Dialogicidade formal como possibilidade para a liberdade da palavra em práticas de justiça

Autores/as

  • Ana Beatriz Ferreira Dias Professora Adjunta I no Curso de Graduação em Letras: Português e Espanhol – Licenciatura, da Universidade Federal da Fronteira Sul/Campus Cerro Largo.
  • Valdemir Miotello Professor Associado III no Departamento de Letras, da Universidade Federal de São Carlos.

DOI:

https://doi.org/10.5752/P.2358-3428.2015v19n36p387

Palabras clave:

Interação verbal, Dialogicidade formal, Liberdade da palavra,

Resumen

Neste trabalho, analisamos elementos estruturais da comunicação ideal entre vítimas, ofensores e suas comunidades de apoio propostos pela justiça restaurativa, uma abordagem bastante recente no Brasil que vem crescendo significativamente na última década. Ao eleger o diálogo entre os sujeitos como fundamental para a resolução e prevenção de situações de violência, o movimento restaurativo surge como uma resposta contrária ao atual modelo retributivo de justiça, altamente punitivo, abstrato e monológico, vigente há séculos. Instigados com as orientações do movimento restaurativo acerca da comunicação face a face entre os sujeitos mais diretamente envolvidos no dano, problematizamos a possibilidade da liberdade da palavra em práticas restaurativas. Para tanto, buscamos compreender as orientações para a realização de uma prática de justiça restaurativa intitulada “Círculo Restaurativo”. Analisamos materiais didáticos voltados à formação de coordenadores de Círculos Restaurativos propostos pelo Programa Justiça para o Século 21, por meio de sua Central de Práticas Restaurativas do Juizado Regional da Infância e da Juventude de Porto Alegre (RS). Este trabalho de compreensão se dá fundamentado teórica e metodologicamente nos estudos bakhtinianos. Mobilizando, sobretudo, o conceito de dialogicidade formal, consideramos que o Círculo Restaurativo oferece condições técnicas que podem levar à emergência de várias vozes no processo de justiça, contribuindo com uma maior liberdade da palavra em instâncias judiciárias.

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Biografía del autor/a

Ana Beatriz Ferreira Dias, Professora Adjunta I no Curso de Graduação em Letras: Português e Espanhol – Licenciatura, da Universidade Federal da Fronteira Sul/Campus Cerro Largo.

Graduada em Letras – Português e Literaturas da Língua Portuguesa (Universidade Federal de Santa Maria - UFSM), Mestre em Estudos Linguísticos (UFSM), Doutora em Linguística (Universidade Federal de São Carlos - UFSCar). Professora Adjunta I no Curso de Graduação em Letras: Português e Espanhol – Licenciatura, da Universidade Federal da Fronteira Sul(UFFS/Campus Cerro Largo).

Valdemir Miotello, Professor Associado III no Departamento de Letras, da Universidade Federal de São Carlos.

Graduado em Filosofia (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS), Mestre e Doutor em Linguística (Universidade Estadual de Campinas- UNICAMP). Professor Associado III no Departamento de Letras, da Universidade Federal de São Carlos.

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Publicado

2016-01-28

Cómo citar

DIAS, Ana Beatriz Ferreira; MIOTELLO, Valdemir. Dialogicidade formal como possibilidade para a liberdade da palavra em práticas de justiça. Scripta, Belo Horizonte, v. 19, n. 36, p. 387–408, 2016. DOI: 10.5752/P.2358-3428.2015v19n36p387. Disponível em: https://periodicos.pucminas.br/scripta/article/view/P.2358-3428.2015v19n36p387. Acesso em: 9 sep. 2025.

Número

Sección

Dossiê interação, formação e ação profissional