RELATO DE UMA PSICODRAMATISTA PRETA E OS COMPROMISSOS DO PSICODRAMA BRASILEIRO NO SÉCULO XXI

Autores

  • Giceli Formiga Universidade Federal de Sergipe

Palavras-chave:

Psicodrama, Poder, Espontaneidade

Resumo

Esse texto foi construído a partir do convite para apresentação de uma Plenária no 24° Congresso Brasileiro de Psicodrama e 2° IAGP Regional Latino-Americano, resgatei o sentido político da História do Psicodrama para construir a fala problematizando o meu lugar de mulher negra. O Psicodrama é marcado em sua origem pelo contexto político e a Socionomia tem se consolidado ao longo destes mais de cem anos em permanente diálogo com a sociedade. No Brasil, a Grupoterapia chega na década de 40 com o Teatro Experimental do Negro e coloca em análise a questão da negritude e do racismo no país. Os instrumentos do Psicodrama são recursos terapêuticos imprescindíveis na busca pela transformação e na composição desse fazer implicado com a realidade, palco, protagonista, ego auxiliar, direção e plateia ampliam as possibilidades de pensar o real por meio da fantasia e intencionam o resgate da espontaneidade. Sendo assim, a ação dramática é relação de forças entre conservas culturais e espontaneidade e por isso se estabelece aqui um paralelo entre os conceitos de poder e resistência em Foucault, não há o interesse em estabelecer uma sinonímia entre os mesmos, mas enfatizar a relação de forças que os articula. É a partir desta compreensão que relato sobre a importância da fala e da escrita como exercício de resistência desta “outra”, “sujeita”, que sou eu, enquanto psicodramatista preta, destacando os aspectos interseccionais que compõem o cenário político e interrogando quais seriam os compromissos do Psicodrama brasileiro no século XXI.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Referências Bibliográficas:
AKOTERINE, Carla. O que é Interseccionalidade? Belo Horizonte (MG): Letramento: Justificando, 2018.
FANON, Frantz. Pele Negra Máscaras Brancas. São Paulo. Ubu, 2020.
FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade 1: A vontade de saber. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1988.
FLEURY, Heloisa Junqueira Freire. O Segundo Século do Psicodrama. IN: Revista Brasileira de Psicodrama, São Paulo, vol. 29, n°1, p.1-3, 2019. Disponível em: https://www.revbraspsicodrama.org.br/rbp/article/view/461/442
FLEURY, Heloisa Junqueira Freire. O Psicodrama Brasileiro na Próxima Década. IN: Revista Brasileira de Psicodrama, São Paulo, vol. 27, n°2, 2019. Disponível em: https://pepsic.bvsalud.org/pdf/psicodrama/v27n2/01.pdf
KILOMBA, Grada. Memórias da Plantação. Episódios de Racismo Cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.
LISBOA, Felipe Stephan; BARBOSA, Altemir J. G. Formação em Psicologia no Brasil: um perfil dos cursos de graduação. IN: Psicologia, Ciência e Profissão, São Paulo, v. 29, n°4, p.718-737, 2009. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pcp/a/gXB9MC5P7jb3vffbhpyh3yn/?format=pdf&lang=pt
MALAQUIAS, Maria Célia (Org.). Psicodrama e Relações Étnico-Raciais: diálogos e reflexões. São Paulo: Ágora, 2020.
MARINEAU, René F. Jacob Levy Moreno, 1889-1974: fundador do psicodrama, da sociometria e da sociatria. São Paulo: Editora Ágora, 1992.
MBEMBE, Achille. Necropolítica. 3. ed. São Paulo: n-1 edições, 2018.
MORENO, Jacob Levy. Psicodrama. São Paulo: Editora Cultrix, 2016.
RAMALHO, C. M. Aproximações entre Jung e Moreno. São Paulo: Ágora, 2002.
RAMOS, Alberto Guerreiro. Negro Sou: A questão étnico racial e o Brasil: Ensaios, Artigos e Outros Textos (1949-1973). Organização Muryatan S. Barbosa. 1°ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2023.

Downloads

Publicado

2025-03-28

Como Citar

Formiga, G. (2025). RELATO DE UMA PSICODRAMATISTA PRETA E OS COMPROMISSOS DO PSICODRAMA BRASILEIRO NO SÉCULO XXI. Conecte-Se! Revista Interdisciplinar De Extensão, 8(17), 128–142. Recuperado de https://periodicos.pucminas.br/conecte-se/article/view/34453