A percepção auditiva e visual das fricativas do Português Brasileiro diante da manipulação do sinal acústico
DOI:
https://doi.org/10.5752/P.2358-3428.2017v21n41p165Palavras-chave:
Percepção, Fricativas do Português Brasileiro, Estímulos auditivos e visuais.Resumo
Neste artigo, nosso objetivo é avaliar o papel das informações auditiva e visual na percepção das fricativas do Português Brasileiro, quando apresentadas com ambiguidade/manipulação do sinal acústico. Para tanto, montamos um corpus de palavras dissílabas, com estrutura silábica C1V1.C2V2, onde C1 é uma das fricativas, C2 é a oclusiva surda e V1 eV2 são uma das vogais/a/, /i/ ou /u/. Após a gravação do corpus, o sinal acústico das fricativas foi manipulado em termos de duração do ruído e frequência do espectro. Nossos resultados evidenciam que os índices de identificação das fricativas foram, de maneira geral, maiores quando elas apresentavam a informação audiovisual. Nossos achados atestam que, quando as fricativas têm seu sinal manipulado, em termos de duração e frequência, seu desempenho perceptual aumenta nos casos em que a informação visual é apresentada com a auditiva, ou seja, diante da manipulação do sinal, as fricativas apresentam médias de recuperação mais altas com a informação audiovisual do que com a informação, apenas, auditiva. Esses resultados corroboram os tradicionais estudos de Sumby e Pollack (1954) e McGurk e MacDonald (1976), que afirmam que, na percepção, os ouvintes integram visão e audição. Assim, e considerando os pressupostos do FLMP de Massaro (1987), nossos resultados evidenciam que, na percepção da fala, cada fonte de informação é mais influenciável, na medida em que a outra fonte é mais ambígua.
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