A QUALIDADE INSTITUCIONAL AFETA O CRIME? APONTAMENTOS SOB A ÓTICA DA ECONOMIA COMPORTAMENTAL
Palavras-chave:
Economia Comportamental, Qualidade Institucional, Crime e Criminalidade, Análise Econômica do Direito Penal, Teoria da Dissuasão.Resumo
O presente artigo investiga a influência da qualidade institucional no comportamento criminoso, adotando a perspectiva da economia comportamental. O Brasil e a América Latina, caracterizados por altos índices de criminalidade e fragilidade institucional, servem como contexto para a análise. O estudo argumenta que a mera existência de sanções não é suficiente para dissuadir o crime, sendo crucial analisar como a percepção de risco influencia as decisões dos criminosos.
A pesquisa explora a teoria da dissuasão, destacando a importância da certeza, severidade e celeridade da punição. Através da revisão de literatura e da análise de dados, o artigo demonstra que a certeza da punição, ou seja, a probabilidade de um infrator ser capturado e punido, é o fator mais relevante na dissuasão criminal.
O estudo utiliza como estudo de caso a comparação entre o Amapá (Brasil) e a Guiana Francesa, regiões fronteiriças com níveis de criminalidade drasticamente diferentes. A análise revela que a Guiana Francesa, com um sistema de justiça criminal mais robusto e eficiente, apresenta uma taxa de homicídios significativamente menor que o Amapá, onde a impunidade é um problema crônico.
A pesquisa conclui que a qualidade institucional é um fator determinante para a redução da criminalidade. Investir em instituições de segurança pública e justiça eficazes, que garantam a certeza da punição, é crucial para combater a criminalidade na América Latina.
Downloads
Referências
BECKER, G. S. Crime and punishment: an economic approach. Journal of Political Economy, v. 76, p. 169-217, 1968.
CADERNO IERBB. Projeto Farol: luz sobre as Promotorias [digital]. Joana C. M. Monteiro, Julia Guerra Fernandes, Laura Angélica Moreira Silva (orgs.). Rio de Janeiro: Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Educação Roberto Bernardes Barroso (IERBB/MPRJ), Centro de Pesquisas do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (CENPE/MPRJ), 2020.
CERQUEIRA, Daniel; BUENO, Samira (coord.). Atlas da violência 2023. Brasília: Ipea; FBSP, 2023. DOI: https://dx.doi.org/10.38116/riatlasdaviolencia2023.
CHATTERJEE, Ishita; RAY, Ranjan. The role of institutions in the incidence of crime and corruption. Economics Discussion Papers, v. 13, n. 17. University of Western Australia: UWA Business School, abr. 2013.
CORRÊA, Leandro Muniz. O crime compensa? Um diálogo entre a economia comportamental e a criminologia, in FERREIRA, Iverson Kech Diálogos com a criminologia crítica. Porto Alegre: Canal Ciências Criminais, 2020. p. 13-25; v. 2.
COUTO, O. L. S. (2022). Ilegalismos e Sociabilidades Transnacionais: a Mitigação do Crime e o Controle Social a Partir das Mobilidades de Brasileiros na Fronteira Franco-Brasileira. Revista TOMO, (40), 311. https://doi.org/10.21669/tomo.vi40.15840.
Exame. Como o Piauí montou um esquema inédito para recuperar celulares roubados; entenda. 2024. Disponível em: <https://exame.com/brasil/como-o-piaui-montou-um-esquema-inedito-para-recuperar-celulares-roubados-entenda>. Acesso em: 13 nov. 2024.
FRANCO, Cleiton. Revisão de literatura e evidências empíricas sobre economia do crime. Revista UNEMAT de Contabilidade, v. 5, n. 9, p. 155-156, jan./jul. 2016. https://doi.org/10.30681/ruc.v5i9.813.
G1. Ministério da Justiça vai adotar estratégia de recuperação de celulares roubados criada pela polícia do Piauí. 2024. Disponível em: <https://g1.globo.com/pi/piaui/noticia/2024/04/05/ministerio-da-justica-vai-adotar-estrategia-de-recuperacao-de-celulares-roubados-criada-pela-policia-do-piaui.ghtml>. Acesso em: 13 nov. 2024.
G1. Sistema pioneiro no Brasil leva à devolução de mais de 5 mil celulares a vítimas de assaltos; conheça o modelo. 2024. Disponível em: <https://g1.globo.com/pi/piaui/noticia/2024/03/25/sistema-pioneiro-no-brasil-leva-a-devolucao-de-mais-de-5-mil-celulares-a-vitimas-de-assaltos-conheca-modelo.ghtml>. Acesso em: 13 nov. 2024.
