar que atua em cuidados paliativos às pessoas com câncer. Ciência, Cuidado e Saúde, Maringá, v.10, n. 2, p. 314-321, 2011.

BENKO, M. A; SILVA, M. J. P. Pensando a espiritualidade no ensino de graduação. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v.4, n.1, p. 71-85, 1996.

CECILIO, Luiz Carlos O. As necessidades de Saúde como Conceito Estruturante na Luta pela Integralidade e Equidade na Atenção em Saúde. In: PINHEIRO, Rosenie; MATTOS, Rubem A. Os sentidos da Integralidade na atenção e no cuidado à saúde. Rio de Janeiro: UERJ, IMS: ABRASCO, 2001, p. 113-127.

CHAPPLE, E. P. Mental health and religion: a guide for service providers. Royal College of Psychiatrists. Disponível em:

<http://www.rcpsych.ac.uk/pdf/E.%20Paul%20Chapple%201.11.03%20Mental%20Health%20and%20Religion%20-%20a%20Guide%20for%20Service%20Providers.pdf>. Acesso em: 01 jun. 2015.

DEZORZI, L. W.; CROSSETTI, M. G. O. A espiritualidade no cuidado de si para profissionais de enfermagem em terapia intensiva. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v.16, n.2, p. 212-217, 2008. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0104-11692008000200007>. Acesso em: 01 jun. 2015.

FRANCO, T. B.; MAGALHÃES JÚNIOR, H. M. A Integralidade na Assistência à Saúde: a organização das linhas do cuidado. In: MERHY, E. E. et al. (org.) O Trabalho em Saúde: olhando e experienciando o SUS no cotidiano. São Paulo: HUCITEC, p. 125-133. 3a.ed, 2006.

GUSSI, M. A.; DYTZ, J. L. G. Religião e espiritualidade no ensino e assistência de enfermagem. Rev. Bras. Enferm., Brasília, v.61, n.3, p. 377-384, 2008.

KLIEWER, S. Allowing spirituality into the healing process. The Journal of Family Practice, v.53, n.8, p. 616-624, 2004.

KOENIG, H. G. Religion, spirituality, and medicine: research findings and implications for clinical practice. Southern medical journal, v.97, n.12, p. 1194-1200, 2004.

LIND, B.; SENDELBACH, S.; STEEN, S. Effects of a spirituality training program for nurses on patients in a Progressive Care Unit. Critical Care Nurse, v.31, n.3, p. 87-90, 2011.

LUNDBERG, P. C.; KERDONFAG, P. Spiritual care provided by Thai nurses in intensive care units. Journal of Clinical Nursing, v.19, p. 1121-1128, 2009.

MARIOTTI, L.; LUCCHETTI, G.; DANTAS, M.; BANIN, V.; FUMELLI, F.; PADULA, N. Spirituality and medicine: views and opinions of teachers in a Brazilian medical school. Medical teacher, v.33, p. 339-340, 2011.

MCSHERRY, W.; JAMIESON, S. An online survey of nurses’ perceptions of spirituality and spiritual care. Journal of Clinical Nursing, v.20, p. 1757–1767, 2011.

MENDES, M. Como inserir a espiritualidade no processo terapêutico. Revista Servir, Lisboa, v.54, n.4, p. 158-164, 2005.

PANZINI, R. G.; BANDEIRA, D. R. Escala de coping religioso-espiritual (Escala CRE): elaboração e validação de construto. Psicologia em Estudo, v.10, n.3, p. 507-516, 2005.

PERES, J. F. P.; SIMÃO, M. J. P.; NASELLO, A. G. Espiritualidade, religiosidade e psicoterapia. Rev. Psiq. Clín., v.34, n.1, p. 136-145, 2007.

PUCHALSKI, C. M. The hole of spirituality in health care. BUMC Proceedings, v.14, p. 352-357, 2001.

SEIDL, E. M. F.; FARIA, J. B. Religiosidade e enfrentamento em contextos de saúde e doença: revisão da literatura. Psicologia: reflexão e crítica, v.18, n.3, p. 381-389, 2005.

SHORES, C. I. Spiritual perspectives of nursing students. Nursing Education Perspectives, v.31, n.1, p. 8-11, 2010.

SILVA, J. V.; VELASCO, I. T.; SANTOS, F. S.; MOREIRA-ALMEIDA, A.; KOENIG, H.; MACHADO, D. R. Os significados de espiritualidade e religiosidade emergentes de profissionais da área de saúde sob a ótica do discurso do sujeito coletivo. In: 16º SENPE – Ciência da Enfermagem em tempos de interdisciplinaridade, 2011. Anais, Trabalho 312, p. 1369-1372.

SLOAN, R. P.; BAGIELLA, E.; POWELL, T. Religion, spirituality, and medicine. The Lancet, v.353, n.9153, p. 664-667, 1999.

STROPPA, A.; MOREIRA-ALMEIDA, A. Religiosidade e Saúde. In: Salgado, M.; FREIRE, G. (Org.). Saúde e Espiritualidade: uma nova visão da medicina, Belo Horizonte, Inede, 2008.

THE ARDA. Association of Religion Data Archives. Disponível em: <http://www.thearda.com>. Acesso em: 09 Abr. 2015

THORESEN, C. E.; HARRIS, A. H. S. Spirituality and health: what’s the evidence and what’s needed? Ann Behav Med, v.24, n.1, p. 3-13, 2002.

TRELOAR, L. L. Integration of spirituality into health care practice by nurse practitioners. Journal of the American Academy of Nurse Practitioners, v.12, n.7, p. 280-285, 2000.