A imagem da mídia: o telejornalismo brasileiro sob suspeita
DOI:
https://doi.org/10.5752/P.2358-3428.2018v22n45p179-190Palavras-chave:
Mídia, Ethos, Pathos, Telejornalismo, Análise do Discurso.Resumo
Há vários anos, no Brasil, presenciamos ataques recíprocos entre algumas instituições midiáticas. Elas trocam acusações em espaços e horários nobres, sobretudo nos telejornais, sob a forma de reportagem. É a mídia sendo notícia na mídia, de maneira espetacularizada. Com isso, elas acabam forjando e alimentando o ethos umas das outras, valendo-se de recursos argumentativos carregados de pathos. Ao argumentar, elas buscam convencer, persuadir, seduzir e emocionar o público consumidor. Chamado e interpelado em suas crenças e em seus sentimentos, o telespectador é levado, de alguma forma, a se posicionar diante das denúncias. Assim, vemos, lemos e ouvimos, diariamente veiculadas pela mídia, notícias sobre escândalos financeiros e políticos ligados a essas instituições midiáticas. Tendo como pano de fundo esse contexto conflituoso da mídia, propomos, aqui, uma reflexão cujo objetivo geral é analisar discursivamente a construção das identidades dessas instituições e o uso das emoções para se justificarem e acusarem umas as outras. Com suas práticas discursivas, de suas atitudes e de seus posicionamentos ideológicos, elas acabam por afetar os telespectadores, os pathemizar. Além disso, esse espetáculo midiático grotesco forja, por espelhamento, nossas próprias identidades coletivas. Neste artigo, analisamos, sem a pretensão de exaurir o tema, visto que a questão se arrasta por décadas, algumas manchetes de jornais e também materiais recolhidos das mídias sociais sobre essa “guerra midiática”, no intuito de percebermos nesse corpus a construção do ethos dessas instituições, a estrutura argumentativa presente e as emoções visadas e suscitadas no público.
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