G1. Conheça a nova estratégia que fez a polícia do Piauí recuperar mais de 5 mil celulares roubados em 8 meses. 2024. Disponível em: <https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2024/03/24/conheca-a-nova-estrategia-que-fez-a-policia-do-piaui-recuperar-mais-de-5-mil-celulares-roubados-em-8-meses.ghtml>. Acesso em: 13 nov. 2024.
G1. Isso é Fantástico: a estratégia da polícia do Piauí para combater o roubo de aparelhos de celular no estado. 2024. Disponível em: <https://g1.globo.com/fantastico/podcast/isso-e-fantastico/noticia/2024/03/24/isso-e-fantastico-a-estrategia-da-policia-do-piaui-para-combater-o-roubo-de-aparelhos-de-celular-no-estado.ghtml>. Acesso em: 13 nov. 2024.
GRAEFF, Beatriz (coord.). Onde Mora a Impunidade? Instituto Sou da Paz. 7ª ed, 2024. Disponível em <lp.soudapaz.org/onde-mora-a-impunidade>. Acesso em 12 de novembro de 2024.
Governo do Piauí. Piauí registra queda no número de homicídios, roubos e furtos no primeiro semestre de 2024. 2024. Disponível em: <https://www.pi.gov.br/noticia/piaui-registra-queda-no-numero-de-homicidios-roubos-e-furtos-no-primeiro-semestre-de-2024>. Acesso em: 13 nov. 2024.
INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (IPEA). Dinâmicas da violência no estado do Amapá: relatório preliminar. Brasília: IPEA, 2023.
KALKMANN, Tiago. Análise Econômica da Racionalidade do Acordo de Colaboração Premiada. Revista Brasileira de Direito Processual Penal, [S. l.], v. 5, n. 1, p. 469–504, 2019. DOI: 10.22197/rbdpp.v5i1.195. Disponível em: <https://revista.ibraspp.com.br/RBDPP/article/view/195>. Acesso em: 13 nov. 2024.
KAHNEMAN, Daniel. Rápido e devagar: duas formas de pensar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
LANGLADE, A., & LARCHET, K. (2023). L’homicide volontaire dans les Outre-mer français : une analyse descriptive contrastée. Criminologie, Forensique Et Sécurité, 1(1). https://doi.org/10.26034/la.cfs.2023.3825. Disponível em: <https://www.revue-cfs.net/article/view/3825/3695>. Acesso em 23 de outubro de 2024.
NORTH, Douglass C. Institutions. The Journal of Economic Perspectives, v. 5, n. 1, p. 97-112, Winter, 1991.
JAITMAN, Laura. Frontiers in the economics of crime: lessons for Latin America and the Caribbean. Latin American Economic Review, v. 28, n. 19, 2019. https://doi.org/10.1186/s40503-019-0081-5.
PASSOS, Danilo e SBICCA, Adriana. Economia do Crime: da Visibilidade de Gary Becker às Influências da Economia Comportamental. Economic Analysis of Law Review. EALR, V. 13, no 1, p. 114-135, Jan-Abr, 2022
PEREIRA, Rogério; FERNANDEZ, José-Carrera. A criminalidade na região policial da Grande São Paulo sob a ótica da economia do crime. Revista Econômica do Nordeste, Fortaleza, v. 31, n. especial, p. 898-918, nov. 2000.
PICKETT, Justin T. Using Behavioral Economics to Advance Deterrence Research and Improve Crime Policy: Some Illustrative Experiments. Published in Crime & Delinquency (2018). Disponível em: <http://journals.sagepub.com/doi/pdf/10.1177/0011128718763136>. Acesso em 23 de outubro de 2024.
SOUZA, André Luis de Souza; MONTAGNER, Oto Murer Küll. Economia do crime empírica: uma revisão bibliográfica da literatura brasileira. Informe Econômico (UFPI), v. 45, n. 2, p. 33, jul./dez. 2022.
SILVEIRA, Gustavo Henrique da Silva. Comportamento criminoso: aspectos teóricos e evidências empíricas da análise econômica do crime. Monografia apresentada à Universidade Federal do Paraná, 2021.
RANGEL, Rodrigo; TONON, Daniel Henrique Paiva. Teoria econômica do crime e a teoria da complexidade: as bases para um ensaio sobre a natureza da corrupção no Brasil. Revista de Estudos Sociais, v. 19, n. 38, p. 1-20, 2017.
RIBEIRO, V. Polícia só esclarece 4% dos furtos por ano em São Paulo. Veja São Paulo, 6 nov. 2023. Disponível em: <https://vejasp.abril.com.br/cidades/policia-so-esclarece-4-dos-furtos-por-ano-em-sao-paulo/>. Acesso em: 13 nov. 2024.
WANDEDA, Dickson O.; MASAI, Wafula; NYANDEMO, Samuel M. Institutional quality and economic growth: evidence from Sub-Saharan Africa countries. African Journal of Economic Review (AJER), v. IX, n. IV, p. 106-125, set. 2021.