A INTERPRETAÇÃO DAS DIFERENÇAS CULTURAIS EM MONTESQUIEU E EM HUME
OS PRIMEIROS PASSOS DE UMA “CIÊNCIA DOS COSTUMES"
DOI:
https://doi.org/10.5752/P.2177-6342.2025v2n2p102-121Palavras-chave:
Montesquieu, Hume, teoria dos climas, causalidade moral, princípio da simpatiaResumo
No Espírito das leis, Montesquieu defendeu a ideia de que o clima (uma causa física) exercia influência direta sobre o corpo e a mente dos seres humanos, sendo capaz de afetar o comportamento coletivo de um povo. Os leitores religiosos de Montesquieu, especialmente o abade Jean-Baptiste Gaultier, acreditavam que essa teoria dos climas colocava em questão o livre-arbítrio. Em um ensaio intitulado Dos caráteres nacionais, David Hume rejeitou a teoria dos climas, atribuindo a variabilidade cultural ao princípio da simpatia. O presente artigo tem três objetivos: primeiramente, pretende-se analisar os argumentos utilizados por Hume para refutar a teoria dos climas; em seguida, explica-se o conceito humeano de simpatia (que não pode ser dissociado da epistemologia e da teoria das paixões do filósofo); por fim, procura-se situar a análise humeana das causas do comportamento humano (coletivo) em um contexto mais amplo: a discussão de Hume sobre a liberdade e a necessidade.
Downloads
Referências
ARBUTHNOT, J. An Essay concerning the Effects of Air on Human Bodies. Londres: Printed for J. and R. Tonson, 1733.
CHEYNE, George. English malady or, a treatise of nervous diseases of all kinds, as spleen, vapours, lowness of spirits, hypochondriacal, and hysterical distempers. London: George Strahan, 1733.
CHARDIN, Jean- Baptiste. Voyages de Mr. Le Chevalier Chardin en Perse, et autres lieux de l’Orient. Amsterdam: J. L. de Lorme, 1711.
CHIBENI, Silvio Seno. Hume e as bases científicas da tese de que não há acaso no mundo. Principia 16 (2), Florianópolis, 2012, p. 229-254.
CHIQUET, Laurent. Médicine et sciences au service des lois. Paris : Glyphe et Biotem, 2003.
DUNNING, Silas Wright. Mémoires pour l'Histoire des Sciences et des Beaux Arts «Commencés d'imprimer l'an 1701 à Trévoux, et dédiés à son Altesse Sérénissime, le Prince Souverain de Dombes».[Mémoires de Trévoux]. Paris, 19/8 Avril, 1749, Article XL, volume 2, p. 718-741. Versão digitalizada do original disponível em: http://bit.ly/2fyusAq.
GARRET, Aaron. Hume's “Original Difference”: Race, National Character and the Human Sciences. Eighteenth-Century Thought, New York: AMS Press, 2004, p.127-152.
GAULTIER, Jean-Baptiste. Suite des nouvelles ecclésiatiques. Nouvelles ecclésiastiques ou mémoires pour servir a l'histoire de la Constitution Unigenitus, 9/10/1749 e 16/10/1749, p. 161-167. Versão digitalizada do original disponível em: https://bit.ly/3AMxA3x.
HUME, David. An inquiry concerning human understanding. In: Essays and Treatises on several subjects. Vol. II. Edinburgh: James Clarke, 1809, p. 3-214.
HUME, David. Of national characters. In: Essays and Treatises on several subjects. Vol. I. London: A. Miller, 1768, p. 223-243. (versão digital do original disponível no Internet Archive: https://archive.org/details/essaysandtreati21humegoog/page/223/mode/1up?q=national).
McKENNA, Michael; COATES, D. Justin. The Stanford Encyclopedia of Philosophy, “Compatibilism”. https://plato.stanford.edu/archives/win2016/entries/compatibilism/ (consultado em 15/7/2021).
MONTESQUIEU. Oeuvres complètes. Paris: Editions du Seuil, 1964.
NORTON, Fate David; NORTON, J. Mary (Editors). In: HUME, D. A Treatise of Human Nature. Oxford: Oxford University Press, 2000.
PENELHUM, Terence. Hume’s Moral Psychology. A Cambridge companion to David Hume, Cambridge University Press, 2009 [1993], p. 238-269.
SEBASTIANI, Silvia. The Scottish Enlightenment: Race, Gender, and the Limits of Progress, Basingstoke: Palgrave Macmillan, 2013 (Traduzido do original italiano por Jeremy Carden).
TYLOR, Edward Burnett. Primitive Culture. Vol. I. London: John Murray, Albemarle Street, 1871. Disponível online em: https://bit.ly/3Gewyyd.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
TERMO DE DECLARAÇÃO:
Submeto (emos) o trabalho apresentado, texto original, à avaliação da revista Sapere Aude, e concordo (amos) que os direitos autorais a ele referentes se tornem propriedade exclusiva da Editora PUC Minas, sendo vedada qualquer reprodução total ou parcial, em qualquer outra parte ou meio de divulgação impresso ou eletrônico, sem que a necessária e prévia autorização seja solicitada por escrito e obtida junto à Editora. Declaro (amos) ainda que não existe conflito de interesse entre o tema abordado e o (s) autor (es), empresas, instituições ou indivíduos.