Chamada de Dossiê: Dissidências à matriz colonial de sexo-gênero-desejo em relações internacionais
A Revista Estudos Internacionais torna pública a chamada para o Dossiê Dissidências à matriz colonial de sexo-gênero-desejo em relações internacionais.
Enquanto vértice epistemológico, as teorizações relativas às dissidências da matriz de sexo-gênero-desejocompõem um conjunto plural de abordagens relativas a sujeites subalternizades que emergem nos séculos XX e XXI para endereçar subjetividades e afetos não normativos. Emergindo de experiências e visões de mundo cuja pluralidade transita fluidamente entre as violências, as insurgências, os desengajamentos, as utopias etc, tais perspectivas endereçam e são endereçadas por elementos múltiplos, tais quais o Estado, a família hétero/homonormativa, o capitalismo neoliberal-financeiro-produtivista, as universidades, a pluralidade interseccional de opressões.
Sendo também abordagem para as relações internacionais, tais perspectivas não podem ser dissociadas de sua própria imbricação nas relações internacionais. Desde os primeiros trabalhos hoje institucionalizados como cânone das insurgências contra-matriciais, a prevalência de perspectivas e experiências do Norte Global tem sido notável, a despeito da radicalidade e declarado ímpeto anti-institucional de abordagens como aquelas das teorizações queer. Na disciplina de Relações Internacionais, os caminhos foram semelhantes: além da pouca quantidade relativa de trabalhos e reflexões que sigam tais abordagens, tem havido uma inegável prevalência de vozes do Norte.
O que acontece, neste contexto, quando o Sul Global disside? Quais os efeitos produzidos por corpos dissidentes a partir dos espaços marginalizados deste Sul – favelas, sertões, territórios indígenas e quilombolas, cidades interioranas – quando se insurgem contra a matriz colonial de sexo-gênero-desejo, a partir de seus referenciais, experiências, problemas e repertórios? Como o saber que emerge destes muitos espaços no Sul são capazes de redimensionar, subverter ou complementar ossaberes que vêm do Norte?
Esta chamada – convocação a uma assemblagemcontra-hegemônica numa das ciências sociais ainda mais aferradas ao status quo – propõe-se não apenas como “ponto de interrogação” numa disciplina acostumada a “pontos finais”, mas também enquanto convite às desestabilizações improdutivas e anti-funcionais capazes de reunir corpos plurais, suas memórias, suas escrevivências e oralituras. Nos interessamos por trabalhos múltiplos, variando entre perspectivas estritamente teóricas e resultados de pesquisa, disciplinares e inter/transdisciplinares, abordagens clássicas relativas ao Estado até temáticas desvinculadas às problemáticas estatais.
Atenção: os autores devem submeter em nosso sistema até dia 30 de setembro um resumo expandido dos artigos.
- O prazo final para a submissão dos textos completos é até o dia 31 de janeiro.
Previsão de publicação: 2026.