A ex-cêntrica negritude do Pequeno Príncipe Preto (2020): considerações sobre a influência pós-moderna em narrativas descentralizadas
DOI:
https://doi.org/10.5752/P.2358-3428.2022v26n56p233-243Palavras-chave:
Literatura infantil negra, O pequeno príncipe preto, Paródia, Pós-modernismoResumo
Não é de hoje que sujeitos pertencentes aos grupos minoritários têm encontrado formas de resistir perante situações de opressão e sua condição de marginalizados. No Brasil, desde o período escravocrata, os sujeitos negros têm vivenciado situações desumanizadoras e, consequentemente, foram relegados à margem da sociedade. O pós-modernismo, em meados do século XX, dentre suas elaborações plásticas em todas as manifestações artísticas, propiciou um espaço para a voz dos sujeitos ex-cêntricos – descentralizados. No romance O pequeno príncipe preto (2020), do escritor brasileiro Rodrigo França, constatamos uma nítida manifestação pós-moderna por tratar-se de uma paródia que mantêm relações intertextuais com a história dos povos africanos que foram submetidos a escravidão. Em vista disso, partindo das considerações de Linda Hutcheon sobre o pós-modernismo na literatura, no presente estudo analisar-se-á a ex-cêntricidade pós-moderna do príncipe preto, mostrando como o personagem recupera discursos históricos e os reinterpreta, questiona-os sem negá-los. No que diz respeito aos objetivos almejados, o presente estudo busca mostrar como uma narrativa infanto-juvenil contemporânea, cuja autor é oriundo de grupos minoritários, reverbera o discurso pós-moderno em níveis temáticos e formais.
Downloads
Referências
ADICHIE, Chimamanda Ngozi. O perigo de uma história única. 1. ed. Trad. Julia Romeu. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
ASHCROFT, Bill. Post-Colonial transformation. London: Routledge, 2001.
BAKHTIN, M. Epos e romance (sobre a metodologia do estudo do romance). In: _____. Questões de literatura e de estética: a teoria do romance. Trad. Aurora Fornoni Bernardini. 7.ed. São Paulo: Hucitec, 2014.
CUDJOE, Selwyn R. Resistance and Caribbean Literature. Athens, OH, and London: Ohio University Press, 1980.
FORTES, Rita Felix; ZANCHET, Maria Beatriz; LOTTERMANN, Clarice. Tradição, estética e palavra na literatura infanto-juvenil. Cascavel: Gráfica Universitária - UNIOESTE, 1996. v. 1. 203p.
FRANÇA, Rodrigo. O pequeno príncipe preto. 1. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2020.
GOUVÊA, Maria Cristina Soares de. Imagens do negro na literatura infantil brasileira: análise historiográfica. Educação e pesquisa, v. 31, p. 79-91, 2005.
HUTCHEON, Linda. Poética do pós-modernismo: história, teoria, ficção. Trad. Ricardo Cruz. Rio de Janeiro: Imago, 1991.
KRISTEVA, Julia. Introdução à semanálise. São Paulo: Perspectiva, 1974.
PERRONE-MOISÉS, Leyla. Altas literaturas: escolha e valor na obra crítica de escritores modernos. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
RIBEIRO, Djamila. Quem tem medo do feminismo negro?. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.
ROSENFELD, Anatol. Reflexões sobre o romance moderno. In: ___. Texto/contexto. 5. ed. São Paulo: Perspectiva, 1996, p. 75-97.
SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. O Pequeno Príncipe. Rio de Janeiro: Editora Agir, 2002.
SOUZA, Neusa Santos. Tornar-se negro ou as vicissitudes da identidade do negro brasileiro em ascensão social. Rio de Janeiro: Graal, 1983.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
O envio de qualquer colaboração implica, automaticamente, a cessão integral dos direitos autorais à PUC Minas. Solicita-se aos autores assegurarem:
- a inexistência de conflito de interesses (relações entre autores, empresas/instituições ou indivíduos com interesse no tema abordado pelo artigo), e
- órgãos ou instituições financiadoras da pesquisa que deu origem ao artigo.
- todos os trabalhos submetidos estarão automaticamente inscritos sob uma licença creative commons do tipo "by-nc-nd/4.0".