Pós-política e doutrina da providência articulações político-teológicas
Conteúdo do artigo principal
Resumo
Este artigo tem por objetivo identificar as articulações teológicas entre o fenômeno da pós-política e a doutrina da providência. Buscamos responder a problemática de como a doutrina da providência fundamenta teologicamente a ideia de pós-política. Pós-política diz respeito a um fenômeno contemporâneo no qual as fronteiras entre técnica e política são reestabelecidas, de modo a imputar certa imparcialidade a gestão pública. Tal fenômeno se descreve como pós-político na medida em que tenta superar a politização da gestão pela técnica. Nossa hipótese é que a pós-política se sustenta teologicamente como uma articulação específica da doutrina da providência. Essa doutrina, fundamental ao cristianismo ocidental, normatiza o entendimento sobre a ação de Deus no mundo da seguinte forma: Deus, em sua vontade, age diretamente sobre o mundo e o ser humano, de modo que todo acontecimento é administrado por Deus conforme a sua vontade. Assim, a técnica pós-política aponta para uma manutenção da ordem divina, enquanto a política implicaria uma quebra com ela.
Downloads
Detalhes do artigo

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Submeto (emos) o presente trabalho, texto original e inédito, de minha (nossa) autoria, à avaliação de Horizonte - Revista de Estudos de Teologia e Ciências da Religião, e concordo (amos) em compartilhar esses direitos autorais a ele referentes com a Editora PUC Minas, sendo que seu “conteúdo, ou parte dele, pode ser copiado, distribuído, editado, remixado e utilizado para criar outros trabalhos, sempre dentro dos limites da legislação de direito de autor e de direitos conexos”, em qualquer meio de divulgação, impresso ou eletrônico, desde que se atribua créditos ao texto e à autoria, incluindo as referência à Horizonte. Declaro (amos) ainda que não existe conflito de interesse entre o tema abordado, o (s) autor (es) e empresas, instituições ou indivíduos.
Reconheço (Reconhecemos) ainda que Horizonte está licenciada sob uma LICENÇA CREATIVE COMMONS - ATTRIBUTION 4.0 INTERNATIONAL (CC BY 4.0):
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.
Por isso, PERMITO (PERMITIMOS), "para maximizar a disseminação da informação", que outros distribuam, remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho, mesmo para fins comerciais, desde que lhe atribuam o devido crédito pela criação original.
Referências
AGAMBEN, Giorgio. Estado de exceção. Trad. Iraci D. Poleti. São Paulo: Boitempo, 2004.
AGAMBEN, Giorgio. O reino e a glória: uma genealogia teológica da economia e do governo: homo sacer, II, 2. Trad. Selvino J. Assmann. São Paulo: Boitempo, 2011.
AGOSTINHO. De ordine. Livro digital., 2023. Disponível em: http://www.filosofia.com.br/figuras/livros_inteiros/67.txt. Acesso em: 06 out. 2023.
AGOSTINHO. O livre arbítrio. Trad. de Nair de Assis Oliveira. São Paulo: Paulus, 1995.
ALVES, Rubem. Da Esperança. Campinas, SP: Papirus, 1987.
ALVES, Rubem. O enigma da religião. Petrópolis, RJ: Vozes, 1984.
ALVES, Rubem. Religião e repressão. São Paulo: Loyola, 2005.
BARROS, Douglas F. Teologia política e o olhar disciplinar sobre o fenômeno religioso-político: estratégias de pesquisas na(s) Ciência(s) da(s) religião(ões). In: HAMMES, Erico João; GOMES, Tiago de Fraga (Org.). Religião e Teologia entre o Estado e a Política: uma abordagem interdisciplinar. Porto Alegre: Editora Fundação Fênix, 2023, p. 121-143.
‘BRASIL acima de tudo’: conheça a origem do slogan de Bolsonaro. Gazeta do povo. 24 out. 2018. Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/politica/republica/eleicoes-2018/brasil-acima-de-tudo-conheca-a-origem-do-slogan-de-bolsonaro-7r6utek3uk1axzyruk1fj9nas. Acesso em: 21 jan. 2024.
CALVINO, João. As institutas. Edição clássica. Vol. 1. Trad. de Odayr Olivetti. São Paulo: Cultura Cristã, 2019.
FERNANDES, Sabrina. Sintomas mórbidos — a encruzilhada da esquerda brasileira. Autonomia Literária: São Paulo, 2019.
FERRAZ, Lucas. Doria: o gestor que quer ser prefeito, mas nega ser político. Lupa UOL. 01 out. 2016. Disponível em: https://lupa.uol.com.br/jornalismo/2016/10/01/doria-o-gestor-que-quer-ser-prefeito-mas-diz-que-nao-quer-ser-politico. Acesso em: 04 out. 2023.
HOBBES, Thomas. Leviatã, ou, matéria, forma e poder de um estado eclesiástico e civil. Trad. de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
RANCIÈRE, Jacques. Dissensus: on politics and aesthetics. London: Continuum, 2010.
RANCIÈRE, Jacques. O desentendimento — política e filosofia. Trad. de Ângela Leite Lopes. São Paulo: Ed. 34, 1996.
RANCIÈRE, Jacques. Ódio à democracia. Trad. de Mariana Echalar. São Paulo: Boitempo, 2014.
VERDÉLIO, Andreia. Bolsonaro defende escolha de ministros por critérios técnicos. Agência Brasil. 18 ago. 2022. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2022-08/bolsonaro-defende-escolha-de-ministros-por-criterios-tecnicos. Acesso em 04 out. 2023.
ŽIŽEK, Slavoj. O sujeito incômodo: O centro ausente da ontologia política. Trad. de Luigi Barichello. São Paulo: Boitempo, 2013.