Virgílio de Lemos e sua antropofagia delirante: estética e vertigem na lírica moçambicana
DOI :
https://doi.org/10.5752/P.2358-3428.2021v25n55p457-486Mots-clés :
Virgílio de Lemos, Antropofagia, Modernismo, Poesia moçambicana, ResistênciaRésumé
Resumo: Este artigo propõe uma análise sobre diversas formas de antropofagia na lírica do poeta moçambicano Virgílio de Lemos, ortônimo, e de seus heterônimos, principalmente as feições que ecoam na voz do heterônimo Duarte Galvão, arauto da Revista Msaho (1952). Em sua proposta de “antropofagia delirante”, Virgílio de Lemos transita pelos movimentos das Vanguardas Europeias – especialmente, pelo Surrealismo, Cubismo e Dadaísmo –; pelas Vanguardas Latino-Americanas, pelo Modernismo Brasileiro, incorporando tais propostas, elaborando-as, para conceber sua voz inaugural no cenário dessa colônia portuguesa. A “antropofagia delirante” de Virgílio de Lemos propõe novos vieses para a lírica moçambicana. Esta atitude estética revela transgressão em relação ao modelo literário predominante em Moçambique, fortalecendo uma atitude estética que ecoa subversão e resistência à repressão colonialista.
Palavras-chave: Virgílio de Lemos, antropofagia, modernismo, poesia moçambicana, resistência.
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