Desmediatização, Infodemia e fake news na cultura digital
Resumo
Neste artigo, discuto o fenômeno da desmediatização (HAN, 2017; 2018) e sua relação direta com pandemia de informação (Infodemia) e a antiquíssima prática social, com base política e econômica, de divulgação de notícias falsas (modernamente conhecidas como fake news) como consequência da vulgarização de opiniões disruptivas propagadas pela cultura digital. Com base na abordagem antagonística de Mouffe (2015) – que reconhece a inerradicabilidade da dimensão conflituosa da vida social, proponho olhar a disseminação de fake news, tanto na mídia como nas redes sociais, a partir de uma dimensão ideológica de forças pulsionais que mobiliza paixões e crenças; cria mitos e fantasias apoiada em uma moralidade forjada na narrativa antitética do nós/eles. Para isso, analiso dois contextos enunciativos distintos: o primeiro se refere à divulgação pela mídia, em 2011, primeiro ano de mandato de Dilma Rousseff (PT), da notícia de que o MEC chancelou a distribuição de material didático que defende e estimula erros de concordância verbal no ensino de Língua Portuguesa; o segundo, dez anos depois, em 2021, na gestão de Jair Bolsonaro (sem partido), a notícia da proposta de reforma eleitoral, apresentada pela câmara dos deputados, que dificulta as plataformas digitais de punirem candidatos que divulguem fake news nas eleições de 2022. Tais eventos explicam como narrativas desmediatizadas sustentam e recriam o antagonismo estrutural como ponto fundante das sociedades modernas e se potencializam na cultural digital.
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Referências
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