O Hipupiára e a poética: uma reflexão sobre os limites do verossímil e da autópsia no século XVI

Autores

  • Marcello Moreira Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia https://orcid.org/0000-0001-6827-2772
  • Manoela Freire Correia Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Programa de Pós-Graduação em Memória: Linguagem e Sociedade

DOI:

https://doi.org/10.5752/P.2358-3428.2019v23n47p203-214

Palavras-chave:

Pero de Magalhães de Gandavo, Retórica, Poética, Autópsia, Verossimilhança

Resumo

 

Resumo: O estudo tem como matéria práticas de descrição e, também, uma imagem manuscrita, e outra, análoga, impressa, que compõem livros de Pero de Magalhães de Gandavo, intitulado, o primeiro - manuscrito depositado nos dias de hoje no Museu do Escorial -, Historia da prouincia Sancta Cruz, a que ulgar mente chamamos Brasil: feita por Pero Magalhães de Gandauo, dirigida ao muito Illustre Sñor Do Lionis Pereira, e, o segundo, Historia da prouincia Sãcta Cruz a que ulgarmente chamamos Brasil feita por Pero de Magalhães de Gandauo dirigida ao mui Illusmo Dom Lionis Pa gouernador que foy de Malaca e das demais partes do Sul da India - encontrado no acervo da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Objetiva-se compreender como a figuração do monstro Hipupiára, presente nas duas versões do livro de Pero de Magalhães de Gandavo acima mencionados, é constituída poética e retoricamente, evidenciando-se processos de analogia, fundamentais para a composição dos corpora monstrorum, e a relação entre história, poética, autópsia e verossimilhança.   

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Biografia do Autor

Marcello Moreira, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Professor PLeno de Letras Luso-Brasileiras e de Historiografia e História Literária. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq.

Manoela Freire Correia, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Programa de Pós-Graduação em Memória: Linguagem e Sociedade

Mestre em Memória: Linguagem e Sociedade

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Publicado

24-05-2019

Como Citar

MOREIRA, Marcello; CORREIA, Manoela Freire. O Hipupiára e a poética: uma reflexão sobre os limites do verossímil e da autópsia no século XVI. Scripta, Belo Horizonte, v. 23, n. 47, p. 203–214, 2019. DOI: 10.5752/P.2358-3428.2019v23n47p203-214. Disponível em: https://periodicos.pucminas.br/scripta/article/view/18973. Acesso em: 19 maio. 2025.