“A LIBERDADE DENTRO DA FÉ” Cristianismo, poesia e contemporaneidade em Murilo Mendes
Contenido principal del artículo
Resumen
Murilo Mendes se sobressai como um dos mais inventivos poetas brasileiros contemporâneos de matriz modernista. Por isso, causou estranheza a publicação de “Tempo e Eternidade” (1935), sob o lema “Restauremos a poesia em Cristo”, cuja impostação aparentemente reativa sugere haver o poeta renegado sua condição moderna e, ao menos, restringido a vocação artística. Não obstante, tal viragem estético-existencial intensifica características estilísticas e abre outras zonas de sensibilidade e horizontes temáticos em sua poesia, operando uma transfiguração simbólica que nem lhe desfibra o élan criador, nem doma sua insubmissa virulência. A “restauração” da poesia “em Cristo” não capitula a liberdade criadora do poeta a uma férrea ordem metafísica prévia, mas propicia-lhe o encontro com uma inaudita potência redentora de sentido que lhe dá novos e definitivos motivos para cantar. Ao conciliar liberdade e fé, criação e reverência e, por extensão, homem e Deus, tempo e eternidade etc., convertendo a suposta contradição em tenso e fecundo contraste, a poesia de Murilo Mendes descortina uma promissora perspectiva de leitura do mistério cristão que aqui denominamos transmoderna, a qual, sem ser anti-moderna ou “reacionária” – por assumir a aventura da liberdade na vertigem dos tempos atuais –, vai além do paradigma moderno, ao retirar o sujeito de sua esterilizante auto-suficiência e abri-lo a um permanente diálogo com a transcendência.Tal chave hermenêutica é demonstrada a partir de uma abordagem das principais fases e obras do autor.
Descargas
Detalles del artículo
Los autores que publican en esta revista están de acuerdo con los siguientes términos:
- Los autores conservan los derechos de autor y conceden a la revista el derecho de primera publicación, con la obra licenciada simultáneamente en virtud de la Licença Creative Commons Attributionque permite compartir el trabajo con el reconocimiento de la autoría y la publicación inicial en esta revista.
- Se permite a los autores asumir contratos adicionales por separado, para la distribución no exclusiva de la versión de la obra publicada en esta revista (por ejemplo, para publicarla en un depósito institucional o como capítulo de un libro), con reconocimiento de la autoría y la publicación inicial en esta revista.
- Se permite y alienta a los autores a que publiquen y distribuyan su trabajo en línea (por ejemplo, en repositorios institucionales o en su página personal) en cualquier momento antes o durante el proceso editorial, ya que esto puede generar cambios productivos, así como aumentar el impacto y la citación del trabajo publicado (véase en inglés El efecto del acceso abierto).
Citas
REFERÊNCIAS:
ARAÚJO, Laís Corrêa de. Murilo Mendes – Ensaio Crítico Antologia Correspondência. São Paulo: Ed. Perspectiva, 2000.
BARBOSA, Leila Maria Fonseca e RODRIGUES, Maria Timponi Pereira. Ismael Nery e Murilo Mendes: Reflexos. Juiz de Fora-MG: UFJF/MAMM, 2009.
BÍBLIA SAGRADA. São Paulo: Ed. Ave-Maria, 2002.
GIDDENS, Anthony. Consequências da Modernidade. São Paulo: Ed. UNESP, 1991.
GUIMARÃES, Júlio Castañon. Murilo Mendes. Rio de Janeiro: Ed. Brasiliense, 1986.
HEIDEGGER, Martin. Carta sobre o Humanismo. OS PENSADORES. São Paulo: Ed. Abril Cultural, 1973.
_________________. A Origem da Obra de Arte. Lisboa: Edições 70, s/d.
LEVINAS, Emmanuel. Totalidade e Infinito. Lisboa: Edições 70, s/d.
LIMA, Alceu Amoroso. Memórias Improvisadas. Petrópolis-RJ: Ed. Vozes, 2000.
MENDES, Murilo. Poesia Completa e Prosa. Rio de Janeiro: Ed. Nova Aguilar, 1994.
______________. Recordações de Ismael Nery. São Paulo: EDUSP, 1996.
PESSOA, Fernando. “Ficções do Interlúdio”. In Obra Poética. Rio de Janeiro: Editora José Aguilar, 1960.
RICOEUR, Paul. História e Verdade. Rio de Janeiro: Companhia Editora Forense, 1968.
VELOSO, Caetano. Álbum “Bicho”: Phillips, Rio de Janeiro, 1977.