Frei Manoel Calado entre católicos e calvinistas: intolerâncias religiosas em territórios coloniais neerlandeses do século XVII (1630-1654)
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Resumo
Atuação singular no contexto da dominação neerlandesa nas capitanias açucareiras da América portuguesa foi a de Frei Manoel Calado, popularmente conhecido como Frei Manoel dos Óculos. Perseguido pelo bispo D. Pedro da Silva e Sampaio, foram os contatos do religioso com os holandeses, e não propriamente sua prática missionária, mas sobretudo, sua amizade com o governador Conde de Nassau, que levantaram as suspeitas do bispo da Bahia, ex-Inquisidor português. Investigar as tramas deste frade que é mais conhecido pelo seu papel de cronista no contexto do Brasil holandês que conseguiu escapar das malhas inquisitoriais, por meio da análise das acusações registradas nos Cadernos do Promotor da Inquisição de Lisboa é o objetivo central do presente artigo que acaba por revelar, também, o confuso modus operandi próprio do tribunal, articulado através da ação do bispo da diocese. O artigo parte de uma breve discussão historiográfica sobre a caracterização do ambiente do Brasil holandês como tempo de liberdade ou de intolerância religiosa; avança sobre a análise das fontes que apontam como o frei se tornou suspeito entre os católicos e foi perseguido entre os calvinistas; e conclui demonstrando a importância da prática missionária deste religioso para a manutenção do catolicismo na região.
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