O ENSINO MÉDIO NA AMAZÔNIA TOCANTINA:

como foi a escolarização de jovens ribeirinhas que conseguem chegar à licenciatura em educação do campo?

Autores

  • Larissa de Nazaré Carvalho de Aviz Universidade do Estado do Pará
  • Mônica Castagna Molina Universidade de Brasília
  • Maria Auxiliadora Maués de Lima Araujo Universidade do Estado do Pará

DOI:

https://doi.org/10.5752/P.2318-7344.2024v12n21p407-433

Palavras-chave:

SOME, Amazônia Tocantina, Jovens ribeirinhas

Resumo

O artigo compartilha excertos da pesquisa doutoral em andamento, que objetiva compreender as contribuições do processo formativo da Licenciatura em Educação do Campo–LEdoC, da Universidade Federal do Pará, Campus Universitário de Abaetetuba/PA, para a promoção da auto-organização das jovens ribeirinhas egressas deste curso, em diferentes espaços profissionais e comunitários. Objetivamos apresentar, neste recorte, o processo de escolarização do Ensino Médio no Sistema Modular de Ensino – SOME, das egressas da LEdoC. A fundamentação teórica versou sobre os estudos de Molina (2019), Alves e Almeida (2023) e Rodrigues (2016). Na metodologia de cunho qualitativo, utilizamos como instrumento as entrevistas semiestruturadas, que foram realizadas com seis (06) jovens ribeirinhas que compõem o total de informantes da tese. Neste artigo trabalhamos com quatro (04) amostras das entrevistadas, sendo três do território abaetetubense e uma de Igarapé-Miri. Os resultados, apontam que apesar da oferta do SOME, a formação das jovens tem sido atravessada por um manancial de dificuldades, tais quais as que margeiam os rios da região tocantina. O SOME tem sido a única forma para que a classe trabalhadora alcance outros espaços formativos, como o ensino superior e técnico.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Larissa de Nazaré Carvalho de Aviz, Universidade do Estado do Pará

Doutoranda em Educação, pela Universidade de Brasília, linha de pesquisa Educação ambiental e Educação do Campo. Mestra em educação- linha de pesquisa: Políticas Públicas Educacionais- Universidade Federal do Pará 2014/2016. Especialista em Agriculturas Amazônicas e Desenvolvimento Agroambiental- Universidade Federal do Pará 2012/2013- Especialista em Atendimento Educacional Especializado /Unicesumar. Graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia-Universidade do Estado do Pará, integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre trabalho e educação- GEPTE/ UFPA desde 2012. Integrante e colaboradora no grupo de estudos e pesquisa sobre Gestão, Trabalho e Educação Carcerária - GEPGTEC- UEPA, desde 2012. Professora da Universidade do Estado do Pará, campus universitário de São Miguel do Guamá. Associada ANPED. Tenho experiência na área de educação, com ênfase em educação do campo, trabalho e educação, saberes sociais, ensino médio, juventudes, didática. 

