Terra em Transe como filme-manifesto, uma abordagem possível

Autores

  • Cláudio Coração UFOP - Universidade Federal de Ouro Preto

DOI:

https://doi.org/10.5752/P.2358-3428.2022v26n58p99-115

Palavras-chave:

Terra em Transe, Manifesto, Glauber Rocha, Agonia, Performance

Resumo

Como ler Terra em Transe (1967, Glauber Rocha), com todos os dados acumulados, 55 anos depois, neste momento de ascensão do fascismo no Brasil? Como compreender, desde sua gestão, esse objeto de tradução das nossas tragédias como povo e sociedade? Como se atentar ao seu aparato simbólico na tensão de sua própria propositura artística contraditória? Uma hipótese válida é pensar Terra em Transe como um filme-manifesto. Nesse sentido, algumas ligações parecem ser plausíveis. Se, em um primeiro momento, podemos associar o manifesto como um gênero discursivo calcado nos processos revolucionários e vanguardísticos, também poderíamos afirmar, em essência, que o tom do manifesto – e sua propulsão política – é quase sempre convocatório, disposto a propor níveis de enfrentamento contra determinadas tradições, querelas, imposições. Em outra perspectiva, o manifesto é uma ação configurada em gestos performáticos contundentes. Então, o ato do manifesto é um libelo que se traduz na força da voz, e que se encerra, em larga medida, no texto, na parede, no papel, na história etc. O registro do manifesto é o elemento estético preponderante disso que se fala, que se reivindica, que se aponta, que se imprime.

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Referências

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Publicado

28-02-2023

Como Citar

CORAÇÃO, Cláudio. Terra em Transe como filme-manifesto, uma abordagem possível. Scripta, Belo Horizonte, v. 26, n. 58, p. 99–115, 2023. DOI: 10.5752/P.2358-3428.2022v26n58p99-115. Disponível em: https://periodicos.pucminas.br/scripta/article/view/29500. Acesso em: 13 maio. 2025.

Edição

Seção

Dossiê temático: Literatura e outras mídias