Safando a Mistida: deslizamentos entre trilogia, romance e palavra
Palavras-chave:
Literaturas africanas, Literatura guineense, Literatura menor, Mistida, Intertextualidade.Resumo
Este artigo propõe uma leitura de Mistida, romance do autor guineense Abdulai Silá, baseada em algumas estratégias narrativas por ele empregadas. Uma dessas estratégias é a intertextualidade com os romances anteriores – A última tragédia e A eterna paixão – aspecto que dá a Mistida papel estruturador no arranjo arquitetônico da trilogia de mesmo nome. Outra estratégia é aquela que Guatarri e Deleuze definiram como típica de uma literatura menor, a de desterritorializar uma língua maior, neste caso uma língua européia – a portuguesa –, oficial mas de pouca circulação entre a população em geral, e reterritorializá-la a partir das referências de outras culturas locais, sinalizando que algo sempre fica de fora do sistema dito maior. Para compreender essa estratégia, detive-me principalmente na palavra mistida, que nomeia a trilogia e o romance, palavra de uso comum – safar a mistida –, que, como um riff, uma frase melódica, tema ainda por ser resolvido, repete-se e nos desafia a decifrá-la.
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