A Nova Rota da Seda e o dilema de Xinjiang
Resumo
Para além da já reconhecida relevância da Nova Rota da Seda, ou Iniciativa do Cinturão e Rota (Belt and Road Initiative - BRI), para a estratégia de inserção internacional da China, sua plena implementação também dialoga incisivamente com a continuidade do processo de unificação e reorganização nacional do país. Analisando as questões pertinentes à região de Xinjiang, o presente artigo sustenta a noção de que a Nova Rota da Seda interage diretamente com o imperativo e os esforços securitários nacionais de estabilização das fronteiras e de diluição das ameaças separatistas, ao promover a continentalização do desenvolvimento chinês. Além do mais, é possível argumentar que essa região representa um enlace territorial do processo de integração eurasiática liderado pela China. O artigo se divide em três partes: primeiro, apresentamos os principais vetores da ascensão e implementação da Nova Rota da Seda; em seguida, abordamos o histórico das tensões entre o processo de reconstrução nacional chinesa e os movimentos separatistas de Xinjiang; por fim, analisamos como a Nova Rota da Seda interage com as estratégias de contenção aos movimentos separatistas e terroristas da região.
Downloads
Referências
ARRIGHI, Giovanni. Adam Smith em Pequim: origens e fundamentos do século XXI.São Paulo: Boitempo, 2008.
BANDEIRA, Luiz Alberto Moniz. A Segunda Guerra Fria. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013.
BANDEIRA, Luiz Alberto Moniz. A desordem mundial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2016.
BERLIE, Jean. Xinjiang and Central Asia’s Pivot of History for the Belt and Road Initiative. BERLIE, Jean (edited). China’s Globalization and the Belt and Road. Switzerland: Palgrave Macmillan, 2020, pp. 41-56.
BRUGIER, Camille. China’s way: the New Silk Road. Paris: European Union for Security Studies, 2014.
CARRIÇO, M.A.G. Uma “pérola” perto de um mar de petróleo: a importância do porto de Gwadar para a China. Revista Militar, 2007. Disponível em:
CENTRAL ASIA. Xinjiang PRC markets and trading partners. Central Asia, 2017. Disponível em:
CHEN, Xiangming; MARDEUSZ, Julia. China and Europe: reconnecting across a New Silk Road. The European Financial Review, 10 fev. 2015. Disponível em:
CHINA. Vision and actions on jointly building Silk Road Economic Belt and 21st-Century Maritime Silk Road. 2015. Disponível em:
CHINA-BRITAIN BUSINESS COUNCIL – CBBC. One belt one road: a role for UK companies in developing China’s new initiative, new opportunities in China and beyond. Londres, 2016. Disponível em:
CLARKE, Michael. Beijing’s March West: opportunities and challenges for China’s Eurasian pivot. Orbis, v. 60, n. 2, pp. 296-313, 2016.
COCKBURN, Patrick. A origem do Estado Islâmico. São Paulo: Autonomia Literária, 2015.
DILLON, Michael. Death on the Silk Route: violence in Xinjiang. BBC News, Londres, 2011. Disponível em:
ELMER, Franziska. Tibet and Xinjiang: Their fourfold value to China. Culture Mandala: The Bulletin of the Centre for East-West Cultural and Economic Studies, v. 9, n. 2, p. 1-14, Set./Dez. 2011.
FALLON, Theresa. The New Silk Road: Xi Jinping’s grand strategy for Eurasia. American Foreign Policy Interests, v. 37, p.140–147, 2015.
FEVRIER, Vincent. Security in Xinjiang Province and the threat of ISIS attacks in China. Newton Aycliffe: Global Intelligence, 2017.
FULLER, Graham; STARR, Frederick. The Xinjiang Problem. Mariland: The Johns Hopkins University, 2003.
HAYES, Anna. The Silk Road revisited? Locating Xinjiang in the China Dream. Peer-reviewed Conference Paper East Asia Security Symposium and Conference, Beijing, 2015. Disponível em:
HAO, Yufan; LIU, Weihua. Xinjiang: increasing pain in the heart of China's borderland. Journal of Contemporary China. 21:74, p. 205-225, 2012.
