O Orí, a saúde e as doenças dos(as) filhos(as) de santo
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Resumo
As religiosidades de matriz africana tem um importante papel na condução das práticas de saúde de seus devotos a partir de uma visão integral do corpo da pessoa que considera o ser humano em suas diferentes esferas, a espiritual, a social, a mental e a biológica. No candomblé, a cabeça, denominada de Orí, é entendida como a sede da individualidade do sujeito, possui um conteúdo espiritual, tem status de divindade, e guia os filhos e filhas de santo em sua jornada no Ayê. Se enfraquecida, ela pode trazer enfermidades, o que exige uma série de procedimentos rituais para o fortalecimento de Orí, como o bori, que se traduz no ritual de dar comida e bebida à cabeça, essencial para o restabelecimento da saúde espiritual ou física. A partir desse contexto, a pesquisa buscou compreender a importância de Orí para o processo saúde-doença de pessoas filiadas ao candomblé, entrevistando sujeitos de diferentes terreiros. Os resultados apontam para a capacidade de Orí em fortalecer o caráter das pessoas, seus valores e atitudes positivas diante da vida, como sendo fundamental para se fazer boas escolhas em prol da saúde, e evitar as enfermidades. Ter uma cabeça boa é ter uma saúde boa.
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