Dominar o corpo da mulher é violentá-lo: a progressão metafórica no texto “Os 18 vendilhões”, de Eliane Brum
DOI:
https://doi.org/10.5752/P.2358-3428.2018v22n45p191-204Palavras-chave:
Discurso midiático. Gênero. PEC 181/2015. Metáfora conceitual. Linguística cognitiva.Resumo
O discurso veiculado em um espaço como o da coluna de opinião de um periódico de ampla abrangência, possibilita que assuntos da atualidade sejam amplamente propagados e também discutidos, fomentando, em grande parte das vezes, a consciência (crítica) da população. É comum, nesse tipo de discurso, nos depararmos com metáforas, as quais fazem parte não somente da nossa linguagem, mas também do nosso pensamento e das nossas ações, tratando-se de um significado construído no nosso cotidiano, na nossa sociedade e na nossa cultura. Nesse viés, o presente trabalho se propõe a apresentar e discutir a progressão metafórica presente no artigo “Os 18 vendilhões”, da jornalista Eliane Brum, publicado em uma coluna de opinião de um periódico renomado. A partir da análise do texto por meio de ferramentas da Linguística de Corpus, elencaram-se expressões linguísticas que direcionaram a uma metáfora que perpassa o texto do início ao fim: os jogos de poder (de gênero/ de raça). Juntamente a essa metáfora, três subcategorias, quais sejam política, religião e raça, contribuem para a construção da argumentação da autora sobre o poder estruturalmente construído que os homens ainda têm sobre as mulheres em diferentes cenários.
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