“AVE MARIA CHEIA DE FACES” sobre a emergência do espiritual em meio ao retorno do religioso na contemporaneidade
Conteúdo do artigo principal
Resumo
É certo que a modernidade trouxe para o Ocidente o processo de secularização e a consequente diminuição do poder social da religião. Contudo, não se pode negar que se tem observado na contemporaneidade, fenômenos que indicam, segundo vários analistas, um “retorno do religioso”. Este artigo propõe a leitura interpretativa do enredo “Ave Maria cheia de faces”, apresentado no desfile da Escola de Samba Águia de Ouro no carnaval de 2016, no sambódromo do Anhembi em São Paulo. Nossa hipótese é que essa apresentação artística representa a emergência do religioso na contemporaneidade, no entanto, por suscitar movimentos espirituais mais densos e profundos, pode ser identificada como um fenômeno que indica o retorno do espiritual. Usamos neste trabalho o método teórico, elegendo como interlocutor privilegiado o teólogo mexicano Carlos Mendoza-Álvarez, em sua obra O Deus escondido da pós-modernidade, que trata de entender a religião na pós-modernidade em diálogo com a filosofia, focando principalmente os autores que trabalham com a desconstrução. Este artigo é, portanto, uma leitura teológica dessa apresentação artística, buscando identificar elementos de uma espiritualidade profunda presente no paradoxal cenário contemporâneo.
Downloads
Detalhes do artigo
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attributionque permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja em Inglês O Efeito do Acesso Livre).
Referências
ÁGUIA DE OURO – Íntegra do desfile de 05/02/2016. http://globoplay.globo.com/v/4792264/#. Acessado: 20/02/2016.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, Ed., 2001.
BOFF, Leonardo. O rosto materno de Deus. Ensaio sobre o feminino e suas formas religiosas. Petrópolis, RJ: Vozes, 1979.
CALVANI, Carlos Eduardo B.. Teologia e MPB. São Paulo: UMESP/Loyola, 1998.
DOMEZI, Maria Cecília. A devoção nas CEBs: Entre o Catolicismo Tradicional Popular e a Teologia da Libertação. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2006. (Tese de doutorado).
ELIADE. Tratado de História das Religiões. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
FORTE, Bruno. Maria, a mulher ícone do mistério. São Paulo: Edições Paulinas, 1991.
HESÍODO. Teogonia. São Paulo: Editora Iluminuras, 1995.
LYOTARD, Jean-François. A condição pós-moderna. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 2015.
LIPOVETSKY, Gilles. A felicidade paradoxal. São Paulo, Companhia das Letras, 2007.
SUASSUNA, Ariano. Auto da Compadecida. Rio de Janeiro: Agir, 2005.
G1, Águia de Ouro vai falar de Maria, fé e maternidade no carnaval de SP
http://g1.globo.com/sao-paulo/carnaval/2016/noticia/2016/01/aguia-de-ouro-vai-falar-de-maria-fe-e-maternidade-no-carnaval-de-sp.html, 26/01/2016. Acessado: 24/02/2016.