“A GENTE TRATA TODO MUNDO IGUAL”: ONDE FICA A INTERSECCIONALIDADE NO CUIDADO EM SAÚDE MENTAL?
Palavras-chave:
Cuidado, Saúde mental, Interseccionalidade, Atenção psicossocial, CartografiaResumo
Este trabalho parte das experiências de uma pesquisa-intervenção, vivenciada com a inserção em um Centro de Atenção Psicossocial tipo II, da cidade de Fortaleza, a partir de um projeto de Iniciação Científica, alinhado com uma pesquisa guarda-chuva do grupo ao qual os autores fazem parte. Trata-se de uma cartografia., que objetiva analisar sob a ótica interseccional, o cuidado produzido nos CAPS no contexto atual da reforma psiquiátrica a partir da produção de dispositivos artístico-terapêuticos. Essa narrativa se engendra na discussão sobre as controvérsias e possíveis encontros do que temos denominado cuidado interseccional, em serviços substitutivos, destacando a partir dos apontamentos nesse processo, analisadores concernentes à temática em foco. A partir de cenas vivenciadas no processo de investigação, pontuamos a importância da discussão no campo, tensionando o cuidado de bases genéricas e normativas, junto a uma precarização generalizada das políticas públicas de assistência na saúde mental que influi nessa lógica. Propomos com a produção de conhecimento coletiva e compromissada, uma transformação que vise à criação de outras possibilidades de cuidado a partir do seu reconhecimento como antimanicomial, interseccional e decolonial.
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