Pode-se levar a sério o PISA? Entrevista com Bertrand Daunay e Daniel Bart
DOI:
https://doi.org/10.5752/P.2358-3428.2019v23n48p201-205Palavras-chave:
PISA, Avaliação Internacional, LeituraResumo
Como se sabe, o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA – do inglês Programme for International Student Assessment) é um empreendimento conduzido pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Trata-se de uma avaliação comparada, aplicada a estudantes na faixa etária dos 15 anos, idade em que se estima o término da escolaridade básica obrigatória na maioria dos países que participam da avaliação, o que, no Brasil, corresponde ao final do Ensino Fundamental.
De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), órgão responsável pela realização do PISA no Brasil, o objetivo desse programa é produzir indicadores sobre a qualidade da educação oferecida nos países participantes, de modo a promover discussões que subsidiem políticas de melhoria da educação básica. As avaliações acontecem a cada três anos, abrangendo três áreas do conhecimento – Letramento em Leitura, Cultura Matemática e Cultura Científica –, sendo que a cada ano uma dessas três áreas é enfatizada. Segundo a OCDE, não se trata somente de avaliar o que os alunos sabem em leitura, matemática e ciências, mas também de compreender o que eles são capazes de fazer com esses conhecimentos. Além de diagnosticar competências dos estudantes, o PISA ainda procura coletar informações que possam relacionar o desempenho dos estudantes a variáveis demográficas, socioeconômicas e educacionais, de modo que tais informações possam ser utilizadas pelos poderes públicos como um instrumento na idealização, planejamento, implementação e refinamento de políticas educativas.
No ano de 2018, a área de conhecimento enfatizada foi a Leitura: momento oportuno para esta entrevista com os professores e pesquisadores Bertrand Daunay e Daniel Bart, especialistas franceses que publicaram (para além de vários artigos sobre o tema nos últimos anos) em 2016, pelas edições Croquant, na França, a obra Les blagues à PISA: le discours sur l’école d’une institution internacionale e, em 2018, pela editora Mercado de Letras, para satisfação dos leitores brasileiros interessados na temática, “Pode-se levar a sério o PISA? O tratamento do texto literário em uma avaliação internacional”, convite a uma análise crítica e, em consequência, a uma reflexão engajada em melhor compreensão de uma faceta dessa avaliação de impacto global.
Downloads
Referências
ALAVARSE, Ocimar Munhoz. PISA, um viés ideológico. Entrevista concedida à Carta Educação. 15 mar. 2016. Disponível em: <http://www.cartaeducacao.com.br/entrevistas/pisa-um-vies-ideologico/>. Acesso em: 6 jun. 2018.
BAIN, Daniel. PISA et la lecture: un point de vue de didacticien. Analyse critique de la validité didactique d’une enquête internationale sur la compréhension de l’écrit. Revue suisse des sciences de l’éducation, França v. 25, n. 1, p. 59-78, 2003.
BARTHES, Roland. Mitologias. Rio de Janeiro: DIFEL, 1957 [2013].
BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Perguntas e respostas mais frequentes do PISA 2015. 2016. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/acoes_internacionais/pisa/documentos/2016/pisa_brasil_2015_perguntas_e_respostas.pdf>. Acesso em: 6 abr. 2018.
BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). PISA – Programa Internacional de Avaliação de Estudantes. O que é o PISA?. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/web/guest/pisa>. Acesso em: 12 abr. 2018.
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Resultado do PISA 2015 é tragédia para o futuro dos jovens, afirma ministro. 2016. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/component/content/index.php?option=com_content&view=article&id=42741:resultado-do-pisa-de-2015-e-tragedia-para-o-futuro-dos-jovens-brasileiros-afirma-ministro&catid=211&Itemid=86>. Acesso em: 3 abr. 2018.
CHEVALLARD, Yves. Vers une analyse didactique des faits d’évaluation. In: DE KETELE, Jean-Marie. (Ed.). L’évaluation: approche descriptive ou prescriptive? Bruxelles: De Boeck, 1986. p. 31-59.
DABÈNE, Michel. L’évaluation de la lecture: approches didactiques et enjeux sociaux. Lidil, França, n. 10, p. 7-12, 1994.
DELCAMBRE, Isabelle. La note: mesure ou message?. Recherches, França, n. 21, p. 17-23, 1994.
DESROSIÈRES, Alain. The politics of large numbers: a history of statistical reasoning. London: Harvard University Press, 1993 [1998].
