A PSICOLOGIA NA CONSTRUÇÃO E ENFRENTAMENTO DO RACISMO: A EXPERIÊNCIA DO GRUPO DE ESTUDOS PRETOS
Palabras clave:
Grupos de Estudos Pretos, Racismo Estrutural, Anti-Racismo, Formação, PsicologiaResumen
Esse artigo propõe-se refletir sobre a participação da Psicologia nos processos de construção das relações étnico-raciais sendo o racismo entendido como projeto e práticas históricas de dominação racial e econômica no Brasil. A Psicologia, por um lado, cooperou e coopera com a dominação no contexto das relações étnico-raciais e, por outro, atua no enfrentamento ao racismo. Os estudos, diálogos e reflexões sobre esta temática promovem ampliação da compreensão e consciência crítica sobre a história e dão visibilidade para o fato de que as relações étnico-raciais não são recorte ou fator a serem considerados ou não na abordagem da subjetividade. Trata-se de um fundamento que, se desconhecido, implicará em leituras e intervenções alienadas junto aos sujeitos e grupos com os quais as psicólogas e psicólogos trabalharão. Com esta motivação foi criado o Grupo de Estudos Pretos (GEP) por graduandos em Psicologia da PUC Minas Coração Eucarístico. O texto apresenta a história do grupo, objetivos, ações e produtos ao longo dos seus dois anos de existência. Busca-se embasar e refletir sobre a questão racial no Brasil com atenção para a importância de iniciativas que possam contribuir na formação em Psicologia. Utilizou-se como método o estudo bibliográfico de textos legais e dos artigos teóricos trabalhados no GEP que discorrem sobre o racismo estrutural, a construção da subjetividade do sujeito negro, branquitude e branqueamento e descolonização dos currículos em Psicologia. Além disto, recorreu-se a registros e documentos produzidos pelo Grupo de Estudos Pretos. Busca-se contribuir para o avanço na interlocução e aprendizagem sobre Psicologia e relações étnico-raciais e a ampliação da formação crítica pela compreensão de que o fenômeno racial tem múltiplas nuances e que acessar esse conhecimento é essencial para o enfrentamento do racismo estrutural que afeta a todos. Faz-se possível perceber repercussões na formação dos acadêmicos de Psicologia e disciplinas afins, pois, via de regra, os participantes do GEP têm contato com produções científicas e outras, da Psicologia e para além dela, que se encontram fora da maioria dos planos de ensino desta ciência e profissão, mas que podem vir a integrá-los. Reitera-se que a motivação do GEP é, em sintonia com o Conselho Federal de Psicologia, seguir participando e contribuindo com a luta antirracista.
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Citas
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