TEOLOGIA DECOLONIAL E EPISTEMOLOGIAS DO SUL
Conteúdo do artigo principal
Resumo
A teologia não é um saber autônomo. Na busca por contextualização e pertinência, a teologia cristã se lança ao diálogo fecundo com outras áreas do conhecimento. Ao ser interpelada pelas demandas de outros saberes, a intelecção da fé se vê obrigada a repensar as suas próprias categorias com o objetivo de manter pública a sua tarefa. A teologia da libertação, por exemplo, chama esse exercício de abertura de mediação sócio-analítica (MSA), isto é, mediação necessária a uma teologia disposta a ouvir a sociedade com finalidades transformadoras e libertadoras. A MSA nos faz aceder ao texto social e discernir a situação de opressão/colonização que afetam o marginalizado ou subalternizado, que é o interlocutor e o destinatário principal não só da teologia da libertação, mas também da teologia decolonial. Desse modo, buscamos resgatar os principais eixos do pensamento decolonial por meio do Grupo Modernidade/Colonialidade/Decolonialidade (Grupo M/C/D) para, no segundo momento, oferecer algumas contribuições para uma teologia decolonial disposta a avaliar o seu próprio referencial teórico/prático a partir dos lugares fronteiriços cujas epistemologias do Sul emergem abrindo espaços para novos ambientes de enunciação da fé cristã.
Downloads
Detalhes do artigo
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attributionque permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja em Inglês O Efeito do Acesso Livre).
Referências
ALVES, Rubem. Entre a ciência e a sapiência: o dilema da educação. 10.ed. São Paulo: Loyola, 2003.
BALLESTRIN, Luciana. Para transcender a colonialidade. IHU Online. Edição 431, 4 nov. 2013a.
______. América Latina e o giro decolonial. Revista Brasileira de Ciência Política, nº11. Brasília, maio-agosto, 2013b.
BHABHA, Homi. O local da cultura. 2.ed. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2013.
BOFF, Clodovis. Teoria do método teológico. 3.ed. Petrópolis: Vozes, 1998.
CASTRO-GÓMEZ, Santiago. Ciências sociais, violência epistêmica e o problema da “invenção do outro”. In: A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales, 2005.
CHARDIN, Teilhard de. O fenômeno humano. São Paulo: Cultrix, 2006.
CONE, James. Teología negra de la liberación. Ed. Carlos Lohlé: Buenos Aires, 1973.
COUTO, Mia. Repensar o pensamento, redesenhando fronteiras. In: MACHADO, Cassiano Elek (Org.). Pensar a cultura. Porto Alegre: Arquipélago Editorial, 2013.
CUNHA, Carlos. Paul Tillich e a teologia pública no Brasil: o contributo do método da correlação de Paul Tillich à epistemologia da teologia pública no Brasil no contexto do pensamento complexo e transdisciplinar. São Paulo: Garimpo Editorial, 2016.
______. Provocações decoloniais à teologia cristã. São Paulo: Ed. Terceira Via, 2017.
DUSSEL, Enrique. Método para uma filosofia da libertação: superação analética da dialética hegeliana. São Paulo: Loyola, 1986.
______. Transmodernidad e interculturalidad: Interpretación desde la Filosofía de la Liberación. Disponível em: <http://enriquedussel.com/txt/TRANSMODERNIDAD%20e%20interculturalidad.pdf>. Acesso em 6 de jul. de 2018.
______. World-System and Transmodernity. Nepantla: Views from South (Duke, Durham), Vol. 3, Issue 2, 2002.
FORNET-BETANCOURT, Raúl. La interculturalidad a prueba. Disponível em: <http://www.uca.edu.sv/filosofia/admin/files/1210106845.pdf>. Acesso em 19 de jul. de 2018.
GIDDENS, Anthony. As consequências da modernidade. São Paulo: Ed. Unesp, 1991.
GUTIÉRREZ, Gustavo. Teologia da libertação: perspectivas. São Paulo: Loyola, 2000.
