ESTEREÓTIPOS DE GÊNERO E DOMINAÇÃO MASCULINA NA VIVÊNCIA UNIVERSITÁRIA

Autores

  • Marcella Moscovitch Meneses Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
  • Rafaela Evangelista Resende Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
  • Betânia Diniz Gonçalves Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Palavras-chave:

Mulheres, Patriarcado, Dominação Masculina, Universidade, Gênero

Resumo

Esse artigo é fruto de uma pesquisa qualitativa que se utilizou de entrevistas semiestruturadas, em que participaram mulheres que se diferenciam pela classe social que ocupam e pela raça autodeclarada, visando analisar a estrutura social sexista dentro das universidades e como a discriminação de gênero nesse ambiente afeta a vivência feminina em diversos aspectos. Após uma breve retrospectiva da inserção da mulher na academia, e igualmente, da dominação masculina e suas origens, datada desde 612 AEC., na qual começaram a definir os papéis esperados que o sexo feminino e masculino reproduzissem, foi possível colocar em evidência algumas práticas que mantém, mesmo que de forma sutil, um sistema de poder centrado em gênero na sociedade e reproduzido na Universidade. A exposição dos problemas vividos pelas mulheres entrevistadas torna clara a necessidade de ação por meio das universidades que, enquanto instituições promotoras de conhecimento, deveriam andar de forma paralela às lutas por igualdade e não em consonância com o patriarcado. Desta forma, a escolha desse tema foi de modo a viabilizar novas discussões e reflexões sobre o mesmo, e reafirmar a importância de ocupar espaços acadêmicos sob a perspectiva feminina. A pesquisa foi baseada em diversos autores, contudo as teorias mais utilizadas foram retiradas do trabalho de Simone de Beauvoir (1949) e Gerda Lerner (1986) que, além de apresentarem conceitos importantes para a constituição do artigo, também compactuam com a necessidade de priorizar uma maior visibilidade às mulheres na academia.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da educação e da pedagogia: geral e Brasil. 3.ed. rev. e ampl. São Paulo: Moderna, 2006.
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70; 1977.
BEAUVOIR, S. O Segundo Sexo: Fatos e Mitos. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira,1949.
BEAUVOIR, S. O Segundo Sexo: A Experiência Vivida. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira,1980.
BELO, R. P. et al. Correlatos valorativos do sexismo ambivalente. Psicologia: reflexão e crítica, Porto Alegre, v. 18, n. 1, p. 7-15, jan.-abr. 2005.
BELTRÃO, K., ALVES, J.E.D. A reversão do hiato de gênero na educação brasileira no século XX. Cadernos de Pesquisa, FCC, São Paulo, V. 39, n. 136, jan/abr 2009.
BONDER, G. Mujer y educación en América Latina: hacia la igualdad de oportunidades. Revista Iberoamericana de Educación, n.6, p.9-48, 1994.
BOURDIEU, Pierre. A Dominação Masculina. 11. Ed. Rio de Janeiro: Ed. Bertrand. Brasil, 2012
BURAWOY, Michael. As antinomias do feminismo: Beauvoir encontra Bourdieu. In: BURAWOY, Michael. O marxismo encontra Bourdieu. Campinas: Editora da Unicamp, 2010. cap. V, p. 131-157. Disponível em: http://burawoy.berkeley.edu/Books/Bourdieu.Brazil/5.Beauvoir%20Meets%20Bourdie u.pdf. Acesso em: 9 mar. 2020.
CÃMARA DOS DEPUTADOS. Legislação Informatizada - LEI Nº 9.029, DE 13 DE ABRIL DE 1995 - Publicação Original. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1995/lei-9029-13-abril-1995-348798-publicacaooriginal-1-pl.html. Acesso em: 4 out. 2020.
D'AMORIM, Maria Alice. Estereótipos de gênero e atitudes acerca da sexualidade em estudos sobre jovens brasileiros. Temas psicol., Ribeirão Preto, v. 5, n. 3, p. 121-134, dez. 1997. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 389X1997000300010&lng=pt&nrm=iso>. acesso em 05 maio 2020.
DUARTE, Rosália. Entrevistas em pesquisas qualitativas. Educar em Revista, [S.l.], v. 20, n. 24, p. p. 213-225, dez. 2004. ISSN 1984-0411. Disponível em: <https://revistas.ufpr.br/educar/article/view/2216/1859>. Acesso em 24 abril 2020
FARBER, Susana Gauche; VERDINELLI, Miguel Angel; RAMEZANALI, Mehran. A universidade está contribuindo para a igualdade de gênero? Um olhar sobre a percepção dos docentes de pós-graduação. Revista Gestão Universitária na América Latina - GUAL, Florianópolis, p. 116-140, jan. 2012. ISSN 1983-4535. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/gual/article/view/1983-4535.2012v5n4p116>. Acesso em: 04 out. 2020. doi:https://doi.org/10.5007/1983-4535.2012v5n4p116.
FAPERJ. Pesquisa analisa a trajetória de inserção das mulheres no ensino superior. Disponível em: http://www.faperj.br/?id=2748.2.6.
FERREIRA, A. B. H. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.        
FERREIRA, Maria Cristina. Sexismo hostil e benevolente: inter-relações e diferenças de gênero. Temas psicol., Ribeirão Preto, v. 12, n. 2, p. 119-126, 2004 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 389X2004000200004&lng=pt&nrm=iso>. acesso em 05 maio 2020.
