Estudos gramaticais à luz da linguística ecossitêmica

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5752/P.2358-3428.2016v20n38p26

Palavras-chave:

Estrutura, Redes, Rizoma, Ecolinguística, Linguística ecossistêmica

Resumo

O objetivo deste artigo é apresentar argumentos em prol de uma representação reticular-rizomática do que a tradição tem chamado de estrutura linguística, tendo por base teórica a versão da ecolinguística chamada de linguística ecossistêmica.  Para tanto, ele apresenta um panorama das concepções de língua ao longo da história, salientando que as primeiras concepções laicas estavam em consonância com a ciência moderna, mas que as primeiras reflexões sobre questões linguísticas eram normativas, pressupunham um sistema estático. As primeiras tentativas de se representar graficamente se deram no âmbito semântico e fonético-fonológico. Na sintaxe, uma das primeiras formas de representação deve ter sido a do estruturalista Lucien Tesnière e a dos constituintes imediatos do estruturalismo norte-americano. A concepção de língua como esqueleto dos primeiros "filólogos" continuou e foi aperfeiçoada no estruturalismo e na gramática gerativa, que ficam no nível da ciência da mecânica de Newton e da filosofia de Descartes. Foi com a gramática estratificacional, agora linguística neurocognitiva, que as representações começaram a dar conta da língua como fenômeno dinâmico, não unilinear e unidirecional. Após as visões de língua como organismo e como vírus, respectivamente, surgiu a visão ecossistêmica de língua, segundo a qual ela é basicamente interação e suas representações devem ser do tipo redes ou rizomas multidirecionais e multilaterais. Enfim, esta última representação contém as demais em seu interior, é mais ampla do que elas.

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Hildo Honório do Couto, UNB

Graduado em Letras Vernáculas pela Universidade de São Paulo (1969), mestrado em Lingüística pela Universidade de São Paulo (1973) e doutorado em Linguística pela Universitaet zu Köln (1978), Alemanha. Atualmente é Pesquisador Associado da Universidade de Brasília, tendo obtido o título de Professor Emérito em 12 de junho de 2017. Tem experiência nas áreas de Fonologia (em que se doutorou), Contato de Línguas, Crioulística e Ecolingüística, atuando principalmente nos seguintes temas: contato de línguas, relações entre língua e meio ambiente (Ecollinguística). Atualmente, está desenvolvendo, juntamente com colaboradores, a versão da Ecolinguística chamada Linguística Ecossistêmica, que contém uma vertente para análise do discurso (Análise do Discurso Ecológica/Ecossistêmica - ADE). Fundou "Ecolinguística: revista brasileira de ecologia e linguagem (ECO-REBEL)" em 2015, o site Linguística Ecossistêmica e tem o blog Meio ambiente e Linguagem. 1) endereço da revista: http://periodicos.unb.br/index.php/erbel 2) endereço do site: www.ecoling.unb.br 3) endereço do blog: www.meioambienteelinguagem.blogspot.com

Referências

AMMIROVA, T. A.; Ol’chovikov, B. A.; Roždestvenskij, J. V. Abriss der Geschichte der Linguistik. Leipzig: VEB Bibliographisches Institut, 1980.

CAPRA, Fritjof. Pertencendo ao universo: Explorações nas fronteiras da ciência e da espiritualidade. São Paulo: Cultrix/Amana, 1968, 10ed.

CORISEU, Eugenio. La geografia linguística. Montevidéu: Fac. Hmanidades/ Universidad de la República.

CORISEU, Eugenio. Lições de linguística geral. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1980.

COUTO, Hildo Honório do. Linguística e semiótica relacional. Brasília: Thesaurus, 1982.

COUTO, Hildo Honório do. Ecolinguística: Estudo das relações entre língua e meio ambiente. Brasília: Thesaurus, 2007.

COUTO, Hildo Honório do. Algumas restrições aos proparoxítonos em português. In: RONCARATI, Cláudia; Abraçado, Jussara (Orgs.). 2008. Português brasileiro: Contato linguístico, heterogeneidade e história. Niterói: EdUFF, p. 118-136.

COUTO, Hildo Honório do. Ecologia das preposições espaciais portuguesas. Lusorama 83-84, 2010, p. 50-79.

COUTO, Hildo Honório do. Alguns precursores da linguística ecossistêmica, 2014a. Disponível em: http://meioambienteelinguagem.blogspot.com.br/2014/06/ alguns-precursores-da-linguistica.html (05/02/2016).

COUTO, Hildo Honório do. A concordância e a função comunicativa da linguagem: uma visão ecolinguística. Confluência 46, 2014b, p. 43-77. Disponível em: http://llp.bibliopolis.info/confluencia/rc/index.php/rc/article/view/7 Acesso: 05/11/2015.