LIBANIO, João Batista. Teologia da libertação: roteiro didático para um estudo. São Paulo: Loyola, 1987.
MALDONADO-TORRES, Nelson. The topology of being and the geopolitics of knowledge: modernity, empire and coloniality. In City, Vol. 8, nº. 1, pp. 29-56. 2004.
______. Sobre la colonialidad del ser: contribuciones al desarrollo de um concepto. Disponível em: <http://www.ram-wan.net/restrepo/decolonial/17-maldonado-colonialidad%20del%20ser.pdf>. Acesso em 29 de jun. de 2018.
MARTINS, José de Souza. Fronteira: a degradação do outro nos confins do humano. 2.ed. São Paulo: Contexto, 2012.
MIGNOLO, Walter. Decolonialidade como o caminho para a cooperação. IHU Online. Edição 431, nov. 2013. Disponível em: <http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php>. Acesso em: 4 de jul. 2018.
______. Delinking. The rethoric of modernity, the logic of coloniality and the grammar of de-coloniality. In: Cultural studies, n. 21, vols 2 e 3. Routledge. 2007.
______. Desobediência epistêmica: a opção descolonial e o significado de identidade em política. Cadernos de Letras da UFF – Dossiê: literatura, língua e identidade, nº 34, 2008.
______. Desobediencia epistémica: retórica de la modernidad, lógica de la colonialidad y gramática de la descolonialidad. Buenos Aires: Ediciones del Signio, 2010.
______. Habitar la frontera: sentir y pensar la descolonialidad. Barcelona: Edicions Bellaterra, 2015.
______. Histórias locais/Projetos globais: colonialidade, saberes subalternos e pensamento liminar. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2003.
______. La idea de América Latina. La herida colonial y la opción decolonial. Barcelona: Gedisa, 2007.
______; SOUZA, Júlio Roberto de. A modernidade é de fato universal? Reemergência, desocidentalização e opção decolonial. In: Revista Civitas, Porto Alegre, v. 15, n. 3, jul.-set. 2015.
______; TLOSTANOVA, Madina. Learning to Unlearn: Decolonial Reflections from Eurasia and the Americas. Ohio State University Press, 2012.
MOJICA, Dairo Andrés Sánchez. Reseña de “El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global” de Santiago Castro-Gómez y Ramón Grosfoguel (Eds.) Nómadas (Col), núm. 27, octubre, 2007.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidad del poder y clasificación social. Buenos Aires: CLASO, 2014.
______. Colonialidad y modernidad-racionalidad. In: PALERMO, Zulma; QUINTERO, Pablo (Coord.). Aníbal Quijano: textos de fundación. Buenos Aires: Editorial: Ediciones del Signo, 2016.
______. Colonialidade do poder, Eurocentrismo e América Latina. Buenos Aires: CLASO, 2005.
______. La americanidad como concepto o América en el mundo moderno-colonial In: PALERMO, Zulma; QUINTERO, Pablo (Coord.). Aníbal Quijano: textos de fundación. Buenos Aires: Editorial: Ediciones del Signo, 2016.
RESENDE, Ana Catarina Zema de. Direitos e Autonomia Indígena no Brasil (1960 – 2010): uma análise histórica à luz da teoria do sistema-mundo e do pensamento decolonial. (tese). Brasília: UnB, 2014.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. 7.ed. Porto: Edições Afrontamento, 1999.
______. Se Deus fosse um ativista dos direitos humanos. 2.ed. São Paulo: Cortez, 2014.
______; MENESES, Maria Paula (Orgs.). Epistemologias do sul. São Paulo: Cortez, 2010.
SEGUNDO, Juan Luis. Libertação da teologia. São Paulo: Ed. Loyola, 1978.
TAMAYO, Juan José. Teologías del Sur: el giro descolonizador. Madrid: Editorial Trotta, 2017.
WALSH, Catherine. Interculturalidad, Estado, Sociedad: Luchas (de)coloniales de nuestra época. Universidad Andina Simón Bolivar, Ediciones Abya-Yala, Quito, 2009.