A percepção auditiva e visual das fricativas do Português Brasileiro diante da manipulação do sinal acústico

Autores

  • Audinéia Ferreira-Silva Universidade estadual do Sudoeste da Bahia-UESB
  • Vera Pacheco Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-UESB
  • Luís Carlos Cagliari Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"-UNESP https://orcid.org/0000-0002-6676-0884

DOI:

https://doi.org/10.5752/P.2358-3428.2017v21n41p165

Palavras-chave:

Percepção, Fricativas do Português Brasileiro, Estímulos auditivos e visuais.

Resumo

Neste artigo, nosso objetivo é avaliar o papel das informações auditiva e visual na percepção das fricativas do Português Brasileiro, quando apresentadas com ambiguidade/manipulação do sinal acústico.  Para tanto, montamos um corpus de palavras dissílabas, com estrutura silábica C1V1.C2V2, onde C1 é uma das fricativas, C2 é a oclusiva surda e V1 eV2 são uma das vogais/a/, /i/ ou /u/. Após a gravação do corpus, o sinal acústico das fricativas foi manipulado em termos de duração do ruído e frequência do espectro. Nossos resultados evidenciam que os índices de identificação das fricativas foram, de maneira geral, maiores quando elas apresentavam a informação audiovisual. Nossos achados atestam que, quando as fricativas têm seu sinal manipulado, em termos de duração e frequência, seu desempenho perceptual aumenta nos casos em que a informação visual é apresentada com a auditiva, ou seja, diante da manipulação do sinal, as fricativas apresentam médias de recuperação mais altas com a informação audiovisual do que com a informação, apenas, auditiva. Esses resultados corroboram os tradicionais estudos de Sumby e Pollack (1954) e McGurk e MacDonald (1976), que afirmam que, na percepção, os ouvintes integram visão e audição. Assim, e considerando os pressupostos do FLMP de Massaro (1987), nossos resultados evidenciam que, na percepção da fala, cada fonte de informação é mais influenciável, na medida em que a outra fonte é mais ambígua.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Audinéia Ferreira-Silva, Universidade estadual do Sudoeste da Bahia-UESB

Doutora em Linguística e Língua Portuguesa.

Vera Pacheco, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-UESB

Possui graduação em Lingüistica pela Universidade Estadual de Campinas (2001), graduação em Letras pela Universidade Estadual de Campinas (2002), Bacharelado Em Letras pela Universidade Estadual de Campinas (2002), mestrado em Lingüística pela Universidade Estadual de Campinas (2003), doutorado em Lingüística pela Universidade Estadual de Campinas (2006) e pósdoutorado pela Universidade Paulista "Júlio de Mesquista Filho"/Araraquara. Atualmente é professor titular da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Tem experiência na área de Lingüística, com ênfase em Teoria e Análise Lingüística, atuando principalmente nos seguintes temas: análise acústica, percepção da fala e prosódia.

Luís Carlos Cagliari, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"-UNESP

Doutor em Linguística.

Referências

AYRES, M.; AYRES JR., M.; AYRES, D. L., SANTOS, A.S. BioEstat. Versão 5.0, Sociedade Civil Mamirauá, MCT – CNPq, Belém, Pará, Brasil. 2007.

BOERSMA, P.; WEENINK, D. Praat. [Computer software]. Amsterdam, The Netherlands: Institute of Phonetic Sciences, University of Amsterdam. 2002.

FERREIRA-SILVA, A.; PACHECO, V.; CAGLIARI, L. C. Descritores estatísticos na caracterização das fricativas do Português Brasileiro: Características espectrais das fricativas. Acta, Scientiarum. Language and Culture. Maringá, v. 37, n. 4, p. 371-379, Oct.-Dec., 2015.

HARRIS, K. S. Cues for the discrimination of American English Fricatives in spoken syllables. Lang. Speech 1, 1-7, 1958.

HEINZ, J. M.; STEVENS, K. N. (1961). On the properties of voiceless fricative consonants. J. Acoust. Soc. Am. V. 33, 589-596.

MASSARO, D. W. Speech perception by ear and eye: A paradigm for psychological inquiry. Hillsdale, NJ: Lawrence Erlbaum Assoc, Inc. 1987.

MASSARO, D. W. Illusions and issues in bimodal speech perception. In: Auditory visual speech perception conference - AVSP’98. Sydney. p. 21-26, 1998.

MCGURK, H.; MACDONALD, J. Hearing lips and seeing voices. Nature. V. 264, n. 23, p. 746-748, dec. 1976.

ODEN, G. C.; MASSARO, D. W. Integration of featural information in speech perception. Psychological Review, 85, 172-191. 1978

PACHECO, V. O efeito dos estímulos auditivo e visual na percepção de marcadores prosódicos lexicais e gráficos usados na escrita do Português do Brasil. (Tese de Doutorado). Campinas, SP: [s.n.], 2006.

RAUBER, A. S.; RATO, A.; SANTOS, G. R.; KLUGE, D. C.; FIGUEIREDO, M. TP: perception tests and perceptual training with immediate feedback, versão 2.0. Disponível em: http://www.worken.com.br/tp_regfree.php, acesso em 12 agosto de 2012.

SCHIFFMAN, H. R. Sensação e percepção (L. A. F. Pontes & S. Machado, Trad.). Rio de Janeiro: LTC, 2005.

SILVA, A. F. Estudo das características acústicas das fricativas do Português Brasileiro. 108 f. (Dissertação de mestrado) Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Araraquara. 2012.

STREVENS, P. Spectra of fricative noise in human speech. Language and Speech, v. 3, 32-49. 1960.

SUMBY W. H, POLLACK I. Visual contribution to speech intelligibility in noise. Journal of Acoustical Society of America, v. 26, n. 2, 212-215, 1954.

Downloads

Publicado

30-06-2017

Como Citar

FERREIRA-SILVA, Audinéia; PACHECO, Vera; CAGLIARI, Luís Carlos. A percepção auditiva e visual das fricativas do Português Brasileiro diante da manipulação do sinal acústico. Scripta, [S. l.], v. 21, n. 41, p. 165–183, 2017. DOI: 10.5752/P.2358-3428.2017v21n41p165. Disponível em: https://periodicos.pucminas.br/scripta/article/view/P.2358-3428.2017v21n41p165. Acesso em: 23 mar. 2025.

Edição

Seção

Dossiê: Sistemas Perceptivos e Linguagens