ENTRE O POLÍTICO E O SAGRADO: O HOMO SACER CONTEMPORÂNEO
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Resumo
Este artigo tem como objetivo salientar o estado de exceção em caráter permanente, constituinte medular dos regimes democráticos na contemporaneidade, gerador da tensão entre o ressentimento – fomentador do poder soberano – e a elaboração de uma nova ética, com novos princípios humanizadores. A materialização desta incongruência apresenta-se na figura do homo sacer - sujeito que pode ser radicalmente desprezado e, no limite, aniquilado, sem que tal ato seja passível de pena àqueles que a isso tenham dado causa – por ser paradoxal, na medida em que é excluído, lançado em uma zona indeterminada, tornando-se invisível para o biopoder. Em contra partida, sua sobrevivência denuncia a presença do estado de exceção, aflorando a urgência da profanação dos mecanismos que foram sacralizados pela biopolítica. Entre o político e o sagrado depara-se com a politização da morte na medida em que a exceção, vivenciada nos campos de concentração e nos presídios, é transplantada para fora destas realidades. Esta flutuação da morte de zonas sombrias, para contextos teoricamente ordinários, propicia discrepâncias entre técnica e ética, medicina e direito, preservação da vida e dignidade humana. Defronta-se com questões de profundo teor bioético quando a vida nua é exposta em sua extrema vulnerabilidade.
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