Formação continuada de professores e mensuração educacional:
inovação na educação bilíngue de elite
DOI:
https://doi.org/10.5752/P.2358-3428.2023v27n60p101-131Palavras-chave:
mensuração educacional, formação de professores bilíngues, boa educação, inovação, autoetnografiaResumo
O objetivo deste artigo é analisar como a mensuração educacional de um sistema de ensino bilíngue afeta a formação continuada de professores bilíngues com base em eventos do meu cotidiano de trabalho enquanto formadora de professores, atuando em escolas privadas no interior do estado de São Paulo, vinculada a um sistema de ensino, em um contexto chamado “bilíngue de elite” (CAVALCANTI, 1999). A discussão, recorte de uma pesquisa autoetnográfica (ADAMS, HOLMAN JONES & ELLIS, 2022) de doutorado, parte de registros em diário de campo e eventos relacionados à mensuração educacional do sistema de ensino que deram corpo à análise. Como dispositivo teórico-analítico, os preceitos autoetnográficos de Chang (2016) foram observados, bem como o conceito de boa educação (BIESTA, 2012), inovação e constelação de práticas sociais inter-relacionadas (SIGNORINI, 2007). Os resultados indicam que os sistemas de ensino bilíngue se expandem baseados no discurso de que “não se aprende a falar inglês na escola” e, nesse compasso, na ideia de que “os professores não sabem dar aulas”. Ainda, a mensuração educacional no sistema de educação bilíngue valoriza dados que medem o que é possível medir, e não o que é desejável em termos de boa educação. Assim, a existência de sistemas bilíngues de ensino e também a orientação a partir da mensuração educacional que os sistemas realizam esvazia o potencial caráter crítico da formação continuada de professores bilíngues, e se torna um espaço de confronto entre as expectativas de diferentes agentes institucionais envolvidos nessa estrutura.
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