TRAJETÓRIA FEMININA NAS RUAS: UM OLHAR DA PSICOLOGIA NA PROMOÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS EM UMA POLÍTICA PÚBLICA PARA MULHERES
Palavras-chave:
Direitos Humanos, Mulheres em situação de violência e vulnerabilidade social, Trajetória de vida nas ruas, Redução de danos, Clínica PeripatéticaResumo
O presente artigo é resultado da experiência de estágio curricular obrigatório “Direitos Humanos e Inclusão”, do curso de Psicologia da PUC Minas Praça da Liberdade, desenvolvida no segundo semestre de 2022. Tal proposta de estágio, teve como objetivo a realização de observação e intervenção psicológica das/os estagiária/os no Centro Integrado de Atendimento à Mulher (CIAM), na perspectiva de promoção e proteção dos direitos humanos. A prática teve a intenção de proporcionar às/aos alunas/os, o acompanhamento do cotidiano e de intervenções psicossociais realizadas no âmbito da referida política pública para mulheres em situação de vulnerabilidade social, com trajetória de vida nas ruas, em uso prejudicial de álcool e de outras drogas, bem como em situação de violência doméstica, percebendo seus impasses, desafios e potencialidades. O referencial teórico adotado, levando-se em consideração a complexidade do campo, teve como eixo central a clínica peripatética (LANCETTI, 2005) em articulação com o paradigma da redução de danos, além da perspectiva interseccional do feminismo negro. O enlaçamento entre teoria e prática colocou as/os estagiárias/os em contato com vulnerabilidades de diversas ordens, nos convocando a pensar o saber e o fazer da psicologia de outros modos. Fomos levados a mudar a ótica com que enxergamos as pessoas em situação de rua, considerando que não se pode ignorar uma realidade que grita sua existência. A prática de observação e intervenção no CIAM traz reflexões sobre a vivência dessas mulheres que são negligenciadas e, em certo ponto, desumanizadas por uma sociedade insensível à sua existência. Foi possível acompanhar de perto barreiras invisíveis que, impostas pelo sistema, alteram não apenas a posição social dessas mulheres, mas a construção delas enquanto sujeitos de direitos, suas relações com o outro e a maneira como constroem suas identidades.
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