DUCROT, Oswald. O dizer e o dito. São Paulo: Pontes, 1984 [1987]. EDUCAÇÃO & SOCIEDADE, v. 37, n. 136, 2016.
FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005.
GOLDSTEIN, Harvey. Measurement and evaluation issues with PISA. In: VOLANTE, Louis. (Ed.). The PISA effect on global educational governance. London: Routledge, 2017. p. 49-58.
GOODY, Jack. Competencies and education: contextual diversity. In: RYCHEN, Dominique S.; SALGANIK, Laura S. (Eds.). Defining and selecting key competencies. Bern: Hogrefe e Huber, 2001. p. 175-189.MARTINS, Luísa. Brasil está entre os piores do mundo em avaliação de educação. Jornal O Estado de S. Paulo. 2016. Disponível em: <http://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,brasil-esta-entre-os-piores-do-mundo-em-avaliacao-de-educacao,10000092814>. Acesso em: 3 abr. 2018.
MEYER, Heinz-Dieter; BENAVOT, Aaron. (Eds.). PISA, power, and policy: the emergence of global educational governance. Oxford: Symposium Books, 2013.
MONS, Nathalie; PONS, Xavier. La réception de PISA en France: connaissance et régulation du système éducatif. Paris: OSC, 2009.
NONNON, Elisabeth. Entre description et prescription, l’institution de l’objet: qu’évalue-t-on quand on évalue l’oral?. Repères, França, n. 31, p. 161-188, 2005.
OLIVEIRA, Adilson Ribeiro de. Todo mundo só pensa naquilo: representações como elemento constitutivo de competências de leitura. Curitiba: Appris Editora, 2017.
ORGANISATION DE COOPÉRATION ET DE DÉVELOPPEMENT ÉCONOMIQUES (OCDE). Le cadre d’évaluation de PISA 2009: les compétences clés en compréhension de l’écrit, en mathématiques et en sciences. PISA Éditions OCDE, 2012.
ORGANISATION DE COOPÉRATION ET DE DÉVELOPPEMENT ÉCONOMIQUES (OCDE). Résultats du PISA 2015 (Volume I) - L’excellence et l’équité dans l’éducation – fr. Disponível em: <http://www.oecd.org/fr/education/resultats-du-pisa-2015-volume-i-9789264267534-fr.htm>. Acesso em: 12 abr. 2018.
OCDE. Mesurer les compétences et connaissances des élèves. Un nouveau cadre d’évaluation. Paris : Éditions OCDE, 1999.
OCDE. Cadre d’èvaluation et d »anlyse du cycle PISA 2012 : Compétences en mathématiques, en compréhension de l’écrit, en sciences, en résolution de problèmes et en matières financières. Paris : Éditons OCDE, 2013.
ROBIN, Isabelle. L’enquête PISA sur les compétences en lecture des élèves de 15 ans: trois biais culturels en question. VEI Enjeux, França, n. 129, p. 65-91, 2002.
ROMAINVILLE, Marc. Du bon usage de PISA. La revue nouvelle, França, n. 3-4, p. 86-99, 2002.
SJØBERG, Svein. PISA and global educational governance. A critique of the project, its uses and implications. Eurasia Journal of Mathematics, Science & Technology Education, London (UK), v. 1, n. 11, p. 111-127, 2015.
SJØBERG, Svein. OECD, PISA, and globalization: the influence of the international assessment regime. In: TIENKEN, Christopher H.; MULLEN, Carol A. (Eds.). Education policy perils: tackling the tough issues. London: Routledge, 2016. p. 102-133.
TEIXEIRA, Francimar Martins; NARDI, Roberto; LIMA, Kênio Erithon Cavalcante. Precariedade no ensino das ciências? Analisando o PISA como formação discursiva. Tópicos educacionais, Recife, v. 23, n. 1, 2017. Disponível em: <https://periodicos.ufpe.br/revistas/topicoseducacionais/article/view/230487>. Acesso em: 6 jun. 2018.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
O envio de qualquer colaboração implica, automaticamente, a cessão integral dos direitos autorais à PUC Minas. Solicita-se aos autores assegurarem:
- a inexistência de conflito de interesses (relações entre autores, empresas/instituições ou indivíduos com interesse no tema abordado pelo artigo), e
- órgãos ou instituições financiadoras da pesquisa que deu origem ao artigo.
- todos os trabalhos submetidos estarão automaticamente inscritos sob uma licença creative commons do tipo "by-nc-nd/4.0".