Luto:
presença (discurso) ausência (corpo)
DOI:
https://doi.org/10.5752/P.2358-3428.2024v28n63p245-268Palavras-chave:
Corpo, Luto, Análise do discurso, PsicanáliseResumo
Este ensaio tem o intuito de apresentar e refletir questões acerca da morte e do luto na quarta idade, buscando compreender os efeitos de sentidos que ressoam em fotografias que tratam sobre a temática publicadas no Instagram, rede social online. Buscar-se-á, como interesse, realçar a materialidade discursiva do corpo no processo sócio-histórico e ideológico de textualização simbólica sobre a morte e seus efeitos de sentir e de sentidos no espaço digital. Essa construção se dará a partir da relação discursiva possível entre a Análise de Discurso pecheutiana e a Psicanálise. Como efeito de fecho, compreendeu-se que, nas materialidades analisadas, a morte, o luto ou o que foi chamado de presença-ausência do objeto perdido, lança efeitos de sentidos que estão constituídos pela exterioridade - historicidade e interdiscurso -, evidenciando o sentido da falta que se discursiviza nos discursos dos sujeitos que ainda vivem. O corpo que não está mais vivo passa a ser representado pela ausência, ou seja, é retomado pela memória afetiva e discursiva, que resiste/existe discursivamente ao ser simbolizado, desse modo, a presença (discurso)-ausência (corpo) aponta para uma dada relação constitutiva dos sujeitos enlutados, o que move o trabalho da memória, colocando em jogo a historicidade e o interdiscurso, ou seja, a exterioridade. Portanto, os efeitos de sentidos indicam que a presença (discurso)-ausência (corpo) significam, o que abre espaço para o trabalho simbólico que funciona na linguagem das materialidades visuais.
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