O RESTO QUE A PANDEMIA DESVELA
Palavras-chave:
Luto, Pandemia, Redes de Apoio, TransitoriedadeResumo
O presente trabalho tem como objetivo refletir sobre a atualidade e aplicabilidade das contribuições freudianas no que tange os períodos de guerra e morte para a atual crise sanitária decorrente do novo coronavírus no contexto brasileiro. Para tanto foram estabelecidas relações entre os impactos da pandemia do COVID-19 observadas nos diferentes usos que as pessoas fazem da Internet e as elaborações de Freud sobre as reações dos civis frente às perdas na Primeira Guerra Mundial presentes em seus textos “Reflexões para os tempos de guerra e morte” (1915) e “Sobre a transitoriedade” (1915/1916). Nesse sentido, observamos dois movimentos contrários e frequentes dos sujeitos diante da crise sanitária, de um lado encontramos aqueles que negligenciam a ameaça buscando manter a ilusão de uma imortalidade e do que Freud (1915, p. 117) chamou de “(...) ego todo-poderoso e autocrático” enquanto outros sentem-se desiludidos e abatidos frente ao horror das mortes. Salientamos também que a crise econômica e política brasileira se apresenta enquanto um agravante no enfrentamento da crise sanitária imposta pela Covid-19 indo ao encontro das elaborações de Freud (1915). Por fim, para além das reações extremas, notamos também ações particulares que consentem com as perdas mas buscam um resgate da dignidade humana, como é o caso das redes de apoio criadas no ambiente virtual para manutenção da subsistência dos menos favorecidos, educação, lazer e cultura, bem como a criação do perfil na rede social Instagram “@inumeraveismemorial” que é dedicado à história de cada uma das vítimas do coronavírus no Brasil. Ressaltando assim possibilidades de um trabalho de luto e valorização da vida, que tentam incluir a existência da morte ainda que enquanto uma realidade não dizível em primeira pessoa, como nos aponta a psicanálise.
Downloads
Referências
DOMINGUES, Edgar et al. Cenários de isolamento social da Covid-19 e impactos econômicos em Minas Gerais. Belo Horizonte: Cedeplar, 2020.
FREUD, S. Reflexões para os tempos de guerra e morte. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, v. XIV. Rio de Janeiro: Imago, 1915/1974.
FREUD, S. Sobre a Transitoriedade. Edição Standard Brasileiras das Obras Completas de Sigmund Freud, v. XIV. Rio de Janeiro: Imago, 1915b/1974.
GOHN, Maria da Glória. Movimentos sociais na contemporaneidade. Rev. Bras. Educ. , Rio de Janeiro, v. 16, n. 47, pág. 333-361, agosto de 2011. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-4782011000200005&lng=en&nrm=iso>. acesso em 09 de Setembro de 2020. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-24782011000200005.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Coronavírus: o que você precisa saber. Disponível em: <https://coronavirus.saude.gov.br/> Acesso em: 14 de setembro de 2020.
TAPIAS, José Antônio. Internautas e Náufragos: A busca de sentido na cultura digital. São Paulo: Loyola, 2006.
TERRA. Praias do Rio lotam mesmo com proibição por covid-19. Disponível em: <https://www.terra.com.br/noticias/coronavirus/praias-do-rio-lotam-mesmo-com-proibicao-por-covid-19,51864d977997313caf5ed117018f3c01ht8h05sq.html> Acesso em: 14 de setembro de 2020.
UOL. Brasil é destaque no mundo por esconder dados de mortes por covid-19. Disponível em:<https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/bbc/2020/06/08/brasil-e-destaque-no-mundo-por-esconder-dados-de-mortes-por-covid-19.htm> . Acesso em: 14 de setembro de 2020.
XAVIER, FERNANDO et al . Análise de redes sociais como estratégia de apoio à vigilância em saúde durante a Covid-19. Estud. av., São Paulo , v. 34, n. 99, p. 261-282, a. 2020 .Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142020000200261&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 14 de setembro de 2020.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de publicação inicial, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons CC BY 4.0, e pelos direitos de publicação. Os autores podem publicar seus trabalhos on-line em repositórios institucionais / disciplinares ou nos seus próprios sites.