O romance A casa da água e a representação dos afro-brasileiros na África em finais do século XIX
DOI:
https://doi.org/10.5752/P.2358-3428.2017v21n42p171Keywords:
Agudás, Diáspora, Estranho, Hospitalidade, Viagem, A casa da água, Antonio Olinto,Abstract
No ano de [1889] 1900 ocorreu a viagem de retorno da ex-escravizada africana Catarina Pereira Chaves, e de seus familiares brasileiros à cidade nigeriana de Lagos. Esta viagem foi recriada pelo escritor Antonio Olinto, nas linhas do romance A casa da água (1988). Nesta obra, a narrativa da experiência de brasileiros descendentes de ex-escravizados, na condição de estrangeiros na África, envolve temáticas como a estranheza, a hospitalidade e os conflitos decorrentes do ingresso desses indivíduos na ordem social, política e econômica das cidades da Costa dos Escravos, de onde anteriormente haviam sido trasladados, durante a diáspora, os seus ascendentes. Em Lagos, a comunidade brasileira organizou-se em torno dos seus grandes homens, negociantes ricos com quem se abasteciam e de quem dependiam as famílias mais desfavorecidas, constituindo uma rede de clientela, cujo sentido de unidade veio a resultar na organização e na ocupação de um bairro brasileiro denominado Brazilian Quarter. Nesse sentido, abordamos a relação entre os afro-brasileiros e os africanos que os receberam, sob o ponto de vista do binômio estranheza/hospitalidade. Tal abordagem se dá com base nos apontamentos de Jacques Derrida, a partir das noções de hospitalidade e de “hos-ti-pitalidade”, termo criado pelo filósofo para se referir às circunstâncias em que a hospitalidade é pervertida pela hostilidade. Com base nesses elementos, a partir da narrativa da mencionada obra olintiana, discorremos sobre os percursos de brasileiros na cidade de Lagos.
Downloads
References
ALBUQUERQUE, João Lins de. Antonio Olinto: 90 anos de paixão. Memórias póstumas de um imortal. São Paulo: Editora de Cultura, 2009.
BRUNEAU, Michel. Espaços e territórios de diásporas. In: BRUNEAU, Michel. Diásporas e espaços transnacionais. Tradução de Lucy Magalhães. Montpe-llier: Gip Reclus, 1995. p. 5-23. Digitado.
CONDÉ, Cláudia de Moraes Sarmento. São eu, estas coisas. Minas Gerais: Suprema, 2008.
CUNHA, Manuela Carneiro da. Negros, estrangeiros: os escravos libertos e sua volta à África. 2 ed. rev. e ampl. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
DERRIDA, Jacques. Anne Dufourmantelle convida Jacques Derrida a falar da hospitalidade. Tradução de Antonio Romane. São Paulo: Escuta, 2003.
FREUD, Sigmund. O estranho. In: FREUD, Sigmund. Obras completas. Belo Horizonte: Lê Livros, v. XVII, p. 3.721-3.750. Disponível em: .Acesso em: 24 jan. 2017.
GILROY, PAUL. O Atlântico negro: modernidade e dupla consciência. Tradução de Cid Knipel Moreira. São Paulo: Ed. 34; Rio de Janeiro: Universidade Cândido Mendes, Centro de Estudos Afro-Asiáticos, 2001.
GURAN, Milton. Agudás: os “brasileiros” do Benim. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.
HALL. Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Organização de Liv Solvi. Tradução de Adelaine La Guardia Resende. Belo Horizonte: Editora UFMG; Brasília: Representação da UNESCO no Brasil, 2003.
KNIGHT, Franklin W. A diáspora africana. In: AJAYI, Jacob Festus Adeniyi. História geral da África, VI: África do século XIX à década de 1880. Brasília: UNESCO, 2010. p. 875-904.
OLINTO, Antonio. A casa da água. 4. ed. Rio de Janeiro: Nórdica,1988.
OLINTO. Antonio. Brasileiros na África. Rio de Janeiro: Edições GRD, 1964.
OLINTO, Antonio. O rei de Keto. Ilustrações de Caribe. Rio de Janeiro: BertrandBrasil, 2007. (Trilogia Alma da África, v. 2).
OLINTO, Antonio. Trono de vidro. Rio de Janeiro: Nórdica, 1987.
PANCHANO, Lucrecia. Afrodescendencia. In: ZAMORANO, Alfredo Ocampo; ESCOBAR, Guiomar Cuesta. Antología de mujeres poetas afrocolombianas. Bogotá: Ministério de cultura, 2010. p. 107.
SECCO, Carmen Lúcia Tindó; SALGADO, Maria Teresa; JORGE, Silvio Renato (Org.). Pensando África: literatura, cultura e ensino. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2010.
VANCINA, Jan. Os movimentos populacionais e a emergência de novas formas sociopolíticas na África. In: AJAYI, Jacob Festus Adeniyi. Históia geral da África, V: África do século XVI ao XVIII. Brasília: UNESCO, 2010. p. 55-90.
VERGER, Pierre. Fluxo e refluxo do tráfico de escravos entre o golfo do Benim e a Bahia do Todos os Santos: dos séculos XVII a XIX. Tradução de Tasso Gadzanis. São Paulo: Corrupio, 1987.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
By submitting any manuscript (articles, reviews, or interviews) authors automatically assign full copyrights to PUC Minas. Authors are requested to ensure:
• The absence of conflicts of interest (relations between authors, companies/ institutions or individuals with an interest in the topic covered by the article), as well as funding agencies or sponsoring institutions of the research that culminated in the article.
This file is licensed under the Creative Commons Attribution - Share Alike 4.0 International.