FRASER, Márcia Tourinho Dantas; GONDIM, Sônia Maria Guedes. Da fala do outro ao texto negociado: discussões sobre a entrevista na pesquisa qualitativa. Paidéia (Ribeirão Preto), Ribeirão Preto, v. 14, n. 28, p. 139-152, ago. 2004. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 863X2004000200004&lng=en&nrm=iso>. acesso em 24 abril 2020.
GOMES, Márcia Cristina. Gênero e Educação: Mulheres na docência do ensino superior.Disponível em: www.2coninter.com.br/artigos/pdf/722.pdf
GUEDES, Moema de Castro. A presença feminina nos cursos universitários e nas pós-graduações: desconstruindo a idéia da universidade como espaço masculino. Hist. cienc. saude-Manguinhos, Rio de Janeiro , v. 15, supl. p. 117-132, 2008 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104- 59702008000500006&lng=en&nrm=iso>.
JUSBRASIL. Art. 23 da Lei de Diretrizes e Base de 1971 - Lei 5692/71. Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/topicos/12122829/artigo-23-da-lei-n-5692-de-11-de- agosto-de-1971?ref=serp-featured.
LERNER, Gerda. A criação do patriarcado. In: LERNER, Gerda. A Criação do Patriarcado: História da Opressão das Mulheres pelos Homens. [S. l.]: Editora Cultrix, 1986. cap. 11.
MANZINI, E. J. A entrevista na pesquisa social. Didática, São Paulo, v. 26/27, p. 149-158, 1990/1991.
MARX, K. O capital. São Paulo: Abril Cultural, 1984. v.1. t.2.
MELO, Gislane Ferreira de; GIAVONI, Adriana; TROCCOLI, Bartholomeu Torres. Estereótipos de gênero aplicados a mulheres atletas. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília , v. 20, n. 3, p. 251-256, Dec. 2004 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-37722004000300006&lng=en&nrm=iso>. access on 05 maio 2020. https://doi.org/10.1590/S0102-37722004000300006.
MESQUITA FILHO, Marcos; EUFRASIO, Cremilda; BATISTA, Marcos Antônio. Estereótipos de gênero e sexismo ambivalente em adolescentes masculinos de 12 a 16 anos. Saude soc., São Paulo, v. 20, n. 3, p. 554-567, set. 2011. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104- 12902011000300003&lng=en&nrm=iso>. acesso em 05 maio 2020.
NARVAZ, Martha Giudice; KOLLER, Sílvia Helena. Famílias e patriarcado: da prescrição normativa à subversão criativa. Psicol. Soc., Porto Alegre , v. 18, n. 1, p. 49-55, Apr. 2006 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102- 71822006000100007&lng=en&nrm=iso>.
OLIVEIRA, Catarina Sales; BOAS, Susana Villas; HERAS, Soledad Las. Estereótipos de género e sexismo em docentes do ensino superior. Rev. iberoam. educ. super, México , v. 7, n. 19, p. 22-41, mayo 2016. Disponible em <http://www.scielo.org.mx/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2007- 28722016000200022&lng=es&nrm=iso>. accedido en 30 mayo 2020.
PERROT, Michelle. Minha história das mulheres. São Paulo: Contexto. 2007.
SCAVONE, Miriam. et al. Violência contra a mulher no ambiente universitário. Data Popular/Instituto Avon: São Paulo, 2015.
SAYÃO, Deborah Thomé. Corpo, poder e dominação: um diálogo com Michelle Perrot e Pierre Bourdieu. Perspectiva, Florianópolis, v. 21, n. 1, p. 121-149, jan. 2003. ISSN 2175-795X. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/perspectiva/article/view/10210>. Acesso em: 03 mar. 2020. doi:https://doi.org/10.5007/%x.
SILVA, Sergio Gomes da. Preconceito e discriminação: as bases da violência contra a mulher. Psicol. cienc. prof.,  Brasília ,  v. 30, n. 3, p. 556-571,  Sept.  2010 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932010000300009&lng=en&nrm=iso>. access on  18  Oct.  2020.  https://doi.org/10.1590/S1414-98932010000300009.
SILVA, D. S. D; AZEVEDO, N. P. G. D; FILGUEIRAS, A. D. A. Bela, recatada e do lar: uma análise discursiva das posições-sujeito da mulher na revista Veja. Entretextos, Londrina, v. 17, n. 1, p. 209-229, jan/jun. 2007.
TOMÉ, Dyeinne Cristina. O conceito de Habitus como processo de incorporação da dominação masculina: olhares sobre a história da educação feminina. EDUCERE. In: XIII Congresso Nacional de Educação, Curitiba, p. 18425-18433, 2017. Disponível em: https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2017/26510_12781.pdf. Acesso em: 9 mar. 2020.. In: XIII Congresso Nacional de Educação, Curitiba, p. 18425-18433, 2017. Disponível em: https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2017/26510_12781.pdf. Acesso em: 9 mar. 2020.
TRIVIÑOS, A. N. S; Introdução à pesquisa em ciências sociais: A pesquisa qualitativa em educação. Edição. São Paulo: EDITORA ATLAS S.A. , 1987. p. 145- 152.
VIEIRA, Cristina Maria Coimbra; Educação familiar: estratégias para a promoção da igualdade de género. Lisboa, Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres, 2006.

Downloads

Publicado

2023-09-30

Como Citar

MENESES, Marcella Moscovitch; RESENDE, Rafaela Evangelista; GONÇALVES, Betânia Diniz. ESTEREÓTIPOS DE GÊNERO E DOMINAÇÃO MASCULINA NA VIVÊNCIA UNIVERSITÁRIA. Pretextos - Revista da Graduação em Psicologia da PUC Minas, Belo Horizonte, v. 7, n. 13, p. 177–200, 2023. Disponível em: https://periodicos.pucminas.br/pretextos/article/view/25842. Acesso em: 10 set. 2025.

Edição

Seção

Artigos de temática livre