COUTO, Hildo Honório do. Linguística ecossistêmica. Ecolinguística: Revista brasileira de ecologia e linguagem (ECO-REBEL) v. 1, n. 1, 2015, p. 37-62. Disponível em: http://periodicos.unb.br/index.php/erbel/index (acesso: 05/02/2016).

COUTO, H. H.; COUTO, E. K.K.; Araújo, G.; Albuquerque, D. (Orgs.). O paradigma ecológico nas ciências da linguagem: Ensaios ecolinguísticos clássicos e contemporâneos. Goiânia: Editora da UFG, 2016

DEULEUZE, Gilles & Guattari, Felix. 2000. Mil platôs: Capitalismo e esquizofrenia. Vol I. São Paulo: Editora 34, 2000, 1ed., 2ª reimpressão.

FILL, Alwin (org.). Ökolinguistik: Eine Einführung. Tübingen: Gunter Narr, 1993.

FILL, Alwin. Sprachökologie und Ökolinguistik. Tübingen: Stauffenburg, 1996.

FINKE, Peter. Sprache als missing link zwischen natürlichen und kulturellen Ökosystemen. In: Fill (org.), p. 27-48, 1996.

GARNER, Mark. Language: An ecological view. Berna: Peter Lang, 2004.

HAUGEN, Einar. The ecology of language. Stanford: Stanford University Press, 1972, p. 325-339

HAUSER, Marc D.; Chomsky, Noam; Fitch, W. Tecumseh. The faculty of language: What is it, who has it, and how did it evolve? Science v. 298, 2002, p. 1569-1579.

LAMB, Sydney M. Outline of stratificational grammar. Washington, D.C.: Georgetown University Press, 1966.

FILL, Alwin. Pathways of the brain. Amsterdam: Benjamins, 1999

FILL, Alwin. Neuro-cognitive structure in the interplay of language and thought. In: Pütz, Martin; Vespoor, Marjolijn H. (orgs.) Explorations in linguistic relativity. Amsterdam: Benjamins, 2000, p. 173-196.

LEPSCHY, Giulio C. Linguística estrutural. São Paulo: Perspectiva, 1972.

MAKKAI, Adam. Ecolinguistics: ¿Toward a new **paradigm** for the science of language? Londres: Pinter Publishers, 1993

MORIN, Edgar. L’An I de l’ère écologique. Paris: Tallandier, 2007.

MORIN, Edgar. O método: A vida da vida. Porto Alegre: Editora Sulina, 2002, 2ed.

MUFWENE, Salikoko. Ecology of language evolution. Cambridge: Cambridge University Press, 2001.

MUFWENE, Salikoko. Language evolution: Contact, competition and change. Londres: Continuum, 2008.

OLIVEIRA, Marco Antônio. A variação fonológica na perspectiva da linguagem como um sistema adaptativo complexo. In: Magalhães, José Sueli (Org.). Gramática comparada e geral: Fonologia. Uberlândia: EDUFU, 2014, p. 11-35.

OLIVEIRA, Marco Antônio. Por uma abordagem etológica e ecológica da variação linguística. In: Parreira, Maria C. et al. (Oorgs.). Pesquisas em linguística no século XXI: Perspectivas e desafios teórico-metodológicos. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2015, p. 45-70 (Série Trilhas Linguísticas, 27).

MADEIRA, Angélica. Raízes e Rizomas do Brasil. Caderno do IPRI n. 15, 1994, p. 23-31.

PIATELLI-PALMARINI; Uriagereka, Juan. The immune syntax: The evolution of the languag virus. In: Jenkins, Lyle (org.). Variation and universals in biolinguistics. Amsterdam: Elsevier, 2004, p. 341-377.

PINKER, Steven; Jackendoff, Ray. The faculty of language: what’s special about it? Cognititon 95, 2005, p. 201-236.

TRAMPE, Wilhelm. Ökologische Linguistik: Grundlagen einer ökologischen Wissenschafts- und Sprachtheorie. Opladen: Westdeutscher Verlag, 1990.

Downloads

Publicado

01-08-2016

Como Citar

COUTO, Hildo Honório do. Estudos gramaticais à luz da linguística ecossitêmica. Scripta, Belo Horizonte, v. 20, n. 38, p. 26–53, 2016. DOI: 10.5752/P.2358-3428.2016v20n38p26. Disponível em: https://periodicos.pucminas.br/scripta/article/view/P.2358-3428.2016v20n38p26. Acesso em: 29 abr. 2025.

Edição

Seção

Dossiê - Estudos gramaticais: um tema, várias perspectivas teóricas