Mônica Castagna Molina , Universidade de Brasília

Pós-Doutora em Educação pela UNICAMP(2013). Professora Associada da Universidade de Brasília (UnB), do Programa de Pós-Graduação em Educação e do Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural. Diretora do Centro Transdisciplinar de Educação do Campo e Desenvolvimento Rural, da FUP-UnB, de 2006 a 02\2022 .Foi Coordenadora da Linha de Pesquisa Educação Ambiental e Educação do Campo, do PPGE-UnB, de 2014-2020.Líder ( 2014-atual) , do Grupo de Estudos e Pesquisas em Materialismo Histórico-Dialético e Educação, cadastrado no Diretório de Grupos do CNPq. Coordena atualmente o Eixo 7, que congrega 15 universidades públicas que pesquisam Educação Superior do Campo, como parte da pesquisa Políticas, gestão e direito à educação superior: novos modos de regulação e tendências em construção vinculada à Rede Universitas. Coordenou a Pesquisa Educação do Campo e Educação Superior: Uma Análise de Práticas contra-hegemônicas na formação de profissionais da Educação e das Ciências Agrárias nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte (2013-2017), financiada pela CAPES. Coordenou a II Pesquisa Nacional da Reforma Agrária, financiada pelo IPEA, em 2013-2016. Coordenou a Pesquisa Acesso ao ensino superior: métodos e processos de formação de professores nos sistemas universitários de Cuba e do Brasil, vinculado ao Projeto de Cooperação Internacional entre o Brasil e Cuba, financiado pela CAPES no período de 2010-2014. Implementou e coordenou o curso de Licenciatura em Educação do Campo, da FUP\UnB, de 2007 a 2011. Coordenou a Pesquisa "A educação Superior no Brasil (2000-2006): Uma Análise Interdisciplinar das Políticas para o Desenvolvimento do Campo Brasileiro", financiada pelo Observatório de Educação da Capes, envolvendo uma rede de universidades. Coordenou o PRONERA e o Programa Residência Agrária. Participou da I Pesquisa Nacional da Reforma Agrária (I PNERA) em 2003-2004. Seus estudos e pesquisas concentram-se principalmente nos seguintes temas: Educação do Campo, Formação de Educadores, Políticas Públicas, Reforma Agrária, Desenvolvimento Sustentável.

Maria Auxiliadora Maués de Lima Araujo, Universidade do Estado do Pará

Doutorado (Sanduíche) em Educação pela Universidade Federal do Pará (UFPA/2012) Universidade Federal de minas Gerais (UFMG/ 2009), com Pós Doutorado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG/2016), Mestrado Acadêmico em Educação pela Universidade Federal do Pará (UFPA/2006), especialista em Gestão Escolar pela Universidade do Estado do Pará (UEPA/2005). Especialista em Educação e Informática pela Universidade Federal do Pará (UFPA/1996). Graduação em Pedagogia pela União das Escolas Superiores do Pará (UNESPa/1990). Coordenadora do Campus X - Universidade do Estado do Pará/Igarapé Açu (até junho de 2013). Presidente do Conselho Municipal de Educação de Igarapé Açu (até Junho de 2013). Pesquisadora da Universidade do Estado do Pará/UEPA, onde é líder do GEPGTEC Grupo de estudos e pesquisa sobre gestão, trabalho e educação carcerária (CNPq), membro do Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Trabalho e Educação e do OBSERVE - Observatório de gestão escolar/UFPA. Coordenadora do PIBID Programa institucional de bolsa de iniciação à docência (versão: 2012, 2014, 2018, 2020, 2022 concluídos). Pesquisadora PIBIC - Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (versão 2016/2017, 2019/2020, 2020/2021, 2021/2022, 2022/2023 encerrados). Concursada na Secretaria de Estado de Educação (SEDUC) Técnica em Assuntos Educacionais - atuando como Coordenadora Pedagógica no Ensino Médio. Concursada na Universidade do Estado do Pará (UEPA) docente, atuando como Professora Adjunta do Ensino Superior. Assessora de Interiorização da Universidade do Estado do Pará (Jul. 2013 a 2017). Vice Diretora Regional ANPAE/NORTE (2017/2019). Membro da CDH - Comissão de Direitos Humanos/OAB-PA (desde 2019 -). Possuo experiências consolidadas nas áreas de Educação e Ciências Humanas, com ênfase em Gestão Escolar, Planejamento, Administração, Coordenação de Unidades e Sistemas de Educacionais, Avaliação Institucional e de processos escolares e, Práticas Pedagógicas Interdisciplinares. No campo da Pesquisa, do Ensino e da Extensão - atuo com as temáticas: Gestão da Educação Básica, Trabalho e Educação, Práticas Pedagógicas, Gestão Educacional, Didáticas, Educação no Cárcere, Educação de Jovens e Adultos, Pedagogias em Ambientes Escolares e Não Escolares. Associada ANPED e ANPAE. Ocupante da cadeira de n04 da Academia de Letras do Brasil/ALB-SMG/ São Miguel do Guamá.

