Ativismo digital evangélico e contrassecularização na eleição de Jair Bolsonaro
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Resumo
A emergência das redes digitais consolida um novo tipo de ativismo religioso no contexto brasileiro que potencializa a chamada onda conservadora. Trata-se de novas dinâmicas que colaboram para a saturação da fronteira entre as esferas do religioso e da política, característica-chave do ideal clássico de secularização. Este artigo aborda o papel do ativismo evangélico conservador digital na eleição presidencial de 2018, marcada pelo engajamento aberto de igrejas e líderes religiosos na disputa eleitoral, mobilizando suas redes de fiéis, sobretudo em torno de uma pauta moral e de costumes. A pesquisa se baseia na conjunção do uso de dados disponíveis extraídos de fontes secundárias e o estudo exploratório nas redes com base em uma amostra não-probabilística obtida por meio de procedimentos de amostragem intencional. Observou-se que o engajamento evangélico eleitoral nas redes é o resultado da consolidação de movimentos conservadores de contra-secularização. Em um contexto de pluralismo, as redes digitais permitem, paradoxalmente, além de uma tomada de palavra e visibilidade de uma série de minorais, uma reação a esses avanços progressistas, com impacto direto na vitória de Jair Bolsonaro.
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