RAÍZES E ANCESTRALIDADE:
um processo grupal sociodramático como enfrentamento do racismo na escola
DOI:
https://doi.org/10.5752/P.2594-5467.2024v8n17p103-121Palavras-chave:
Racismo, Adolescentes, SociodramaResumo
O racismo se faz presente no dia a dia escolar, e traz impactos severos na saúde e desenvolvimento de crianças e adolescentes negros. Ao pensar na emergente situação vivida por esses alunos, foi realizada uma atividade de extensão por estudantes do quarto ano de Psicologia em uma escola pública, com a proposta de uma pesquisa-intervenção sociodramática que buscou compreender de que forma o racismo se apresenta nas relações dos adolescentes, e ao mesmo tempo oportunizar um espaço em grupo de escuta, reflexão e contato com a Cultura Africana e Afro-brasileira. A pesquisa contou com a participação de 6 adolescentes, autodeclarados pretos e pardos. A investigação iniciou-se com observações participantes na escola, e em seguida, aconteceram 13 encontros interventivos, utilizando sociodramas temáticos orientados pelo letramento racial como método. A análise dos resultados teve como base a análise de conteúdo e foram estabelecidas três categorias de análise empíricas: vínculos afetivos, resgate epistêmico e racismo e seus impactos. Observou-se que o sociodrama potencializou o trabalho com o racismo no contexto escolar, possibilitando que cada participante tivesse voz. Além disso, foi possível perceber a relevância do contato com conteúdos relacionados à Cultura Africana e Afro-Brasileira, o que possibilitou uma ressignificação do olhar para ancestralidade dos adolescentes. Ainda, notou-se ao longo do processo grupal a co-construção do grupo como um lócus de saúde e fator de proteção aos impactos identificados.
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