 

REFERÊNCIAS

ALVES, João P. ; ALMEIDA, R.  O ensino médio na Amazônia: O Sistema de Organização Modular de Ensino (SOME) no contexto ribeirinho. Revista Interfaces da Educação. Paranaíba, V. 14, N. 41, p. 30 a 49, ano 2023.

ARAUJO, R. L.; RODRIGUES, D. S.; SILVA, G. P. O ensino integrado como projeto político de transformação social. Revista Trabalho e Educação, Belo Horizonte, v. 23, n. 1, p. 161-186, jan./abr. 2014. 

AZEVEDO, Grazielle de Assunção. Juventudes ribeirinha e quilombola na FADECAM/UFPA: histórias e projetos de vida. Trabalho de Conclusão de Curso. Faculdade de Formação e Desenvolvimento do Campo - FADECAM da Universidade Federal do Pará, Campus Universitário de Abaetetuba, 2022.

BRASIL. Parecer CNE/CEB nº 07/2010 e a Resolução CEB nº 04/2010.

BRASIL. Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 23 dez. 1996. Col. 1, p. 27.833

BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CEB nº 36/2001, de 4 de dezembro de 2001. Institui Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo. Brasília: 2001.

Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CEB nº 5, de 04 de maio de 2011. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Brasília: 2011.BRASIL. Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Altera as Leis nos 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, e 11.494, de 20 de junho 2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, a Consolidação das Leis do Trabalho CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, e o Decreto-Lei no 236, de 28 de fevereiro de 1967; revoga a Lei no 11.161, de 5 de agosto de 2005; e institui a Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral. Portal da Legislação, Brasília, 16 fev. 2017.Disponível:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20152018/2017/Lei/L13415.htm>. Acesso em: 29 nov. 2020.

FRIGOTTO, G.; CIAVATTA, M.; RAMOS, M. (Org.). Ensino médio integrado: concepções e contradições. São Paulo: Cortez; Rio de Janeiro: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, 2005.

FRIGOTTO, G. Juventude, trabalho e educação no Brasil: perplexidades, desafios e perspectivas. In: NOVAES, R.; VANNUCHI, P. Juventude e sociedade: trabalho, educação, cultura e participação. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2004. p. 180-216.

FUNDAÇÃO AMAZÔNIA DE AMPARO A ESTUDOS E PESQUISAS. Relatório “O perfil socioeconômico e ambiental das regiões de integração”. [Belém, PA]: FAPESPA, 2020. 

GIMONET, J.-C. Da experiência pedagógica à alternativa educativa. In: BAUER, Carlos. et al. (org.). Texto produzido para o VIII Colóquio de Pesquisa em Instituições Escolares: pedagogias alternativas. UNINOVE-SP.. Jundiaí: Paco Editorial, 2014. 

GONÇALVES, Micheli Suellen Neves. Gênero e formação docente: análise da formação das mulheres do campo do curso de Licenciatura em Educação do Campo da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará. 2019. 383 f., il. Tese (Doutorado em Educação)—Universidade de Brasília, Brasília, 2019.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo Demografico 2022. Disponível em :<www.ibge.gov.br>. Acesso em: 18 set. 2024.

KRAWCZYK,N. Reflexão sobre alguns desafios do ensino médio no Brasil hoje. Cadernos de Pesquisa, v. 41, n. 144, p. 752-769, dez. 2011. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0100-15742011000300006>.

MOLINA, M; MARTINS, Maria de Fátima. (orgs). Formação de Formadores: reflexões em Educação do campo no Brasil. 1ed. Belo Horizonte: Autentica, 2019.

MOLINA, M. C; ANTUNES- ROCHA, Maria Isabel. EDUCAÇÃO DO CAMPO: história, práticas e desafios no âmbito das políticas de formação de educadores – reflexões sobre o Pronera e o Procampo. Revista Reflexão e Ação, Santa Cruz do Sul, v.22, n.2, p.220-253, jul./dez.2014.