HEGEL, G. W. F. Filosofia da História. Brasília: UnB, 1999.
LIANGQI, Lin. The strength of democracy: how will the CPC march ahead. Beijing: China Intercontinental Press, 2012.
LOSURDO, Domenico. Um mundo sem guerras. São Paulo: UNESP, 2018.
LOSURDO, Domenico. A não violência: uma história fora do mito. Rio de Janeiro: Revan, 2012.
MA, Alexander. This map shows a trillion-dollar reason why China is oppressing more than a million Muslims. Business Insider, 23 fev. 2019. Disponível em:
MEDEIROS, Carlos. China: entre os séculos XX e XXI. In: FIORI, José Luís (Org.). Estados e moedas no desenvolvimento das nações. Petrópolis: Vozes, 1999.p. 379-411.
MERCATOR INSTITUTE FOR CHINA STUDIES. Mapping the Belt and Road initiative: this is where we stand. Mercator Institute for China Studies, 07 jun. 2018. Disponível em:
MILLWARD, James. Eurasian crossroads: a history of Xinjiang. New York: Columbia University Press, 2007.
MAULDIN, John. The Geopolitics of China. 2008. Disponível em:
PAUTASSO, Diego. A geografia do desenvolvimento da Ásia-Pacífico: as particularidades do caso chinês. Boletim Gaúcho de Geografia, v. 34, p. 37-56, 2009.
PAUTASSO, Diego. UNGARETTI, Carlos. A Nova Rota da Seda e a recriação do sistema sinocêntrico. Estudos Internacionais. v. 4, p. 25-44, 2017.
PINTO, Eduardo. O eixo sino-americano e as transformações do sistema mundial: tensões e complementaridades comerciais, produtivas e financeiras. In: LEÃO, Rodrigo; PINTO, Eduardo; ACIOLY, Luciana (Org.). A China na nova configuração global. Brasília: Ipea, 2011.
RASHID, Ahmed. Jihad. São Paulo: Cosac&Naify, 2003.
REED, J. T.; RASCHKE, D. The ETIM: China’s islamic militants and the global terrorist threat. Santa Barbara: Praeger, 2010.
TEDESCHI, Aline. Os Uigures em Xinjiang: autodeterminação ou terrorismo?. São Paulo: NEAI/IPRI/UNESP, 2015.
UNITED STATES. Terrorists organizations. Department of State. Office of the Coordinator for Counterterrorism, 2007. Disponível em:
VISENTINI, Paulo Fagundes. Relações diplomáticas da Ásia. Belo Horizonte. Fino Traço, 2011.
VISENTINI, Paulo Fagundes. Ásia no Sistema Internacional: o primado neowestfaliano e as bases da multipolaridade. In: Encontro Nacional de Estudos Estratégicos, 2007, Brasília/DF. Anais. Brasília, DF: Presidência da República, Gabinete de Segurança Institucional, 2008.
WANG, Xinlin. Ideias e políticas para o desenvolvimento econômico do transporte de Xinjiang no contexto do Um Cinturão Uma Rota. Technology and Economic Guide, v. 28, n. 16, p. 172-173, 2020.
WEIHUA, Mao; JIA, Cui. Xinjiang to invest huge amount for highway network. China Daily, 2017. Disponível em:
YAN, Hailong. The Silk Road Economic Belt, New Opportunities for the Opening-up and Development of Xinjiang. Economy and Management Publishing House, Beijing, 2016.
YIWEI, Wang. The Belt and Road Initiative: what will China offer the world in its rise. Beijing: New World Press, 2016.
YIWEI, Wang. China’s “New Silk Road”: a case study in EU-China relations. In: AMIGHINI, Alessia; BERKOFSKY, Axel (Ed.). ISPI Report Xi’s Policy Gambles: the Bumpy Road ahead. Milano: ISPI, 2015, p. 93-109.
ZHANG, Shaoying; MCGHEE, Derek. Social Policies and Ethnic Conflict in China. New York: Palgrave Macmillan, 2014.
Copyright (c) 2022 Estudos Internacionais: revista de relações internacionais da PUC Minas

This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2.Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3.Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).