PODER E RELIGIÃO NA CONTEMPORANEIDADE: UM DIÁLOGO ENTRE RATZINGER, HABERMAS E AGAMBEN
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Resumo
RESUMO
O debate travado entre o filósofo Jürgen Habermas e o cardeal Joseph Ratzinger publicado, no Brasil, com o nome Dialética da Secularização: sobre razão e religião, é inspirador. Enquanto, em uma posição liberal, Habermas defende o império da razão prática como âncora do pluralismo entre religiosos e entre não religiosos e religiosos, Ratzinger propugna pela anterioridade do criador a qualquer projeto humano, e pela existência de um ethos ocidental que correlacione razão com religião. Longe das perspectivas liberal e conservadora, Giorgio Agamben pensa uma nova forma de relacionamento humano. Reflete sobre a possibilidade da inoperosidade ou da despotencialização/desativação da política violenta imposta pelo Estado e pelo mercado. Em O Reino e a Glória denuncia a centralidade do elemento religioso nas formas de vida política, jurídica e material do mundo ocidental e, em Profanações, propõe a subversão da vinculação da religião com as formas institucionais de poder. Neste artigo coloca-se, lado a lado, o pensamento liberal do formulador da teoria do agir comunicativo, o conservador - de Bento XVI - e, por fim, o anárquico, do jusfilósofo italiano, tendo por objeto o problema da religião na sua conexão com as instituições políticas, jurídicas e econômicas. PALAVRAS-CHAVE: Secularização. Religião. Poder. Política. Linguagem.
ABSTRACT
The debate between philosopher Jürgen Habermas and Cardinal Joseph Ratzinger - entitled The Dialectics of Secularization: On Reason and Religion - is inspiring. While Habermas liberally defends practical reason as the anchor of pluralism among religious people and among religious and non-religious people, Ratzinger advocates the creator’s precedence to any human project and the existence of a Western Ethos that correlates reason with religion. Far from liberal and conservative perspectives, Giorgio Agamben considers a new type of human relationship. He reflects on the possibility of the inoperosity or disempowerment/decommissioning of the violent policts imposed by the State and by the market. In The Kingdom and the Glory, Agamben criticizes the centrality of the religious element in the political, legal, and material aspects of life in the Western world, and, in Profanations, he proposes the subversion of associating religion with institutional forms of power. This study compares the liberal point of view of the formulator of the theory of communicative action, the conservative thought of Pope Benedict XVI, and the anarchic thinking of the Italian, legal philosopher, considering the issue of religion and its relationship with political, legal and economic institutions.
KEYWORDS: Secularization. Religion. Power. Policy. Language.
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