MOLINA, M. Contribuições das Licenciaturas em Educação do Campo para as Políticas de Formação de Educadores. Revista Educação e Sociedade, Campinas, v. 38, n. 140, p. 587-609, jul./set. 2017.

MALHEIRO, Bruno. Et al. Horizontes Amazônicos: para pensar o Brasil e o mundo.1 ed. São Paulo: Fundação Rosa Luxemburgo; Expressão Popular, 2021.

NOSELLA, Paolo. Ensino Médio: pauta para debate. REVISTA TRABALHO NECESSÁRIO  V.22, nº48, 2024 (maio-agosto).

OLIVEIRA, R. M. Elementos administrativos e pedagógicos do SOME na percepção de seus autores. 2010. 111 f. Dissertação (Mestrado em Educação) -Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2010.

PARÁ(Estado). Lei nº 7.806, de 29 de abril de 2014-Regulamentação e funcionamento do Sistema de Organização Modular de Ensino –SOME. Diário Oficial do Pará, Belém (Pa), 30 abr. 2014, Cad. 1, pp. 5-6.

PARÁ. Secretaria de Estado de Educação. Documento Base do Plano Estadual de Educação. Belém, 2015.

PARÁ. Mensagem do Governo do Pará à Assembleia Legislativa. Governador Simão Robson Oliveira Jatene. Belém: Secretaria de Estado de Planejamento, Orçamento e Finanças, 2018.

RODRIGUES, João M. P. NO ESPELHO DO RIO O QUE REFLETE E O QUE “SOME”? O Sistema de Organização Modular de Ensino (SOME) na ótica de jovens egressos no município de Breves – Pará. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Instituto de Ciências da Educação, Universidade Federal do Pará, Belém, PA, 2016.

REIS, P. S.; RODRIGUES, D. do S.  Modelo de flexibilização curricular e reforma do Ensino Médio. Olhar de Professor[S. l.], v. 26, p. 1–26, 2023. DOI:10.5212/OlharProfr.v.26.22054.070.Disponívelem:https://revistas.uepg.br/ index.php/olhardeprofessor/article/view/22054. Acesso em: 15 agost. 2024.

SANTOS, J. Licenciatura em Educação do Campo e Território Ribeirinho: desafios e potencialidades para a formação de educadores para a resistência na Amazônia. Tese (doutorado em Educação) Universidade de Brasília:  2020.

SACRAMENTO, B. N. Política de ensino médio modular no Pará: princípios, diretrizes e práticas formativas para juventude do campo na Amazônia. 2018. 187 f. Dissertação (Mestrado) –Programa de Pós-Graduação em Educação e Cultura, Campus Universitário de Cametá, Universidade Federal do Pará, Cametá, 2018.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ. Campus Universitário de Abaetetuba. [Plano pedagógico do curso Educação do Campo: PPC atual 2016-2019. Abaetetuba, 2016a]. Disponívelem:http://fadecam.ufpa.br/images/anexos/PPC%20Edu.%20Campo %20            atual.pdf. Acesso em: 24 maio 2019.

Downloads

Publicado

2025-01-21

Como Citar

AVIZ, Larissa de Nazaré Carvalho de; MOLINA , Mônica Castagna; ARAUJO, Maria Auxiliadora Maués de Lima. O ENSINO MÉDIO NA AMAZÔNIA TOCANTINA:: como foi a escolarização de jovens ribeirinhas que conseguem chegar à licenciatura em educação do campo?. @rquivo Brasileiro de Educação, Belo Horizonte, v. 12, n. 21, p. 332–358, 2025. DOI: 10.5752/P.2318-7344.2024v12n21p407-433. Disponível em: https://periodicos.pucminas.br/arquivobrasileiroeducacao/article/view/34342. Acesso em: 22 abr. 2025.

Edição

Seção

Ensino Médio no/do Campo, Contra Hegemonia e o Projeto Territorial Camponês