As intermitências da vida: a morte e o violoncelista

Authors

  • Augusto Rodrigues da Silva Júnior

Keywords:

Morte, Literatura, Saramago, Representação, Tanatografia.

Abstract

Este trabalho analisa As intermitências da morte, de José Saramago (2005), um romance que representa a morte como personagem em crise: que deixa de matar, que se metamorfoseia por amor e que passa a dormir – ela que nunca dormia. O dialogismo com o filósofo Pascal anuncia uma visão pessimista, mas uma aproximação com o crítico Terry Eagleton demonstra que o livro português é um convite para entender a realidade por meio do trespasse e do nãoser. Assim, podem-se avaliar as condições históricas e existenciais de nossa época e uma escrita da morte que lembra que só podemos viver conscientes de nossa condição efêmera. Essa tanatografia é uma forma de burlar aquilo que é interdito pelo silêncio. Depois do último ato encenam-se discursivamente a volatilidade do ser, as transformações de nossa época e o parco tempo das ações humanas precipitando-se no átimo de uma vida.



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DVD NTSC.

Published

2008-12-10

How to Cite

RODRIGUES DA SILVA JÚNIOR, Augusto. As intermitências da vida: a morte e o violoncelista. Scripta, Belo Horizonte, v. 12, n. 23, p. 67–83, 2008. Disponível em: https://periodicos.pucminas.br/scripta/article/view/4413. Acesso em: 21 aug. 2025.

Issue

Section

Dossiê: O neutro e a negatividade - representações da morte na literatura