No limiar da escrita:
a morte do autor e metaficção em Os guarda-chuvas cintilantes, de Teolinda Gersão
Resumo
Este artigo tem como objetivo discutir sobre a “morte do autor” teorizada por Roland Barthes, bem como aplicar o conceito de metaficção a essa discussão teórica, porque tal definição atinge metaforicamente o “corpo que escreve”, revelando, contudo, a ficção sobre a própria ficção e sua identidade linguística na obra Os guarda-chuvas cintilantes, de Teolinda Gersão. Sabendo-se que a narrativa em estudo se compõe em forma de um diário, porém a obra não segue essencialmente tal estrutura, visto que há outras vozes imersas ao texto, bem como a personagem especula e reflete sua própria escrita e o papel que o leitor adquire nesse lugar, que é o da enunciação. A ideia é investigar como a perspectiva do autor, do narrador e das personagens constroem a linguagem e, por sua vez, o texto literário e, além disso, dá lugar ao leitor-autor virtual que está imerso no contexto da literatura moderna que procura ressignificar esse discurso metaficional e promover novas concepções como a do scriptor moderno que nasce com o texto, não tem passado, e enuncia que nele há um espaço de dimensões múltiplas, isto é, o texto enquanto tecido composto de citações e, sobretudo, que se casam e se contestam escritas variadas, nenhuma das quais é original. Para tanto, utiliza-se os seguintes autores, a saber: Roland Barthes (2004), Linda Hutcheon (1984), Michel Foucault (2001), Maurice Blanchot (2005), dentre outros.
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Referências
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