E quando o aluno não fala a língua do professor?
contribuições de um estudo de caso
DOI:
https://doi.org/10.5752/P.2358-3428.2023v27n60p312-347Palavras-chave:
Multilinguísmo, gestão de línguas na escola, acolhimento em línguas, políticas de ensinoResumo
Foz do Iguaçu, cidade brasileira situada na Tríplice Fronteira com Paraguai e Argentina, recebe alunos de várias nacionalidades, línguas e culturas. A multiplicidade linguístico-cultural, celebrada na sociedade pela ótica da diversidade, na escola apresenta-se conflituosa, principalmente quando se trata de alunos migrantes ou descendentes que não falam português. Assim, a questão de pesquisa que emergiu desse contexto foi: “Como se dá o atendimento educacional ofertado aos alunos que não possuem proficiência na língua portuguesa nas escolas municipais de Foz do Iguaçu?”. Delimitou-se o objeto de pesquisa por meio do objetivo: “Pesquisar e descrever o atendimento educacional fornecido a uma aluna migrante de língua árabe na rede pública de ensino de Foz do Iguaçu”. Partindo de uma pesquisa qualitativa, de natureza exploratório-descritiva, o estudo de caso proposto analisou os dados gerados por meio de entrevistas semiestruturadas com os profissionais que atuam em uma escola iguaçuense e de registros de observações participantes efetivadas em diário de campo. Os resultados obtidos demonstraram que as políticas de ensino para lidar com o multilinguismo ainda são incipientes no município de Foz do Iguaçu e a gestão de línguas nas escolas fica sob a responsabilidade isolada de cada professor, sem uma política institucional ou conjunta.
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