O ABISMO INDECIFRÁVEL
Sobre a (im)possibilidade de uma ontologia da morte involuntária
DOI:
https://doi.org/10.5752/P.2177-6342.2024v15n29p76-93Keywords:
Morte voluntária, Filosofia do suicídio, Ontologia, Existencialismo, FenomenologiaAbstract
Neste artigo considero algumas das possíveis intersecções entre a filosofia e o problema do suicídio. O propósito teórico é o de, primeiramente, analisar algumas das abordagens conceituais da “morte voluntária” presentes na história da filosofia para, num segundo momento, refletir sobre a (im)possibilidade de se estabelecer uma ontologia da autoaniquilação existencial, no sentido da inviabilidade de uma definição geral e abrangente de suas causas e determinações. Para pensar conceitualmente a questão da morte voluntária, partirei inicialmente de algumas das análises sociológicas que pensam a morte voluntária, desde Durkheim, por meio do tensionamento indivíduo-sociedade. Em seguida, considero alguns aspectos das posições fenomenológico-existenciais, a fim de pensar a morte voluntária do self, pela perspectiva do ser-para-a-morte e do absurdo da existência. Todas as tentativas de abordar as possíveis causas deste que é um dos maiores paradoxos filosóficos, a morte voluntária, parecem apresentar apenas perspectivas parciais de um fenômeno muito complexo. Articular as relações entre filosofia e suicídio, tendo em vista as possíveis ontologias da morte voluntária implica também a elucidação do problema da morte não-voluntária, como um fator condicionante da existência.
Downloads
References
BOTEGA, Neury José. Comportamento suicida: epidemiologia. Psicologia USP. 2014, vol. 25, nrº 3. p. 231-236. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/psicousp/article/view/89784> Acesso em: 25 de mar. 2024.
CAMUS, Albert. O mito de Sísifo. Trad. Mauro Gama. Rio de Janeiro: Guanabara, 1989.
CASTRO, Susana de. Ontologia. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
COLETTE, Jacques. Existencialismo. Trad. Paulo Neves. Edição digital. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2013.
DURKHEIM, Émile. O suicídio: estudo de sociologia. Trad. Monica Stahel. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
FINCHAM, Ben; LANGER, Susanne; SCOURFIELD, Jonathan; SHINER, Michael. Understanding Suicide: A Sociological Autopsy. New York: Palgrave Macmillan, 2011.
HEIDEGGER, Martin. Ontologia: (Hermenêutica da facticidade). Trad. Renato Kirchner. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.
HEIDEGGER, Martin. Ser e Tempo. Parte I. Trad. Márcia Sá Cavalcante Schuback. 15ª Ed. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2005a.
HEIDEGGER, Martin. Ser e Tempo. Parte II. Trad. Márcia Sá Cavalcante Schuback. 13ª Ed. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2005b.
HUSSERL, Edmund. A crise das ciências europeias e a fenomenologia transcendental: uma introdução à filosofia fenomenológica. Tradução Diogo Falcão Ferrer. 1ª Ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012.
HUSSERL, Edmund. Meditações cartesianas e Conferências de Paris. Trad. Pedro M. S. Alves. 1ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013.
MALABOU, Catherine. Plasticity: The Promise of Explosion. Edited by Tyler M. Williams. Edinburgh: Edinburgh University Press, 2022.
MARX, Karl. Sobre o suicídio. Trad. Rubens Enderle e Francisco Fontanella. Edição digital. São Paulo: Boitempo, 2006.
NOBEL, Justin. Do Animals Commit Suicide? A Scientific Debate. In: TIME, Mar. 19, 2010. Avaible in: <https://content.time.com/time/health/article/0,8599,1973486,00.html> Acess: Jan. 18, 2024.
OLIVEIRA, Luizir de. Suicídio: um problema (também) filosófico. Revista Natureza Humana, São Paulo, v. 20, n. 1, jan./jul. 2018. pp. 83-97.
SARTRE, Jean-Paul. A Náusea. Trad. Rita Braga. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.
SARTRE, Jean-Paul. O ser e o nada: Ensaio de ontologia fenomenológica. Trad. Paulo Perdigão. 20ª Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.
SÊNECA, Lúcio Anneo. Aprendendo a viver. Trad. Lúcia Sá Rebello. Porto Alegre, RS: L&PM, 2010.
SCHOPENHAUER, Arthur. Dores do mundo. Rio de Janeiro: Ediouro, 1985.
SCHOPENHAUER, Arthur. O mundo como vontade e representação. Trad. M. F. Sá Correia. Rio de Janeiro: Contraponto, 2001.
SOLOMON, Andrew. Um crime da solidão: Reflexões sobre o suicídio. Trad. Berilo Vargas. 1ª Ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
DECLARATION TERM:
I submit the presented work, an original text, for evaluation by the Sapere Aude journal of Philosophy and agree that its copyright will become the exclusive property of PUC Minas Publisher, prohibiting any reproduction, total or partial, in any other part or electronic/printed divulgation means before the necessary previous authorization is solicited and obtained from the Publisher. I also declare that there is no interest conflict between the aborded theme and the author, entrerprise, institution or individuals. I am not sure about this sentence and why it should be there. Do you publish any research that is subsidized by companies or that involves quantitative or qualitative interviews with participants?